domingo, 28 de julho de 2024

Lula usa TV para atacar herança de Bolsonaro e diz que manterá responsabilidade fiscal. FSP

 


BRASÍLIA

O presidente Lula (PT) usou o pronunciamento em rede nacional de TV e rádio neste domingo (28) para fazer críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pedir a volta da "paz" e do "humanismo".

O petista reafirmou também o compromisso em manter a responsabilidade fiscal, exaltou dados positivos da economia e jogou para o Banco Central a culpa pelos altos juros no país.

"Não abrirei mão da responsabilidade fiscal. Entre as muitas lições de vida que recebi de minha mãe, Dona Lindu, aprendi a não gastar mais do que ganho. É essa responsabilidade que está nos permitindo ajudar a população do Rio Grande do Sul com recursos federais", disse Lula.

O presidente Lula durante cerimônia de divulgacao dos resultados do Novo PAC Seleções, no Palácio do Planalto - Gabriela Biló/Gabriela Biló/Folhapress

Este foi o quarto pronunciamento feito por Lula em rede nacional desde que assumiu a Presidência da República em 2023. A gravação teve sete minutos e foi feita na sexta-feira (26), em Brasília.

No mesmo período da gestão anterior, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) havia feito oito discursos em cadeia nacional de rádio e TV, boa parte em razão da pandemia de Covid-19.

O pronunciamento de Lula ocorre em momento delicado para a economia do país e para o equilíbrio das contas públicas. O governo será obrigado a congelar R$ 15 bilhões no Orçamento deste ano.

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O bloqueio é necessário para que o governo cumpra as regras do arcabouço fiscal, e ao menos parte do dinheiro congelado pode voltar à Esplanada dos Ministérios a depender do resultado das contas públicas no próximo bimestre.

A tesourada preocupa os ministérios, que procuram formas para ficar de fora do bloqueio. O ministro da Defesa, José Múcio, foi diretamente ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para pedir para ser deixado de lado.

Outros ministros correm para empenhar despesas e blindar seus investimentos. O empenho é o estágio em que o governo se compromete com o pagamento de determinado gasto, o que impede o bloqueio.

Os detalhes do corte serão divulgados na terça-feira (30). A decisão final sobre quanto cada ministério perderá é de Lula.

O pronunciamento de Lula também é o primeiro desde que o governo virou foco de piadas nas redes sociais por decisões impopulares, como a sanção à lei que deu fim à isenção de imposto sobre compras internacionais de até US$ 50.

chamada "taxa das blusinhas" rendeu memes em que Fernando Haddad aparece com o apelido de Taxadd. A onda de publicações negativas para o ministro foi debatida pela cúpula do governo, que patina para responder às piadas no meio digital.

Mesmo que a inflação tenha desacelerado em junho, o preço dos combustíveis teve nova alta na última semana. A gasolina passou de R$ 6 pela primeira vez em dez meses.

Soma-se ao cenário as críticas públicas de Lula ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, pela manutenção da Selic (taxa básica de juros) em patamares elevados.

Em evento na sexta (26), Lula perguntou se Campos Neto não teria "respeito" à população por ter defendido uma eventual flexibilização dos pisos salariais de Saúde e Educação como forma de reduzir a inflação.

"Esses dias o presidente do Banco Central deu uma declaração para imprensa que não quis acreditar. O cidadão, jovem, bem sucedido na vida diz o seguinte: esse negócio de aumento do salário mínimo e massa salarial crescendo pode gerar inflação. Significa que, para não ter inflação, o povo precisa ganhar pouco? Será que essa pessoa não tem respeito?", disse Lula.

"Será que as pessoas pensam que alguém ganha salário mínimo porque quer ganhar salário mínimo? Será que pensa que Brasil é pobre porque quer ser pobre? Não. Dê oportunidade ao pobre que ele vai fazer como fez esse pernambucano aqui, virar presidente da República", afirmou.

Elio Gaspari Kamala Harris teve desempenho lastimável nos últimos 4 anos. FSP

 Joe Biden vem se despedindo da Presidência dos Estados Unidos com altivez e frases bonitas. Como a simpatia por Donald Trump pelo mundo afora é baixa, fica a impressão de que a subida de Kamala Harris para a cabeça da chapa democrata é uma solução quase mágica. Falso.

Biden saiu da disputa porque a sua capacidade foi questionada. Sem o desastre do debate com Trump, ele continuaria buscando a reeleição.

Mulher negra com terno claro faz saudação com o braço direito
Kamala Harris, atual vice-presidente dos Estados Unidos - Kamil Krzaczynski - 24.jul.24/AFP

Quanto a Harris, ela entrou na disputa melhorando a posição dos democratas nas pesquisas. Contudo, seu desempenho nos últimos quatro anos foi lastimável. Ela parecia seguir a lei de Stanislaw Ponte Preta (1923-1968): "O vice-presidente acorda mais cedo para passar mais tempo sem fazer nada".

Kamala Harris poderá derrotar Trump, mas terá que gastar a sola do sapato. Tomara.

O VALOR DO SILÊNCIO

De um diplomata americano ao tempo em que a Venezuela era governada pelo coronel Hugo Chávez.

Não digam que eu falei isso, mas brigar com o Chávez é como você entrar num chiqueiro para agarrar um porco. Vai perder.

O mesmo vale para o risco de se alimentarem bate-bocas com Nicolás Maduro.

O americano simplesmente ignorava o venezuelano.

Não digam que eu falei isso, mas brigar com o Chávez é como você entrar num chiqueiro para agarrar um porco. Vai perder.

O mesmo vale para o risco de se alimentarem bate-bocas com Nicolás Maduro.

O americano simplesmente ignorava o venezuelano.

EXEMPLO DO CNJ

O Conselho Nacional de Justiça está montando uma plataforma que unificará as consultas processuais junto a todos os tribunais do país. Se tudo correr bem, ficará pronta em dezembro.

Se o Ministério da Justiça e a Casa Civil estiverem interessados, podem copiar a iniciativa, fazendo com que as informações dos governos sobre segurança pública falem umas com as outras.

Elio Gaspari Haddad é um encantador de serpentes, FSP

 

Fernando Haddad é um encantador de serpentes. Com a meta do déficit público desacreditada e os ministros brigando para não cortar R$ 65 bilhões, ele propõe um imposto para os bilionários.

Se esse imposto mundial não colar, a culpa será dos outros.

Rosto de homem com expressão séria. Ele tem cabelo curto e olha para o canto esquerdo da imagem
O ministro da Fazenda, Fernado Haddad - Pedro Ladeira - 18.jul.24/Folhapress

A MALDIÇÃO DOS R$ 6

A gasolina bateu a marca dos R$ 6. É um mau número, mas pode-se conviver com ele. Na semana passada o dólar dobrou a esquina dos R$ 5,50.

Dólar a R$ 6 é algo que o governo não espera.

ALGUMA COISA MUDOU

As eleições municipais não antecipam os resultados presidenciais, mas colocam sinais no tabuleiro. A de 2020 sinalizou que a força do vendaval de 2016 havia perdido vigor.

Em 2022 muita gente dava como certa a eleição de um Bolsonaro para a Prefeitura do Rio. Nenhum Bolsonaro foi para a pista, e Alexandre Ramagem, afilhado do capitão, está devagar, parando.

Vale lembrar que Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, era vice de Bruno Covas. Seu bolsonarismo, além de parcial, é de ocasião.