terça-feira, 1 de outubro de 2024

Pela primeira vez o mundo precisa de fato da América Latina, diz presidente do BID, FSP

 

São Paulo

O presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), Ilan Goldfajn, afirmou nesta quarta-feira (18) que, pela primeira vez, o mundo precisa realmente da América Latina e do Caribe.

Durante seminário sobre economia promovido pelo grupo Lide, Goldfajn comentou sobre os desafios que o Brasil e países vizinhos enfrentam na comparação com economias desenvolvidas. Segundo ele, agora essa interação também apresenta oportunidades.

"A relação tem sido assimétrica. A América Latina precisa de investimentos, de financiamento, de que as empresas venham para cá", disse. "Desta vez o mundo também precisa da América Latina. Em que sentido? Primeiro da transição energética. Toda a necessidade de energia limpa não vai surgir sem a América Latina. Os minerais estão aqui, e a capacidade de gerar energia limpa precisa dos grandes países da região", acrescentou.

Ilan Goldfajn, presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), conversa com jornalistas durante encontro de líderes financeiros do G20, no Rio de Janeiro - Tita Barros - 26.jul.2024/Reuters

Participando do evento por videoconferência, Goldfajn também destacou o potencial da região em entregar soluções para a pobreza e a fome no mundo, visto que parte relevante da produção de alimentos está em países latino-americanos.

Segundo ele, o mundo está muito fragmentado, e a América Latina não parece tão mal. Além de ser mais democrática do que outras regiões, com menos conflitos e guerras, há também uma conjuntura de estabilidade que não era comum no passado recente.

"Não temos mais tanto problema hiperinflacionário. Então, a percepção é de uma região em que você pode ter as cadeias de crescimento", disse, acrescentando a posição estratégica do Brasil na agenda da transição climática.

"Agora, ter oportunidade não significa que ela vai ser aproveitada. Nós já perdemos muitas", afirmou.

Para o presidente do BID, é fundamental trabalhar questões jurídicas e de segurança pública, problema que está afetando os investimentos na região, inclusive na amazônia.

"O cenário que temos hoje é muito desafiador, mas também é um cenário promissor para o Brasil. Vejo muito ruído, muita discussão de curto prazo, mas temos que mudar o canal", acrescentou.

A arte de prosperar, ficar rico e ser feliz, Ruy Castro, FSP

 Neste momento, há 101 influenciadores sendo investigados pela polícia no país. Alguma coisa a ver, talvez, com a biografia deles?

Pablo Marçal, 37 anos, chegado a cadeiradas por motivo justo, integrava em jovem uma quadrilha que desviava dinheiro de bancos. Depois, foi guia turístico em excursões de risco sem as devidas precauções, idealizador do imaginário kit gay e criador de um banco fantasma que aceitava depósitos. Até que se tornou coach digital e autor de livros como "A Arte de Prosperar", doutrinando seus seguidores a serem ricos e felizes. Para dar o exemplo, ele próprio prosperou, ficou rico e feliz. Hoje tem 29 empresas, um patrimônio de R$ 193 milhões e é ex-futuro prefeito de São Paulo.

Deolane Bezerra, 34, também deu duro para se realizar —quase três anos. Foi o tempo que levou para angariar 20 milhões de seguidores, conquistados um a um com vídeos sobre suas joias, roupas, festas, viagens e 12 mansões, fruto, segundo ela, de "lances ousados" em sites de apostas. "Sou viciada em vencer", explicou. É o segredo para quem quiser chegar aos píncaros como ela: apostar e vencer, vencer sempre. Deolane está atualmente atrás das grades, por suspeita de promover jogos ilegais e lavagem de dinheiro.

E o juiz Marcelo Bretas, 53, bolsonarista, evangélico e bombado (postou fotos recentes de seus músculos ao espelho), famoso por condenar o ex-governador do Rio Sergio Cabral a 500 anos, também vai bem. É professor de cursos de "impulsão profissional", em que ensina os alunos a "despertar a excelência contida em cada um" e "conquistar autoridade, respeito e influência". E nem precisam sair de casa —basta pagar R$ 2.700 por suas 25 aulas online. Está afastado do cargo de juiz, respondendo a processos por irregularidades no exercício da profissão.

Marçal, Deolane e Bretas são as estrelas da atividade que mais cresce no Brasil: a dos coaches e influenciadores digitais. É uma ciranda: a cada turma que eles "diplomam", saem mais coaches e influenciadores. Mas, se você acha que, com isso, não sobrará ninguém para influenciar, engana-se. Nasce um otário por minuto.

Pablo Marçal antes de debate na TV Cultura - Rubens Cavallari - 15.set.24/Folhapress

Paris reduz velocidade de anel viário para 50 km/h, e oposição reclama, FSP

 A capital da França, Paris, reduziu para 50 km/h a velocidade máxima de um anel viário de 35 quilômetros que contorna a capital, apesar dos protestos contra essa decisão, adotada em nome da saúde e da segurança viária. A medida passa a valer a partir desta terça-feira (1º).

O limite anterior, em vigor há uma década, era 70 km/h. A nova medida será aplicada progressivamente por trechos até 10 de outubro, quando for concluída a mudança das 160 placas dessa rodovia periférica, o boulevard périphérique, na Porte d'Ivry, um dos mais movimentados da França.

A imagem mostra dois trabalhadores em um canteiro de obras à noite. Um deles está em uma plataforma elevatória, instalando uma placa de limite de velocidade de 50 km/h, enquanto o outro segura a placa. Ao fundo, há um tráfego de veículos com faróis acesos e uma iluminação pública visível.
Trabalhadores da construção civil instalam placa de limite de velocidade de 50 km/h no anel viário de Paris, o boulevard peripherique, na Porte d'Ivry, em Paris - Thomas Samson - 30.set.24/AFP

"Vamos melhorar a qualidade de vida dos moradores", disse à imprensa o ecologista David Belliard, membro da equipe da prefeita de Paris, Anne Hidalgo, responsável pelo transporte. "O direito ao sono é muito importante."

O objetivo da prefeitura de Paris é diminuir o ruído e a poluição para mais de meio milhão de moradores ao redor dessa autoestrada urbana criada em 1973. Naquela época, a velocidade máxima era de 90 km/h, mas foi reduzida para 80 km/h em 1993 e para 70 km/h em 2014. O perímetro parisiense recebe 1,2 milhão de veículos diariamente.

A prefeitura ainda defende que a medida trará menor emissão de gases poluentes e uma redução de acidentes graves nesse eixo. Segundo o Airparif, órgão independente que monitora a qualidade do ar na região parisiense, quem mora perto do périphérique inala um ar pior.

PUBLICIDADE

Atualmente, a velocidade média durante o dia é de 37 km/h devido aos congestionamentos. Por isso, para a presidente do conselho regional que engloba a capital, a direitista Valérie Pécresse, trata-se de uma medida "socialmente injusta".

"Afeta quase exclusivamente os trabalhadores noturnos" nos arredores de Paris, que são obrigados a utilizar o anel periférico para cruzar a capital, afirmou Pécresse na rádio RMC.

Diante das críticas, Hidalgo concordou em realizar um balanço anual com o ministro dos Transportes, o conservador François Durovray. À frente de uma coalizão de socialistas, ecologistas e comunistas, a política tem como prioridade reduzir o uso do automóvel na cidade e combater a poluição ambiental e sonora que provocam.

Mas seus planos costumam esbarrar no governo. Ambas as instituições estão negociando atualmente a reserva de uma das faixas do anel periférico para carros compartilhados com dois ou mais passageiros.

A prefeitura busca assim perpetuar essa ideia, que já foi testada durante as Olimpíadas de Paris 2024, quando essa faixa foi reservada para equipes de emergência e veículos da organização.