A Petrobras apresentou lucro de R$ 25,8 bilhões no ano passado, após um quadriênio inteiro de prejuízo a partir de 2014 —quando a Operação Lava Jatoexpôs a corrupção que infestava a empresa.
Longe de ser um evento isolado, o resultado constitui fruto de um longo e penoso esforço de saneamento, financeiro e de gestão.
Um feito importante de 2018 foi o fechamento de um acordo extrajudicial de cerca de R$ 3,5 bilhões com autoridades americanas, que em grande medida eliminou novos riscos financeiros oriundos dos desvios detectados na petroleira.
Além de reforçar os diques contra intervenções políticas, a reestruturação da estatal, que prossegue sob a nova direção, tem como principais objetivos a redução das dívidas que chegaram a ameaçar sua sobrevivência, maior foco nos investimentos e restauração da excelência operacional.
Em todas essas frentes, os resultados são positivos. No ano passado, a dívida líquida (descontado o dinheiro em caixa) caiu 9%, para R$ 268,8 bilhões, equivalentes a 2,34 vezes o resultado obtido com as operações. A cifra bate a meta estipulada para o ano (2,5) e representa menos da metade do patamar atingido no auge da crise.
Pretende-se continuar cortando o endividamento até níveis mais próximos dos observados em empresas comparáveis, em torno de 1,5. Para tanto, a venda de ativos e negócios não centrais para a empresa terá um papel fundamental.
Em 2018 obtiveram-se R$ 6,1 bilhões dessa maneira, e o foco principal adiante é a redução da participação no refino, hoje de 98%.
Quanto aos investimentos, a orientação dos últimos anos se mostra racional ao privilegiar aportes em exploração, sobretudo nas áreas do pré-sal cujo aproveitamento cresce de maneira acelerada.
Embora a produção total de óleo e gás tenha caído 5% em 2018, para 2,63 bilhões de barris, a petroleira reafirmou a meta de crescimento anual de 5% até 2023.
Nesse sentido, virá em boa hora a revisão do contrato com o Tesouro Nacional pelo qual a estatal obteve, em 2010, o direito de produção de 5 bilhões de barris do pré-sal.
Um acordo pode ser fechado em breve e resultar em novos recursos para a empresa, que tenciona usá-los para participar do leilão dos excedentes nessas áreas —marcado para outubro e com expectativa de ganhos de pelo menos R$ 100 bilhões para a União.
Tudo sugere, assim, que a Petrobras se encontra no caminho correto —embora seus números ainda estejam aquém do desejável— e será capaz de colher os frutos de sua reconhecida capacidade técnica. Que as novas perspectivas positivas não levem ao esquecimento dos desastres recentes.
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