quinta-feira, 6 de junho de 2024

Empresário reconstrói ponte no RS e prevê conclusão da obra em 15 dias, FSP

 

LAJEADO (RS)

"Quando a ponte estourou, fui até a empresa com o vídeo e falei que não teria lógica continuar trabalhando sem resolver o problema. A gente precisa se reconectar. A gente precisa se reconstruir."

A fala é do empresário Roberto Lucchese, diretor da construtora Lyall, do município gaúcho de Lajeado (a 120 km de Porto Alegre), localizado no Vale do Taquari.

Espaços da cidade foram devastados pela enchente há um mês, incluindo parte de uma ponte de ferro. É essa estrutura que Lucchese planeja entregar até o final de semana —a obra estava no 11º dia nesta quarta-feira (5).

A ponte era uma ligação secundária entre Lajeado e o município vizinho de Arroio do Meio. A principal estrutura que conectava as duas cidades, pela RS-130, também caiu com a força das águas. Nesse local, o Exército instalou uma passadeira provisória, que só recebe pedestres.

Ponte de ferro é reconstruída entre os municípios gaúchos de Lajeado e Arroio do Meio - Anselmo Cunha/Folhapress

Segundo Lucchese, a reconstrução da ponte de ferro é uma tentativa de amenizar o caos logístico que se instalou na região. A nova estrutura poderá receber carros e motos em um sentido de cada vez, a exemplo do que já ocorria antes da enchente. Caminhões não podem trafegar pelo local.

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"Estamos fazendo isso para que o paciente [Vale do Taquari] não morra", afirma o empresário.

A meta é concluir o içamento da estrutura até sexta (7); até domingo (9), 15º dia do projeto, a intenção é liberar o trânsito na via.

O empresário afirma que, ao perceber o caos logístico criado pela tragédia ambiental na região, procurou as prefeituras de Lajeado e Arroio do Meio para apresentar o plano de reconstrução. Com o aval do poder público, a obra teve início, conta ele.

De acordo com Lucchese, a ponte tem em torno de 51 metros de extensão, e o custo total deve ficar na faixa de R$ 2 milhões a R$ 2,2 milhões.

Dessa quantia, de R$ 1,2 milhão a R$ 1,4 milhão sairão do caixa da Lyall, diz o empresário. O restante da despesa, que inclui doação de material, será dividido entre empresas parceiras e o poder público –o diretor cita a Prefeitura de Lajeado.

Roberto Lucchese, diretor da construtora Lyall, na estrutura da ponte de ferro que está sendo reconstruída entre Lajeado e Arroio do Meio - Anselmo Cunha/Folhapress

"Ninguém tem na faixa de R$ 1,5 milhão sobrando. A grande questão é que a gente precisa reconectar o vale. Não tinha como seguir com o nosso trabalho e não dar atenção para o vale, que faz a empresa acontecer", afirma.

Sem as duas pontes, há casos de moradores que não conseguem fazer a travessia por meio da passarela flutuante do Exército, ele diz. E afirma que essa situação prejudica, por exemplo, pessoas em tratamento contra o câncer.

"No Vale do Taquari, a gente tem mais ou menos 300 mil pessoas desconectadas. Lajeado, a capital do vale, tem um grande centro oncológico."

A antiga ponte de ferro havia sido inaugurada em julho de 1939, quase 85 anos atrás, de acordo com informações disponíveis no site da Prefeitura de Arroio do Meio. A expectativa diária é de que 5.000 a 7.000 veículos utilizem a estrutura reformulada, segundo Lucchese.

Bruno Boghossian - Falar em anistia é estender tapete vermelho para golpistas terminarem o serviço, FSP

 Foi uma ação entre amigos. A presidente da comissão mais importante da Câmara procurou Jair Bolsonaro para discutir um projeto de anistia aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023. Caroline de Toni (PL) escolheu um aliado do ex-presidente como relator e prometeu incluir a proposta em pauta.

Até as paredes do Congresso sabem que a ideia de anistiar os presos de 8 de janeiro seria a inauguração de uma farra que incluiria o próprio Bolsonaro. A presidente da CCJ tentou disfarçar e disse que o ex-presidente não pediu para ser incluído na proposta. "Olha a altivez do nosso presidente Bolsonaro em não visar o seu próprio interesse", exagerou.

O plano de livrar o ex-presidente da prisão e talvez anular sua inelegibilidade é uma trama conduzida à luz do dia. A ideia é começar pelos "injustiçados do dia 8 de janeiro" para fingir que Bolsonaro nunca preparou um golpe de Estado, nunca pediu ajuda de militares de alta patente e nunca recebeu apoio de parlamentares que, hoje, tentam blindá-lo.

A pressa e a criatividade desses agentes sugerem que o ex-presidente não está disposto a esperar um julgamento. Em outra frente, a Câmara pôs em pauta uma proposta que invalida delações feitas por réus presos. Não por acaso, a PF está prestes a indiciar Bolsonaro em inquéritos turbinados por depoimentos do tenente-coronel Mauro Cid.

A ideia de passar uma borracha nos crimes do ex-presidente só vaga pelos corredores do Congresso porque tem a simpatia do centrão —numa mistura de corporativismo e gratidão pelas benesses extraídas do governo passado. Algumas propostas têm apoio de cardeais de partidos da base de Lula e ressoam na Esplanada dos Ministérios.

O argumento mais vendido nessa feira é uma necessidade de pacificação do país. Como não se pode atribuir aos parlamentares nenhuma ingenuidade, o mais provável é que tenham sido tomados pelo cinismo. Falar em anistia é estender um tapete vermelho para que os golpistas voltem e terminem o serviço.