quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Alesp tem maior renovação em 24 anos, Destak

As eleições do último domingo (7) foram responsáveis pela maior renovação da Assembleia Legislativa do Estado dos últimos 24 anos. A partir do ano que vem, 52 novos deputados ocuparão a instituição. O número representa uma renovação de 55% das 94 cadeiras. Nas eleições de 2014, o índice foi de 32%.

A maior parte dessa renovação ocorre por um crescimento do PSL, partido do presidenciável Jair Bolsonaro. Sem nenhum representante até então, a sigla elegeu 15 deputados estaduais, grande parte disso por conta de Janaína Paschoal, que teve pouco mais de dois milhões de votos, a maior votação da história da Alesp.

Criado em 2015, o partido Novo, que não tinha deputados paulistas, elegeu quatro. Já o Podemos foi de um para quatro representantes.

De outro lado, o tradicional PSDB, que está há 24 anos no comando do governo paulista, viu sua representação encolher em mais da metade, passando dos atuais 19 para oito. O PT de Luiz Marinho perdeu quatro cadeiras, enquanto o PSB de Márcio França foi de 11 para oito representantes.

A partir do ano que vem, o PV, que hoje tem seis deputados estaduais, terá apenas um representante na Alesp. Para coordenador do núcleo de pesquisas da FESP-SP, Paulo Silvino Ribeiro, o resultado reflete um fenômeno nacional.

"Mas é importante classificar que o Bolsonaro não é o protagonista. Ele materializa uma onda conservadora que reflete a formação dos brasileiros. Os candidatos perceberam isso, usaram em suas campanhas e acertaram", disse ao Destak.

O professor de ciência política da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Maurício Fronzaglia, ressalta o desgaste do partido de João Doria, que não disputava um segundo turno para o comando do Palácio dos Bandeirantes desde 2002.

"Os candidatos do PSL surfaram na onda anti-PT e na questão do aumento da segurança pública e no combate às minorias. Existe uma força maior do conservadorismo, que nesse momento, é visto como renovação na política", afirma.

A votação de domingo elegeu também nomes como Erica Malunguinho (PSOL), a primeira mulher trans da Alesp. Com 54.409 votos (0,27% do total), a educadora e artista faz parte da lista de 52 candidatos trans que concorreram a cargos políticos este ano.

Negra e nordestina, Malunguinho nasceu no Pernambuco, mas vive na capital paulista, onde de mudou aos 19 anos. A candidata recebeu apoio de personalidades como Djamila Ribeiro, Conceição Evaristo e Clara Averbuck. Já a estudante trans Erika Hilton, também do PSOL e parte da iniciativa Bancada Ativista, foi eleita no grupo de nove pessoas que compartilham o mandato de Deputado Estadual.

A iniciativa, encabeçada pela jornalista Mônica Seixas, apresentou nove co-candidatos que representam movimentos negro, feminista, LGBT, indígena, pelos direitos dos imigrantes e também dos animais. O grupo foi eleito com 147.868 votos (0.72%).

"A bancada do PSOL cresceu porque existe uma reação a esse conservadorismo. A força mais forte vai para o lado conservador mas a reação também é mais radical", completa Maurício Fronzaglia. Para o professor, o discurso moderado foi silenciado nas eleições deste ano.

Renovação
O último pleito foi o primeiro a ter candidatos do RenovaBR, instituto de formação de lideranças políticas criado no ano passado.

Dos participantes, Daniel José (Novo), Heni Ozi Cukier (Novo), Marina Helou (Rede) e Ricardo Mellão (Novo), vão ocupar vagas na Alesp. "A renovação não vai acontecer do dia para a noite, mas esta eleição foi o primeiro passo na direção certa", disse o fundador Eduardo Mufarej.

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