Um sujeito chamado Jerry Merryman morreu no dia 27 último em Dallas, Texas. Tinha 86 anos. Estava hospitalizado por complicações de uma cirurgia. Não houve comoção pela notícia. As Bolsas também não oscilaram. E mesmo os jornais americanos deram o seu obituário com atraso. Pelo visto, ele não era muito importante.
Mas, como diria o dicionarista Antonio Houaiss, discrepo. Jerry Merryman, até sem querer, pode ter dividido a história em antes e depois. Ele inventou a calculadora de bolso. Em 1965, uma empresa do Texas consultou-o sobre a possibilidade de uma calculadora que se levasse no bolso, como um maço de cigarros. As que existiam eram de mesa, pesadas, compostas de um motor, um rolo de papel e uma manivela, tudo isso para somar 2 + 2. Atiradas na cabeça de alguém, podiam matar.
Merryman pensou e, em três noites, desenhou os circuitos fundamentais. Dali a cinco anos, a empresa soltou no mercado a calculadora de bolso. Era um aparelho pequeno, mas esperto. Somava, diminuía, multiplicava, dividia e ainda imprimia o resultado num papelucho. Foi um sucesso e, um dia, todo mundo, até eu, possuiu aquele treco. Mas havia um limite para a sua função —exceto o dono do armazém, ninguém passava o dia fazendo contas. Apesar de sua utilidade, a calculadora de bolso, na prática, só aposentou o lápis atrás da orelha.
Então, nos anos 70, alguém chamado Martin Cooper adaptou a ideia para um telefone que também se pudesse levar no bolso. Nasceu o celular. Mas mesmo este era limitado —quem queria passar o dia todo telefonando? Foi daí que este celular aprendeu a servir de câmera, relógio, rádio, TV, banca de jornal, arquivo, biblioteca, termômetro, periscópio, bússola, radar, antena e até de calculadora. Tornou-se o iPhone —um computador de bolso.
Sem Jerry Merryman, ele não existiria. Merryman foi o primeiro a pôr o mundo no bolso.
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