quinta-feira, 29 de abril de 2021

Viva a Embrapa, a Ciência e o Agro, por Arnaldo Jardim

 Ao longo da existência humana, a Ciência tem sido realmente nossa grande aliada e não faltam exemplos de descobertas e invenções que corroboram essa afirmação. O fogo, a escrita e a roda, tão triviais hoje, trouxeram benefícios extraordinários para os povos antigos. A pólvora, a bússola e a prensa remodelaram geopoliticamente o mundo. Sem falar na eletricidade e no automóvel, que trouxeram, no final do século XVIII, comodidade e bem-estar às sociedades em processo de urbanização.

Na área da saúde, a produção científica sempre esteve a nosso serviço, seja no desenvolvimento da "pasteurização", por exemplo, que trouxe segurança para a alimentação em geral, seja na descoberta dos antibióticos, que nos ajudam, até hoje, no enfrentamento das infecções bacterianas.

Imaginem se não contássemos com a inovação para enfrentarmos o Covid-19. Até o surgimento do imunizante contra o novo coronavírus, produzido em inacreditáveis 10 meses, a vacina mais rápida da história foi a da Caxumba, desenvolvida ao longo de 4 anos.

As invenções, entretanto, são resultado de muita observação, de muito estudo e, no mundo complexo em que vivemos, de crescente investimento em pesquisa científica. Infelizmente, o Brasil investiu, em 2017, apenas 1,26% do PIB em pesquisa e desenvolvimento (P&D), em contraposição à Coreia do Sul (4,55%), à Alemanha (3%) e aos Estados Unidos (2,79%). Mas nem sempre foi assim.

No início da década de 1970, soubemos investir inteligentemente na nossa agricultura e os frutos colhemos até hoje - o país se transformou em uma das maiores potências agrícolas e exportadoras de alimentos do mundo. O marco para essa transformação foi a criação, em 1973, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa.

Foram dos seus laboratórios que saíram as tecnologias que deram origem a Agricultura Tropical, que permitiu o aproveitamento de extensas áreas do Cerrado Brasileiro, considerado, até então, impróprio para a agricultura. Desde sua criação, a empresa assumiu o desafio de desenvolver um modelo agropecuário genuinamente brasileiro, superando as barreiras tecnológicas que limitavam a produção em solos de elevada acidez. O cultivo da soja no Brasil é um exemplo dessa expertise.

Com o programa de melhoramento genético da leguminosa, foi possível desenvolver cultivares melhores, adaptadas aos diferentes ecossistemas brasileiros, e os estudos sobre nutrição vegetal permitiram a seleção de bactérias mais adequadas à inoculação, substituindo totalmente a adubação nitrogenada. Resultado: a soja, de origem asiática, está totalmente adaptada às condições brasileiras e produz 30 vezes mais do que há 3 décadas.

A criação da Embrapa deu corpo a uma rede, a uma cultura de inovação agropecuária. Um sistema que reúne instituições centenárias de ensino e pesquisa, como a nossa gloriosa Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - Esalq, empresas e institutos estaduais de pesquisa, em especial os Institutos Paulistas de Pesquisa Agropecuária, fundamentais para o incremento da nossa produtividade agrícola.

A Embrapa tem sido fundamental para inovação da agricultura brasileira e será mais importante agora, no enfrentamento de outro grande desafio: o Brasil, em função das mudanças climáticas, precisará promover a transição de toda a sua agricultura para bases mais sustentáveis.

A agricultura é uma importante fonte de degradação ambiental e para ser sustentável, será preciso que o agricultor adote práticas que protejam o solo, a água, a fauna e, principalmente, a vegetação nativa. O pontapé inicial por essa transição foi dado com a implantação do Plano ABC - Agricultura de Baixo Carbono, que objetiva levar ao campo tecnologias de remoção e incorporação do carbono atmosférico. Quem está liderando a transferência dessas tecnologias? Mais uma vez, a Embrapa.

Ao longo dos seus 48 anos de existência, a produção intelectual e a inovação tem sido a sua prioridade. Somente com tecnologia de ponta poderemos estar em condições de competitividade com o resto do mundo. Somente com a pesquisa poderemos alcançar a sustentabilidade ambiental e nos mantermos na vanguarda da produção mundial de alimentos.

Segundo Benjamin Franklin, "Não há invenção mais rentável que a do conhecimento" e o Agro Brasileiro é uma prova disso. Se hoje o setor é responsável por 26,6% do PIB nacional, não podemos esquecer, ao comemorar esse sucesso, da importância da Embrapa.

Parabéns Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária do Brasil.

Brasil chega a 400 mil mortos por covid-19 com risco de terceira onda à vista, OESP

 Fabiana Cambricoli, O Estado de S.Paulo

29 de abril de 2021 | 12h56

O Brasil ultrapassou hoje a marca de 400 mil mortos pela covid-19 com um patamar ainda alto de óbitos diários e índices de mobilidade crescentes, o que, para especialistas, aumenta o risco de o País ter uma terceira onda da pandemia antes de atingir a imunidade de rebanho pela vacinação. Com o registro de 1.678 novos registros de óbitos desde ontem até as 13 horas desta quinta-feira, 29, o País já acumula 400.021 vítimas pela doença.

Para cientistas especializados em epidemiologia e virologia ouvidos pelo Estadão, a reabertura precipitada das atividades econômicas antes de uma queda sustentada de casos, internações e mortes favorece que as taxas de transmissão voltem a crescer, com risco maior do surgimento de novas variantes de preocupação. Com isso, o intervalo entre a segunda e uma eventual terceira onda seria menor do que o observado entre o primeiro e o segundo picos.

“Nos níveis em que o vírus circula hoje, esse período entre picos pode ser abreviado, sim. Já vimos esse efeito em algumas localidades na virada do ano. A circulação em níveis altos favorece isso”, diz o virologista Fernando Spilki, coordenador da Rede Coronaômica, força-tarefa de laboratórios faz o monitoramento genético de novas cepas.

Coronavírus no Brasil
Homem com suspeita de covid-19 é amparado por familiar em ambulância em São Jãao de Meriti, no Rio. Foto: Silvia Izquierdo/AP

Em 2020, o número de casos e mortes começou a cair entre julho e agosto para ter novo aumento a partir de novembro. O surgimento de uma nova cepa do vírus (P.1) em Manaus colapsou o sistema amazonense em janeiro e provocou a mesma catástrofe em quase todos os Estados do País entre fevereiro e março. 

Os últimos dois meses foram os piores da pandemia até aqui. No ano passado, o País demorou quase cinco meses para atingir os primeiros 100 mil mortos, outros cinco meses para chegar aos 200 mil e dois meses e meio para alcançar as 300 mil vítimas. A triste marca dos 400 mil óbitos veio apenas 36 dias depois. 

E os dados dos últimos dias indicam que a queda das internações e mortes iniciada há três semanas já estagnou. O mais provável agora é que os índices se estabilizem em níveis elevados, com 2 mil a 3 mil mortes diárias, ou voltem a crescer, projeta o estatístico e pesquisador em saúde pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Leonardo Bastos.

“Agora era a hora de segurar mais, fazer uma reabertura mais lenta e planejada. Esse aumento de mobilidade e contato entre as pessoas pode levar a uma manutenção do número de hospitalizações em um patamar super alto, o que é péssimo, porque sobrecarrega o sistema de saúde. Do jeito que está, a questão não é se vai acontecer uma nova onda, mas quando”, diz o especialista.

Como exemplo de como uma nova variante pode provocar grandes surtos em um intervalo curto de tempo, o especialista da Fiocruz cita o caso do Rio. Ele considera que o Estado já viveu três ondas. Além da primeira, entre maio e junho de 2020, os municípios fluminenses sofreram um segundo pico em dezembro, com o surgimento da variante P.2, e uma nova alta em março deste ano, com a emergência da P.1. “Talvez a próxima onda não seja síncrona em todo o País, mas poderemos ter surtos em diferentes locais”, opina Bastos.

Para Spilki, o aumento nas taxas de mobilidade e relaxamento das medidas de proteção não só elevam as taxas de transmissão como facilitam o surgimento de variantes mais transmissíveis ou letais. “A variante P.1 e outras não são entes estáticos, podem evoluir e se adaptar a novos cenários com o espaço que vem sendo dado para novos casos”, diz ele. Desde novembro, relata o especialista, já foram identificadas oito novas variantes originadas no Brasil.

O epidemiologista Paulo Lotufo, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), também destaca que, mesmo com a queda de casos e mortes nas últimas três semanas, o Brasil está longe de vislumbrar um controle da pandemia.

"Houve arrefecimento do número de casos e mortes pelas medidas de distanciamento social realizadas às duras custas. No momento, o retorno às outras fases de distanciamento é preocupante, principalmente na próxima semana, com aumento da procura de lojas pelo Dia das Mães e, também pela frequência maior de encontros sem a proteção necessária, como já aconteceu no Natal", alerta.

Coronavírus no Brasil
Homenagem aos mortos pela covid-19 em frente ao Congresso Nacional, em Brasília. Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Os especialistas acham improvável que a imunização consiga contemplar a maioria da população antes de uma nova onda. “A vacinação segue lenta, com interrupções e falhas de esquema, como falta de doses para reforço, o que é mais um complicador no que tange a frear a disseminação e evolução de variantes”, comenta o virologista.

Para os cientistas, as medidas necessárias para minimizarmos o risco de um novo tsunami de casos e mortes são as mesmas preconizadas desde o início da pandemia: uso de máscara (de preferência PFF2), distanciamento social, preferência por ambientes ventilados, rastreamento e isolamento de pessoas infectadas, além da aceleração da campanha de vacinação, que esbarra na escassez de doses.


França terá volta de viagens e reabertura progressiva de comércios a partir de maio, OESP

 Redação, O Estado de S.Paulo

29 de abril de 2021 | 11h45

França vai liberar o uso de áreas abertas em restaurantes e cafés, estabelecimentos comerciais e locais culturais, incluindo museus e cinemas, a partir de 19 de maio, anunciou o presidente Emmanuel Macron.

Em uma entrevista à imprensa regional para falar sobre a suspensão progressiva das restrições em vigor pela pandemia de covid-19, o presidente afirmou que será necessário, no entanto, esperar até 9 de junho para poder comer ou tomar um café dentro de um restaurante ou bar. 

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Fechados há sete meses, cafés e restaurantes franceses poderão reabrir a partir de 19 de maio. Foto: (Photo by Thierry Zoccolan / AFP)

O toque de recolher, em vigor atualmente em toda a França a partir das 19h, passará para as 21h a partir de 19 de maio e 23h a partir de 9 de junho, com a suspensão definitiva em 30 de junho.

As restrições de deslocamento, que impedem os franceses de viagens a mais de 1o quilômetros de sua residência, exceto por motivo imperioso, serão suspensas em 3 de maio.

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O presidente da França, Emmanuel Macron.  Foto: (AP Photo/Lewis Joly)

No mesmo dia, os estudantes do ensino médio voltarão às aulas, uma semana depois que os alunos do ensino básico.

Atualmente, a incidência de casos em sete dias é atualmente de 300 para cada 100.000 habitantes e muitos hospitais estão lotados.

Macron, no entanto, destacou: "Devemos voltar à nossa arte de viver à francesa". Ao mesmo tempo, ele pediu aos cidadãos que permaneçam "prudentes e responsáveis".

A França registrou 103.947 mortes por covid-19.