O deputado Jair Bolsonaro chega à Presidência da República pela democracia, sistema político pelo qual demonstrou pouco apreço nos 27 anos de carreira na Câmara.
Democracia que elegeu em 89 um falso caçador de marajás e vendedor de ilusões, um sociólogo em 94 e 98, um torneiro mecânicoem 2002 e 06, e uma ex-guerrilheira em 2010 e 14.
Não se pode, definitivamente, exigir do eleitor brasileiro um padrão de votação. Quem diria, há quatro anos, que o eleito em 2018 seria um deputado do baixo clero com desempenho parlamentar medíocre. Um capitão reformado considerado pitoresco pelos colegas de plenário por causa dos discursos de intolerância, em defesa da tortura e da ditadura militar. Pois o pitoresco venceu.
Bolsonaro assumirá em janeiro a chefia da República legitimado por 55% dos votos válidos registrados pelas teclas 1 e 7 das urnas eletrônicas que o candidato tanto desacreditou.
Sentará na cadeira do gabinete do terceiro andar do Palácio do Planalto sem ter debatido o futuro do país com o seu oponente no segundo turno. Venceu a eleição sem dirimir as dúvidas que cercam seu obscuro plano de governo. Bateu o PT sob o velho discurso bravateiro contra adversários e a imprensa não adesista.
O sucesso de seu governo dependerá dos resultados da economia conduzida pelo guru Paulo Guedes e da relação com o Congresso, crucial para a aprovação de reformas necessárias como a da Previdência.
Um Parlamento hostil e uma economia perdida são o casamento perfeito para um governo desmoronar.
Qual será o comportamento de Bolsonaro em eventual ambiente de adversidade política? Como agirá diante de uma derrota no STF em julgamento de interesse do Executivo? Serão situações para testar os instintos autoritários do futuro presidente, que terá oportunidades para mostrar sensatez e espírito público.
E com Bolsonaro no comando do Palácio do Planalto, o jornalismo profissional continuará sendo fundamental. A pedra no sapato que foi e sempre será de qualquer governo.
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