segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Eleito, Doria terá desafio de construir maioria na Assembleia Legislativa, FSP

SÃO PAULO
Eleito governador de São Paulo, João Doria (PSDB) terá o desafio de construir maioria na Assembleia Legislativa para garantir a governabilidade nos próximos quatro anos. Considerando o resultado das urnas no primeiro turno, partidos que integraram sua coligação conseguiram eleger 27 deputados estaduais —o Legislativo paulista tem 94 cadeiras. 
João Doria, eleito governador de São Paulo, vota ao lado de parlamentares eleitos pelo PSDB - Marcus Leoni/Folhapress
Difícil imaginar, de antemão, que um governo Doria contará com uma maioria esmagadora, com mais de 70 deputados, que endossou os dois últimos mandatos de Geraldo Alckmin (PSDB). Até mesmo porque o PSDB, que sempre foi a maior bancada na Casa e tinha a prerrogativa de presidi-la, diminuiu pela metade nas urnas: caiu de 19 para 8 deputados.
A candidatura do ex-prefeito de São Paulo rachou essa mesma base —parte ficou com o tucano e parte foi com Márcio França (PSB). Após campanha acirrada e cheia de ataques, Doria queimou pontes que terá de se esforçar para reconstruir. 
O PSDB, por exemplo, conseguiu eleger o mesmo número de parlamentares que o PSB. A maior bancada ficou com o PSL de Jair Bolsonaro, que saltou de nenhum para 19 deputados estaduais, catapultado pelos 2 milhões de votos em Janaina Paschoal.
Ela já disse que deve pleitear a liderança do partido e que a bancada não fechará posição de apoio ou oposição, mas definir sua posição considerando cada projeto separadamente.
Enquanto Doria fazia campanha com a deputada federal eleita Joice Hasselmann (PSL), que já afirmou ter convidado o governador eleito para deixar o PSDB e migrar para o partido de Jair Bolsonaro, França ganhou o apoio, isoladamente, de cinco futuros deputados da legenda.
O PT elegeu 10 deputados e será a maior bancada da Assembleia em 2019. Apesar de não declarar apoio formalmente a França, o partido se empenhou em propagar o “Doria Não” no segundo turno. Devem fazer oposição ferrenha ao eleito.
Doria também não terá o apoio do maior cacique do Legislativo, Campos Machado (PTB), inimigo declarado do ex-prefeito paulistano.
Restará ver como os 28 deputados da coligação de França, que outrora apoiavam o PSDB, vão se comportar a partir de agora, após disputa eleitoral agressiva.
Por ora, Doria já conta com dois nomes fortes do PSDB a seu favor: o atual presidente do Legislativo, Cauê Macris, e o líder do partido no parlamento, Marco Vinholi. Quando ainda era prefeito, em 2017, Doria se movimentou para conquistar a bancada, oferecendo jantares e se reunindo com os deputados estaduais.
Veterano da Assembleia, o ex-presidente e ex-líder dos governos Alckmin Barros Munhoz trocou o PSDB pelo PSB por se opor à candidatura de Doria e para apoiar França. 
Ele evitava fazer qualquer previsão de organização das forças políticas antes do resultado do segundo turno e antes de conversas com deputados —dizia que era assunto apenas para se discutir apenas depois desta segunda-feira (29).
Prevê, no entanto, maior dificuldade para Doria de recompor as bases que deram apoio ao tucanato nas últimas duas décadas, considerando o estilo que considera mais agressivo do governador eleito.

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