Em 18/01/2017 Guia de Investimentos
Mesmo com uma captação líquida de R$ 10,7 bilhões em dezembro, maior valor desde dez/13, a poupança encerrou o ano de 2016 com perda líquida de recursos de R$ 40,7 bi, segunda pior marca anual registrada, melhor apenas do que o ano de 2015, quando a perda foi de R$ R$ 53,6 bi.
Apesar do resgate líquido de recursos ter sido bastante grande em 2016, o saldo final acabou ficando em R$ 665 bi, representando um aumento de 1,28% em relação ao saldo final de 2015, que havia ficado em R$ 656,6 bi. Este aumento se deve ao rendimento de 8,3% da poupança no ano que acabou compensando os resgates líquidos ocorridos no ano passado. No gráfico abaixo, ilustramos as captações/resgates líquidos e saldos ao final de cada ano.
Desde 2014, a poupança não registrava dois meses consecutivos com captação líquida. Normalmente, os meses de dezembro apresentam um volume de captação líquida maior do que os demais meses do ano, sendo o principal motivo o recebimento do 13º salário. Em 2016, apesar da crise e de boa parte da população estar endividada, o mês de dezembro registrou a maior captação líquida desde dezembro de 2013 (quando houve entrada líquida de R$ 11,2 bi), com R$ 10,7 bilhões.
Uma das explicações para o motivo de haver tantos resgates na poupança aparece no gráfico abaixo, em que são exibidas as rentabilidades da poupança apurada pela regra nova, e o CDI, a principal taxa de referência para o mercado de renda fixa. Plotamos também as rentabilidades de um CDB que paga 86% do CDI, valor usualmente pago pelos grandes bancos a pequenos investidores. Vale lembrar que, quando a taxa Selic superou os 8,5% ao ano, a rentabilidade da poupança nova passou a ser idêntica à da regra antiga (TR + 6,17% ao ano). Como a poupança é isenta de imposto de renda (IR), para uma comparação mais justa, calculamos as rentabilidades do CDI e do CDB já líquidas de IR (usando alíquota de 15%). Exibimos também as diferenças de rentabilidade entre CDI (já excluída de IR) e poupança, e CDB (também excluída de IR) e poupança.
No primeiro semestre de 2013, quando a taxa Selic ainda estava abaixo de 8% ao ano, a poupança antiga chegou a render mais do que o CDI líquido de IR, o que explica a captação líquida positiva recorde da poupança em 2013 de R$ 71,05 bi, mostrado no primeiro gráfico. No entanto, com as sucessivas altas da taxa Selic, o CDI passou a render consideravelmente mais do que a poupança. Nos últimos meses, o CDI (já excluído o IR) rendeu entre 0,25% e 0,29% a mais do que a poupança (ver linha azul claro do gráfico acima). Já o CDB para pequeno investidor rendeu 0,12 a 0,15% a mais do que a poupança (linha verde).
Entretanto, com os cortes recentes da taxa Selic, os rendimentos de aplicações como o CDB-DI passaram a cair, ainda que de forma suave. No entanto, com a sinalização por parte do Banco Central de que a taxa Selic passará a cair mais rapidamente, 2017 será um ano em que o rendimento de investimentos atrelados ao CDI cairá significativamente, com a tendência de que a diferença em relação ao rendimento da poupança volte a se reduzir.
Observando os ganhos anuais, o CDI já com o desconto de 15% do IR (para quem deixará o dinheiro investido por 2 anos ou mais) teve um ganho adicional, em relação à poupança, maior em 2016 do que nos 9 anos anteriores.
Já em relação ao IPCA, a poupança registrou um ganho real de 2,02% em 2016, maior valor desde 2009, quando teve ganho superior à inflação de 2,61%. Com a expectativa de que o IPCA feche 2017 no centro da meta de inflação (4,5%), é bastante provável que o ganho real da poupança neste ano seja melhor do que em 2016.