Mentiras óbvias sobre Bolsonaro e Haddad enganam muita gente
Não, Jair Bolsonaro não foi eleito o político mais honesto do mundo. Tampouco propôs nova imagem de Nossa Senhora. Nem Fernando Haddad quis legalizar a pedofilia. Mentiras óbvias como essas enganam muita gente; imagine então as menos evidentes, como a lista fictícia de ministros pop do petista.
O submundo do WhatsApp é o grande fenômeno desta campanha. Seu efeito parece ainda mais perverso do que o do Facebook nos EUA.
Marqueteiros e líderes partidários repetem que a TV é decisiva porque isso lhes dá poder. Quem caiu nesse conto perdeu o bonde. Os brasileiros passam mais horas em redes sociais do que a média mundial. As mensagens no celular multiplicam-se por pirâmide que não surgiu do nada.
Está claro que o bolsonarismo grama nesse pântano há mais tempo. O petismo aprende tardiamente.
Quem até outro dia falava que a imprensa distorce tudo agora suplica aos eleitores que se informem pelo jornalismo profissional. Quem aponta o dedo para a mídia tradicional e diz que ela “normalizou” Bolsonaro não está entendendo nada.
A eleição do presidente americano Donald Trump é frequentemente citada como tendo sofrido influência das fake news a seu favor. Eleito, Trump reclama do que classifica como fake news da impressa contra ele. Cansado de uma cobertura negativa, ele sugeriu em maio revogar credenciais dos jornalistas. "A fake news está fazendo hora extra. Acabei de informar que, apesar do tremendo sucesso que estamos tendo com a economia e tudo o mais, 91% das notícias da rede sobre mim são negativas", Trump twittou Saul Loeb - 13.mar.2018/AFP
A lorota bolsonarista sobre as urnas eletrônicas presta-se a serviço específico. É cortina de fumaça diante da discussão que realmente deveria importar à Justiça eleitoral. Três pessoas presidiram o TSEneste ciclo: Gilmar Mendes, Luiz Fux e Rosa Weber. Nenhum teve coragem de agir de verdade contra as fake news.
Propostas como limitar a capacidade de replicação das mensagens são apenas pequenos paliativos. O ponto principal continua sendo evitado: o WhatsApp claramente não pode mais ser tratado como um aplicativo de conversas sempre privadas. É preciso poder rastrear as mensagens. O anonimato tem de acabar.
Quem publica (des)informação num meio de comunicação de larga escala, como é o caso, deve ter responsabilidade jurídica sobre o que diz. Já passou da hora de o poder público exercer seu papel —não será nem o WhatsApp nem os candidatos que consertarão o problema.
Nenhum comentário:
Postar um comentário