Mercado reage positivamente à vitória de Jair Bolsonaro (PSL) na corrida presidencial; Ibovespa futuro salta mais de 3,5%
Silvana Rocha e Karla Spotorno, O Estado de S.Paulo
29 Outubro 2018 | 09h36
Atualizado 29 Outubro 2018 | 10h52
Atualizado 29 Outubro 2018 | 10h52
Como esperado, a Bolsa abriu em alta no primeiro pregão após a vitória de Jair Bolsonaro na corrida presidencial. A variação positiva é muito mais modesta do que o observado no domingo e hoje cedo nos ETFs de ações brasileiras no Japão, na Europa e em Nova York. Ainda assim, a bolsa brasileira sobe, indicando a satisfação dos agentes do mercado com as perspectivas para a condução da economia até 2022. Sob a mesma reação, o dólar abriu e segue em queda, assim como as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI).
Já o dólar, após abrir a sessão em baixa de quase 2%, renovou máximas ante o real há pouco, pressionado pelo exterior. Lá fora, a divisa americana se fortaleceu após a alta de 0,2% do núcleo do índice de inflação medido pelo PCE em setembro ante agosto, acima da previsão de 0,1%.
Às 10h32, o Ibovespa subia 2,06% aos 87.481,88 pontos. O ETF EWZ subia 3%, menos da metade da valorização observada antes da abertura do mercado local. O dólar à vista caía 0,81% aos R$ 3,6242. O DI para janeiro de 2021 estava em 8,09% ante 8,253% no ajuste de sexta-feira.
A estrategista de câmbio do banco Ourinvest, Fernanda Consorte, diz que o mercado se ajusta após a euforia inicial com Bolsonaro presidente e agora opera acima dos R$ 3,60 rumo aos R$ 3,65 que é o nível que já precificava a vitória na última sexta-feira. Agora, diz ela, o mercado passa a olhar fundamentos e, apesar do cenário externo bom hoje, deve ficar mais sensível às incertezas internacionais.
Sobre a Bolsa, um operador observa que os investidores assumiram grande posição comprada, especialmente o investidor pessoa física. "Somente uma corretora de clientes pessoas físicas comprou mais de meio bilhão de reais somente na sexta-feira", disse o profissional. "Agora é esperar para ver quais os nomes da equipe do novo presidente e se vai ter algum mágico para executar tudo o que ele prometeu", afirmou o operador.
Em entrevista ao Broadcast, o principal economista do Brasil e América Latina do BBVA Research, Enestor dos Santos, salienta que muitos pontos sobre o programa econômico do presidente eleito ainda são desconhecidos. "Vai ser necessário muita notícia favorável para manter esse rali nos mercados", previu. Uma dúvida é sobre qual será a reforma da Previdência de Bolsonaro, visto que o futuro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), já descartou o uso do atual texto.
Por volta das 10h15, a Moody's divulgou relatório em que o apoio do Congresso ao novo governo e para a aprovação de reformas "permanece incerto". Além disso, "detalhes da política econômica da nova administração ainda não estão claros". No relatório, os analistas da agência de classificação de risco voltaram a pontuar que "gasto fiscal, reforma da Previdência e apoio político do Congresso são "desafios para 2019 e além".
Do exterior, a influência é mista. As bolsas em Nova York abriram em alta, confirmando a tendência traçada pelos índices acionários futuros, e as bolsas da Europa continuam subindo. Já no mercado de petróleo, os preços firmaram-se em queda. Depois de exibirem volatilidade mais cedo, os contratos futuros da commodity foram pressionados pelo dólar, que ganhou força na esteira de indicadores dos EUA sobre gastos e renda do consumidor e também sobre inflação.
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