Como deve votar o eleitor que não quer nem Bolsonaro nem Haddad? O dilema pode assaltar mais de 66 milhões de brasileiros que ou votaram em outros candidatos ou não compareceram ou anularam/branquearam seus sufrágios.
A pedidos, esboço um pequeno guia de opções. Pela cartilha democrática, o segundo turno não é o momento de manifestar preferências, mas de tentar exercer o poder de veto. Assim, o mais sensato —e também o mais recomendado para quem acredita no poder das escolhas sociais— é que o eleitor reprima suas reações mais viscerais e vote no candidato que considerar menos ruim.
Para um contingente não desprezível de cidadãos, contudo, ambos os concorrentes são igualmente péssimos. Convenha-se que é fácil encontrar argumentos para não votar seja em Bolsonaro, seja no PT. Para esses eleitores, resta a opção entre abstenção (a multa é irrisória), justificativa (é preciso sair do município de domicílio eleitoral) e o voto branco/nulo.
Uma confusão frequente é afirmar que o branco/nulo beneficia o candidato que está na frente. Isso vale apenas para o turno inicial e só se houver uma chance de o primeiro colocado vencer logo de cara. Como nulos e brancos não são considerados votos válidos, eles reduzem o limiar de sufrágios que o postulante precisa atingir para vencer já no primeiro turno. No segundo turno, um nulo é apenas um nulo. Seu autor até pode ser acusado de omissão, mas não de favorecimento.
Para os espíritos mais hamletianos, que não conseguem mesmo decidir-se, minha sugestão é que esperem até o final. Sempre há a possibilidade de algum candidato dizer ou fazer algo que elimine de vez todas as dúvidas. Convém também ficar de olho nas pesquisas. Se elas apontarem para um quadro irreversível, a escolha pode ficar menos pesada. O que é certo é que o eleitor deve satisfações apenas à própria consciência, o que é o milagre e o perigo da democracia.
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