domingo, 26 de maio de 2013

Como o nordeste virou a china brasileira - CLAUDIO DE MOURA CASTRO

REVISTA VEJA


Há 15 anos, o empresário sergipano João Carlos Paes Mendonça não tinha investimentos em shopping centers. Hoje, seu grupo, JCPM, é um dos cinco maiores do país no setor, com participação acionária em 11 shoppings. Seu sucesso é consequência e causa do crescimento econômico do Nordeste, onde ele concentra seus empreendimentos.Nos últimos 15 anos, a região, com mais de 53 milhões de habitantes (27% da população brasileira), deixou de ser vista como um caso de crise e pobreza sem solução. Entre 1995 e 2009, o PIB nordestino cresceu 53,4%, 14% acima da media do país. O crescimento nordestino é consequência de três movimentos: injeção de dinheiro público na economia local (com obras de infraestrutura c programas de renda mínima), crescimento de empresas locais (como o grupo JCPM) e atração de empresas multinacionais e de outras regiões do país.
Maior bolsão de pobreza do Brasil, com metade da população nas classes C, D e E, o Nordeste foi o principal beneficiário da queda da inflação, a partir de 1994, e dos programas de redistribuição de renda, como o Bolsa Família, desde 2003. O Nordeste recebe metade dos recursos distribuídos pelo Bolsa Família (R$ 4,2 bilhões, nos quatro primeiros meses deste ano). A região também é foco prioritário das obras de infraestrutura do governo federal. No governo Lula (2003-2010), 18% dos investimentos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) contemplavam o Nordeste. "O valor orçado era superior ao PIB da região", diz Alexandre Rands, economista da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Com os repasses do Estado, o vento de prosperidade sobrou o mercado nordestino de baixo para cima. Beneficiou desempregados, trabalhadores, pequenos e grandes empreendedores locais, como Paes Mendonça. Entre 2008 e 2010, a taxa de sobrevivência de empresas no Nordeste superou a média nacional. "O custo Nordeste é muito menor que o alisto Brasil", diz Edênio Nobre, diretor do BicBanco, banco cearense especializado em empresas de pequeno e médio porte. Segundo o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), os pequenos negócios já são responsáveis por 58,2% dos empregos com carteira assinada no Piauí. "O empreendedorismo está em alta, num ambiente próximo ao pleno emprego", diz Luiz Barretto, presidente do Sebrae. De 2002 a 2012, a região criou mais postos dc trabalho que a média nacional. O impacto direto desse desenvolvimento pode ser visto na evolução da renda média por habitante. No Nordeste, ela foi maior que a média nacional. Isso permitiu uma inversão no tradicional movimento migratório de nordestinos para o Sudeste. Ele encolheu 5%, desde os anos 2000. No mesmo período, o número de não nordestinos que decidiram se estabelecer na região cresceu 14%. "Isso é importante, pois estamos falando da região mais difícil do país", diz João Policarpo Lima, pesquisador da UFPE.

Para Paes Mendonça, o maior dinamismo da economia local foi a oportunidade para lançar empreendimentos de maior valor agregado uma transformação relevante, numa família que testemunhou o crescimento da economia da região. Desde os anos 1930, seu pai, Pedro, era dono de mercearias. Na década de 1960, a família passou a investir em supermercados, como a rede Paes Mendonça.

Em 2000, ele se afastou do varejo. Vendeu os supermercados Bom Preço e o cartão de crédito Hipercard, para montar o grupo JCPM. Além de 11 shopping centers, o JCPM atua nos setores imobiliário e de comunicações. E hoje o maior grupo empresarial da região."Um novo mercado se abriu para profissionais mais qualificados, salários mais altos e consumidores mais exigentes", diz Paes Mendonça.

Multinacionais foram atraídas para o Nordeste: Mondeis International (antiga divisão de guloseimas da Kraft Foods), Fiat, Ford e CocaCola são exemplos. "As empresas instalaram-se atraídas por um mercado proporcionalmente maior que a renda gerada na região, dada a grande transferência de recursos do governo federal", afirma Rands, da UFPE. Além do potencial do mercado consumidor emergente, pesaram na decisão das empresas incentivos fiscais generosos, como isenção de ICMS, e a presença de portos integrados a polos industriais. É o caso dos portos de Camaçari, na Bahia, e de Suape, em Pernambuco. Sede da fábrica da Ford na Bahia, Camaçari responde por 30% do PIB do Estado.

A industrialização faz o Nordeste seguir os passos do desenvolvimento trilhados pelo Sudeste há seis décadas.
Há um longo caminho a percorrer. As carências mais significativas estão no semiárido nordestino, desprovidas do dinamismo econômico das capitais litorâneas. Apesar das obras do PAC, portos, aeroportos e estradas são ineficazes. "A falta de infraestrutura ainda é um entrave. Não temos estradas suficientes", diz Paes Mendonça. "Nem ferrovias que sirvam de alternativa." A educação também preocupa. Em 2007, quase 20% da população nordestina com mais de 15 anos não sabia ler ou escrever, ante a média nacional de 10%. A educação, como em todo país, deve ser prioridade.

Já para o armário - GUILHERME FIUZA


domingo, maio 26, 2013


REVISTA ÉPOCA
A causa gay, como todo mundo sabe, virou um grande mercado comercial e eleitoral. Hoje, qualquer político, empresário ou vendedor de qualquer coisa tem orgulho gay desde criancinha. Se você quer parecer legal perante seu grupo ou seu público, defenda o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Você ganhará imediatamente a aura do libertário, do justiceiro moderno. Você é do bem. Em nome dessa bondade de resultados, o Brasil acaba de assistir a um dos atos mais autoritários dos últimos tempos. Se é que o Brasil notou o fato, em meio aos confetes e serpentinas do proselitismo pansexual.
Conselho Nacional de Justiça decidiu obrigar os cartórios brasileiros a celebrar o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Tudo ótimo, viva a liberdade de escolha, que cada um case com quem quiser e se separe de quem não quiser mais. Só que a bondade do CNJ é ilegal. Trata-se de um órgão administrativo, sem poder de legislar e o casamento, como qualquer direito civil, é uma instituição fundada em lei. O CNJ não tem direito de criar leis, mas tem Joaquim Barbosa.

Joaquim Barbosa presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça é o super-herói social. Homem do povo, representante de minoria, que chegou ao topo do Estado para "dizer as verdades que as pessoas comuns querem dizer". O Brasil é assim, uma mistura de novela com jogo de futebol. Se o sujeito está no papel do mocinho, ou vestindo a camisa do time certo, ele pode tudo. No grito.


Justiceiro, Joaquim liberou o casamento gay na marra e correu para o abraço. Viva o herói progressista! Se a decisão de proveta for mantida, o jeito será rezar para que o CNJ seja sempre bonzinho e não acorde um dia mal-humorado, com vontade de inventar uma lei que proíba jornalistas de criticar suas decisões. Se o que o povo quer" pode ser feito no grito, o que o povo não quiser também pode. O Brasil já cansou de apanhar do autoritarismo, mas não aprende.

E lá vai Joaquim, o redentor, fazendo justiça com as próprias cordas vocais. Numa palestra para estudantes de Direito, declarou que os partidos políticos brasileiros são "de mentirinha". Uma declaração absolutamente irresponsável para a autoridade máxima do Poder Judiciário, que a platéia progressista aplaude ruidosamente.
Se os partidos não cumprem programas e ideias claras, raciocinam os bonzinhos, pedrada neles. Por que então não dizer também que o Brasil tem uma Justiça "de mentirinha"? Juízes despreparados, omissos e corruptos é que não faltam. Quantos políticos criminosos militam tranquilamente nos partidos "de mentirinha", porque a justiça não fez seu papel? A democracia representativa é baseada em partidos políticos. Com todas as suas perversões e são muitas -, eles garantem seu funcionamento. E também legitimam a ação de gente séria que cumpre programas e ideias, pois, se fosse tudo de mentira, um chavista mais esperto já teria mandado embrulhar o pacote todo para presente, com Joaquim e tudo.

A resolução do CNJ sobre o casamento entre homossexuais é uma aberração, um atropelo as instituições pelo arrastão politicamente correto. A defesa da causa gay está ultrapassando a importante conquista de direitos civis para virar circo, explorado pelos espertos. Um jogador de basquete americano anuncia que é homossexual, e isso se torna um espetáculo mundial, um frisson planetário. Como assim? A esta altura? A relação estável entre parceiros do mesmo sexo já não é aceita na maior parte do Ocidente? Por que, então, a decisão do jogador é uma bomba? Simples: a panfletagem pró-gay virou um tiro certo.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, dá declaração solene até sobre a opção sexual dos escoteiros. Talvez, um dia, os gays percebam que foram usados demagogicamente, por um presidente com sustentação política precária, que quer se safar como herói canastrão das minorias.

Ser gay não é orgulho nem vergonha, não é ideologia nem espetáculo, não é chique nem brega. Não é revanche.
Não é moderno. Não é moda. É apenas humano.

A luta contra o preconceito precisa ser urgentemente tirada das mãos dos mercadores da bondade. Eles semeiam, sorridentes, a intolerância e o autoritarismo. Já para o armário!

sexta-feira, 24 de maio de 2013

TV Cultura lança série sobre o setor elétrico


Em formato de roadmovie, cada episódio é parte do itinerário  de uma longa viagem voltada a explicar a equação: energia + meio ambiente + sociedade

Estreia na  TV Cultura no próximo domingo, 26 de maio, às 17 horas, a série Na Trilha da Energia, com cinco programas de 26 minutos que abordam as várias faces do setor elétrico brasileiro, da geração de energia a tomadas e interruptores de luz das casas dos consumidores.

Realizado pelo Instituto Acende Brasil e produzido pela Canal Azul,  Na Trilha da Energia  chama atenção para a importância do setor elétrico brasileiro e as questões que envolvem o meio ambiente e a sociedade.

Para realizar a série, equipes da produtora Canal Azul viajaram de norte a sul do país, registrando de perto o funcionamento de usinas de variadas fontes, os caminhos pelas linhas de transmissãopara a distribuição de energia e a importância do uso racional desse serviço essencial para todo brasileiro.

A trilha
O ator Luciano Gatti é o protagonista de toda a série. Aventureiro, comunicativo e disposto a aprender, ele interage com as pessoas envolvidas, direta ou indiretamente, em todos os processos que envolvem 
a geração, transmissão e distribuição de energia elétrica.

Durante sua jornada, descobre lugares, registra avanços para a geração de energia, como uma usina a partir das ondas do mar; curiosidades como o maior linhão de transmissão do mundo em construção no Brasil; e histórias de cidades como Itá, em Santa Catarina, que se transformou em polo turístico com a chegada de uma usina hidrelétrica.

A trilha percorrida, de 15 mil quilômetros, passando por oito estados brasileiros, vai da primeira usina hidrelétrica construída no país às casas inteligentes que devem tornar-se realidade ainda neste século.

Ao longo do caminho, o telespectador tem oportunidade de entender a complexa cadeia que garante a chegada da eletricidade em cada casa, indústria, comércio, hospital, rua.

A série abre espaço, ainda, para uma imersão nas várias formas de se produzir energia e responde questões curiosas, como o formato das torres de transmissão que compõem o cenário das nossas estradas.

Luz para sempre?
De onde vem a energia? Por que apagões acontecem? O que são fontes complementares de energia? O que vamos fazer com o gás do pré-sal?

Durante os cinco programas da série, estas são algumas das questões que serão respondidas por especialistas, representantes de entidades governamentais do setor elétrico, ambientalistas, biólogos e engenheiros.

A série deu voz também à população para esclarecer dúvidas que vão das maneiras alternativas que existem para gerar energia ao seu uso eficiente.

De olho no futuro, Na Trilha da Energia mostra como acontece o planejamento do setor elétrico e o que se pode esperar futuro da eletricidade no Brasil, que ocupa o sétimo lugar no consumo de energia do mundo.

Neste raio-X sobre os caminhos da eletricidade, o telespectador vai conhecer grandes usinas em construção no  Brasil, como as de Jirau e Santo Antônio, e terá contato com projetos ambientais e comunitários que buscam equilibrar a equação "energia + meio ambiente + sociedade".

Na Trilha da Energia tem assinatura de roteiro e direção de Malu Tavares e Larissa Prado e foi realizada com recursos da Lei de Audiovisual.

No site http://www.natrilhadaenergia.com.br/ assista aos trailers, veja as fotos e saiba mais informações sobre a série.

Série: Na Trilha da Energia
Estreia: domingo, 26 de maio
TV Cultura, 17 horas