POR RITA LISAUSKAS
15/03/2019, 13h47
Anote: quase nunca a culpa é da mãe
Não tem um dia que nós, mães, não nos sintamos culpadas por algo em relação aos nossos filhos. E esse sentimento chega cedo, quando não conseguimos ‘desacelerar’ durante a gravidez, encontramos dificuldade em amamentá-los, decidimos colocá-los na creche para voltar ao trabalho, deixamos que comam porcarias porque não sobrou tempo para cozinhar nada saudável, ficamos presas no trânsito e não conseguimos buscá-los na escola no horário ou sermos tão presentes o quanto gostaríamos. A lista é extensa. Mas sentir culpa, algo que parece inerente à maternidade, não significa que realmente tenhamos culpa quando algo sai do script que traçamos inconscientemente para a vida dos nossos filhos – e talvez poucas de nós saibamos disso.
‘A senhora se sente culpada de alguma forma?’, pergunta o repórter à mãe de um dos atiradores da escola de Suzano, uma mulher visivelmente humilde e em estado de choque, quem não estaria? O filho dela matou e morreu, oras. Ela se defende da investida como pode, mais com seu instinto de sobrevivência do que com raiva. Diz que não, não se sente culpada. Não, também não entende porque ele fez o que fez, “estou querendo saber também” diz, escondendo-se de uma câmera que achou boa ideia registrar a imagem da dor que nunca mais conseguirá esquecer, a reação física gerada pelo o que de pior pode acontecer a uma mãe, a perda do seu filho.
Nos debates sobre o assunto que surgiram nas redes sociais uma amiga lembrou de “Precisamos falar sobre o Kevin”, livro da norte-americana Lionel Shriver, lançado pela editora Intrínseca e que virou filme com a ótima Tilda Swinton como protagonista. (Se não leu o livro ou assistiu ao filme e não quiser spoilers, pare de ler por aqui.)
A obra conta a história de Eva, mãe de Kevin, um menino de 16 anos que matou dezenas de colegas, uma professora e um servente em uma chacina ficcional semelhante a tantas provocadas por jovens em escolas dos Estados Unidos e, agora, infelizmente, também pelos jovens brasileiros. Enquanto Kevin cumpre a pena ao qual foi condenado, sua mãe vive o martírio dos julgamentos sociais em liberdade, a prisão reservada às mães dos assassinos não tem grades visíveis.
No livro, Eva se corresponde com o marido ausente, talvez a única pessoa que possa entender sua tragédia diária. Nas cartas lembra que Kevin era um menino entediado e cruel, cujo prazer passava por aterrorizar babás e vizinhos. Ela se culpa porque não queria filhos quando engravidou, lembra que os primeiros tempos com ele foram difíceis e de pouca conexão (mais culpa) e porque anos depois gestou uma menina graciosa que fez com que a maternidade fosse doce e mais fácil do que foi com Kevin. Uma história que poderia ser nossa e que muitas vezes se parece com a nossa, mães verdadeiramente imperfeitas que somos, ainda bem.
Eva tem culpa? Tenho certeza que não. Ao ler o livro, tive a certeza que Kevin da ficção era um psicopata, assim como 1% da população do mundo. Tenho convicção que a maioria deles tem mães amantíssimas, famílias estruturadas.
Então a culpa é do videogame/do bullying/do abandono parental/do ódio corrente/do culto às armas? Não sei a história desses meninos de Suzano, parece que há um pouco de tudo nesse caldeirão de fúria que os levou à decisão de executar um ato tão brutal. Mas existe um ditado africano que diz que “é necessária uma aldeia inteira para se educar uma criança”. E isso é o que há de mais verdadeiro que se possa dizer sobre a criação de filhos. Uma mulher sozinha, sem parceiro, sem família, sem direitos, sem salário digno, sem acesso a creche, escola ou hospitais de qualidade para os filhos e sem ajuda alguma, muitas vezes não é capaz de dar conta dessa empreitada. Então, quando muitas crianças não se tornam o que a sociedade esperava delas, a culpa não é da mãe.
Será que aquelas mulheres que iam ser mães mas optaram pelo aborto se sentem culpadas de alguma coisa? (não estou afirmando, estou apenas perguntando...).
As correntes de ódio celebrados nas redes e o culto às armas com certeza tiveram seu papel preponderante.Mas a letalidade do ato teria sido menor se os jovens não tivessem acesso às armas de fogo.
Censuraram meus comentários sobre o sentimento de culpa das aborteiras. A carapuça serviu para alguém com poder de veto na redação do Estadão...
O texto é sensível, mas notei que foi mal interpretado por alguns leitores.
Após essa tragédia, acabamos descobrindo tantas pessoas com síndrome de "Maria do Rosário". Falta pouco para lamentarem a morte dos dois assassinos e referirem-se a eles como "coitadinhos".Por favor! Parem de culpar a sociedade, o governo, a escola, a família, os videogames, a internet. Antes de tudo isso, há dois criminosos cruéis, que vinham planejando esse atendado há mais de um ano. Dois deficientes de caráter. Pessoas de má índole, que traziam a violência e a maldade na essência. Se existe inferno, eles hão de estar lá.
Porque a repórter não pergunta para mãe desses políticos corruptos se a culpa é delas? Com o dinheiro desviado com certeza muitas vidas não se perderiam na busca de saúde, educação e segurança.
A culpa não é da mãe? Conceito de gente irresponsável. Tira o corpo fora. Com certeza a mãe tem culpa no cartório, pode não ser 100%, com certeza não é, mas é pelo menos 50%. A alma que encarna na criança já teve outras vidas, escolheu a família onde entrou e tem livre arbítrio para decidir o que quiser. A influência diária dos pais define boa parte dos valores desta alma. E a correlação entre a experiência passada e o ato desumano é sempre muito boa. E tem que considerar também que adolescente é irresponsável e não pensa em todas as consequências. Quando fica responsável passa a ser adulto.
Todos adoram os direitos, os deveres ficam esquecidos, por filho no mundo qualquer um pode por quero ver quem cuida educa e tem dedicação, o direito tem muitos pais, mas o dever é órfão.
Se não está preparada para ter filhos não os tenha, existe muitas métodos anticoncepcionais, inclusive gratuito oferecido pelos postos de saúde municipais, onde está a responsabilidade e o sentimento familiar? Se tem filho tem que cuidar e dedicar tempo para ele sim, o que vemos hoje é uma geração criada pelo estado, tem filho manda para creche depois para a escola pública, se tem problema de saúde entendem que o Estado tem obrigação de fornecer o melhor tratamento, gente folgada isso sim, enquanto o estado está criando um filho já teve mais de meio dúzia, onde vai parar isso.
Brilhante, obrigado, mas talvez tenha uma pequena divergência fundamental: é culpa de todos. É culpa dos pais desconctados, despreparados, desinteressados, por que são - ou deveriam ser - os pais os que estão com os filhos até os 3 anos de idade. Quer se separar? Se vira mas nao falte em casa! Não tem estrutura para ter filhos? Não os tenha! Mas estão aí, aqui entre nós... culpa da escola, chata, desconectada, desinteressante. Culpa dos pais, de outors pais, culpa de nós, não-pais e ausentes para essas crianças. Culpa de um modelo de sociedade, a nossa sociedade precisa ser refundada.
Por quê ninguém deu um chute forte na canela de um dos assassinos? Por quê estamos mais treinados para fugir do que nos defender? Essa cultura de que a polícia resolve tudo está nos prejudicando. O mal existe, temos de estar preparados para nos defender. Os russos desenvolveram Systema, sambo. Os israelenses Krav Magá. Os franceses tem a luta de chutes. No Brasil temos jiu jitsu e academia de musculação. É pouco. E ainda uma cultura nutricional que produz obesos ou magrinhos em sua maioria. Precisamos saber nos defender!!
Este e outros casos existem muitas respostas pra responder uma só pergunta. Porque somos maus? Esta pergunta requer uma resposta simples e difícil de responder. A maldade nas pessoas podem ser desenvolvida e se tornarem pessoas altamente perversas porque isso faz parte da natureza humana. A convivência social, familiar envolvida em amor e perdão é o remédio prático e diário para o desenvolvimento humano. O ser humano é predisposto a praticar o mal e por isso deve existir uma preocupação. A responsabilidade da família é altamente perceptível tem o papel de investigar e fornecer segurança.
É interessante que o sentimento de culpa da mãe de um dos assassinos preocupe a articulista. O provérbio africano é poderoso. Quantos pais de colegas eu conheci? Poucos. As pessoas não se aproximam. Não há pontes entre as pessoas. Quem gostaria de conhecer a mãe viciada de um garoto cheio de espinhas? A sociedade não está treinada para aproximar os diferentes. As vezes apenas a presença cura. Estamos nos brindando com fortes ausências. Se não gostamos de algo, nos afastamos. Existe gente problemática, mas na maioria das vezes encontro pessoas que não são, são carentes apenas.
... Fonte de toda bondade. Acredita-se que haja bondade sem Deus? Se sim, investiguemos isso. Se não, investiguemos isso também. Pois os niveis de incredulidade são insuportáveis as vezes. A capacidade das pessoas veicularem o bem é tremenda, mas nem sempre lógica ou racional. Precisamos dar espaço as boas forças celestes. O pensamento de que politicas públicas são capazes de fazer todo o bem está aquém da capacidade humana de transmitir o bem. Tem gols que a humanidade faz que estão além de nossas capacidades. Temos de ser menos racionais e mais atentos. E ter fé. A falta de fé é horrorosa.
Aldeia global; um tiro no pé!?!?
Por quê não há dinheiro para as escolas oferecerem mais esportes? Os preços oficiais sobem acima da inflação e o governo aparentemente não faz nada. A disputa política entre partidos conduziu a um aumento da folha de pagamento de 22% em 1985 para mais de 60% em 2010. O Legislativo funciona por agrados a nichos (redutos) eleitorais. Oras, precisamos de distritos. Para o orçamento ser dividido equanimimente e termos desenvolvimento em todo País. O diabo está solto e muitos não estão interessados em fazer a vontade de Deus. A conversão se torna lenta, difícil. Deus é Pai e fonte de toda...
Não somos uma aldeia. Infelizmente não nos preocupamos com os filhos dos outros como deveríamos. Por quê os adolescentes se massacram nas escolas? No trânsito muitos entendem que devemos dirigir de um modo que cuide também da segurança dos outros. Coloca uma aula de judô nas escolas e vejamos o quanto as coisas melhoram? É uma sociedade que prega a libidinosidade e abomina a castidade. E se percurso de vida desses dois assassinos eles precisaram se ver castos por mais tempo que seus semelhantes e piraram? Uma sociedade que devora açúcar e as vezes não tolera o tempo de cada um. Estou chocado.
Algumas pessoas acham que sabem tudo. Outras, como a blogueira, se propõe a escrever o manual do mundo. Isto é que é síndrome de grandeza, de superioridade. Do penico à bomba atômica , a blogueira sabe de tudo. Não, não tenho culpa nisto. Colocar a culpa na sociedade é sempre mais fácil.
Não li o livro (que certamente lerei) nem assisti ao filme. Mas posso dar um exemplo simples da crueldade de (pelo menos) um adolescente que conheci. Tínhamos um canário branco, desses de criadouro, com anilhas e ele estava chocando dois ovos. Um menino vizinho me pediu para comprá-lo, mas recusei. Qual não foi minha surpresa, ao chegar em casa horas depois e encontrar o canário estraçalhado em frente meu portão. Ao saber que foi o menino, fui falar com o pai dele, mas este apoiou o filho e me destratou. Levei-os ao MP no forum, nada aconteceu. Acredito que a crueldade nasce com a pessoa.
Bom, uma das mensagens do filme, excelente, aliás, é que faltou aos pais do Kevin o discernimento necessário para desconfiar dos comportamentos extravagantes do moleque. O pai sempre tirava a gravidade das crueldades que o Kevin fazia, arrumava uma desculpa para o garoto, etc. E os personagens do filme eram pessoas esclarecidas. O filme também dá a entender que a mãe só decidiu amar o Kevin de verdade após o crime; vale a pena assistir o final, é bonito.A mãe do adolescente assassino de Suzano mal dava conta das próprias debilidades de caráter; se agora ela se arrepender de algo, é tarde.
As mulheres deveriam prestar contas à justiça quando engravidassem à revelia da vontade do seu parceiro sexual. É muito fácil se queixarem dos homens, mas os desrespeitam constantemente tomando essa importante decisão sozinhas, num tema que se refere a ambos. É isso é extremamente grave!
Muitas irresponsáveis e ignorantes, nem sabem o que é "ciclo menstrual". Depois de darem à luz, querem obrigar os parceiros, muitas vezes ocasionais, a pagarem pensão alimentícia. Você está com a razão, as feministas de plantão, as "empoderadas", deviam aproveitar o tempo livre para tentar informar essa população enganada.
Nenhuma mulher engravida “à revelia da vontade do seu parceiro sexual”. Você é homem e não deseja ser pai? Use camisinha! Não culpe a mulher por tê-la engravidado.
“Não é não!” Isso é o que a mulher de boa fé deve dizer ao parceiro que quiser transar com ela quando estiver ovulando. Ou pergunte: “Você quer ser pai? Hoje estou fértil.” Viu, é simples!
A mulher conhece seu ciclo menstrual e sabe a data de sua ovulação. Ela tem controle sobre engravidar ou não. Por isso ela deve avisar o parceiro que está vulneravel à engravidar e PERGUNTAR se ele quer a gravidez. Se for pobre ou não se sentir confiante, NÃO deve engravidar. Se obrigar o parceiro a ser pai sem consulta-lo ou sem o querer, ele vai embora.Pelo amor de Deus, aprendam esta lição!!!
E parem de se fazer de eternas vítimas....
A história de um dos assassinos mostra que, muito antes do bullying, muito antes da deep web (cujas redes a inteligência policial precisa desarticular o quanto antes), muito antes dos jogos de computador em que eles consumiam boa parte do tempo livre, havia uma família profundamente fraturada. O relato da mãe do adolescente de 17 anos, ela mesma lutando para se recuperar da dependência química que a faz passar muito tempo na rua, mostra que ele nasceu de um relacionamento rápido, sendo criado pelos avós em um ambiente no qual nunca houve muito diálogo com pai e mãe.
Família não é apenas pai e mãe. De fato o menino a mãe do menino era dependente de drogas e o pai era ausente, mas ele foi criado com amor pelos avós - o menino sofria bullying por ter espinhas, o avó, mesmo sem grandes condições financeiras, pagou um tratamento dermatológico pra ele. Um dia antes do ataque, o avô fez hambúrguer pro menino, que era a comida preferida dele. O outro cara tinha uma familia estruturada e amorosa.... não simplifiquem o que não dá pra ser simplificado
Familia não é apenas pai e mãe mas, sim, pai e mae fazem uma grande diferença
Diga isso à maioria das mulheres brasileiras que não fazem a menor ideia sequer do que seja óvulo ou ovulação, e principalmente aos homens de todos os níveis de instrução que adotam a postura de que "hoje eu quero e não estou nem aí, e ela que não me venha com desculpas!" Depois ela engravida e o homem fica furioso, como se ela tivesse engravidado por partenogênese (pesquise) e ele não tivesse nada com isso...
Aos homens não é dada complascência pela ignorância. A maioria deles também não conhece ciclos menstruais e etc (e nem precisam).Mas a paternidade não desejada vem acompanhada de toneladas de responsabilidades, cobranças, pensões alimento e até cadeia. Porque então deveriamos ser complascentes com as mulheres?
Desculpe: Complacente.
depende ...... os pais sao nossos primeiros modelos entao estou inclinada a achar que eles tem sim sua parcela de culpa...se precisa de uma aldeia inteira pra se criar um filho pra que as pessoas tem?????
A ver caso a caso. E falo das mães e dos pais.
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