quinta-feira, 16 de maio de 2013

Deixa rolar


Celso Ming

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16 de maio de 2013 | 20h00
Celso Ming
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou nesta quinta-feira a garantir que a inflação está em queda e que vai continuar caindo.
É uma declaração que, em parte, tem a função de ajudar a varrer o surto de pessimismo que tomou o País, como neblina que envolve um pedaço de serra. Toda autoridade tem o dever de influenciar positivamente as expectativas para melhorar a eficácia das políticas adotadas, embora nem sempre faça isso com suficiente habilidade. Desse ponto de vista, a declaração do ministro cumpre função importante.

Mantega. Visão otimista (FOTO: André Dusek/Estadão)
Mas há um lado nessa declaração que precisa de reparo. Quando insiste em que a inflação vai cair, Mantega também repisa ponto de vista equivocado do governo Dilma: o de que não é preciso fazer nada para combater a inflação. É deixar rolar, que logo passa. Por trás dessa afirmação está o diagnóstico de que a maior parte da inflação foi provocada por choques de oferta, como enxurrada, que vai diminuindo logo depois que o aguaceiro deixa de cair.
Não dá para negar que há um bom pedaço da inflação provocado por choque de oferta, ou seja, provocado por quebra acentuada da oferta da mercadoria, seja qual for a razão. Isso vale para a inflação do tomate (de 150%, no período de 12 meses terminado em abril), da farinha de mandioca (146%), da batata inglesa (124%) e da cebola (62%). Nesses casos, a própria alta de preços incentiva o produtor a plantar e a normalizar a oferta. Contra esse impacto, nem o Banco Central nem o governo federal têm muito o que fazer, a não ser acionar, quando possível, estoques reguladores ou importações.
O problema é que outro bom pedaço da inflação, que em abril atingia a marca de 6,59% (em 12 meses), não tem a ver com choque de oferta, mas com aumento da demanda desproporcional à capacidade de oferta. Para atacar esse foco, o governo e o Banco Central têm muito o que fazer. A inflação de serviços, por exemplo, que teima em ficar acima de 8% ao ano, é consequência disso. Outra indicação de inflação de demanda acima do normal é mostrada pelo índice de difusão, que aponta o quanto a alta de preços está espalhada na economia. Em abril, o índice de difusão alcançava 65,8% dos itens que compõem a cesta do custo de vida.
O atual esticão de demanda é produzido por dois principais fatores: pela gastança do governo, substancialmente acima do previsto; e pelo aquecimento excessivo do mercado de trabalho, que cria renda acima do aumento de produtividade da economia.
Contra esse foco de inflação há dois principais antídotos: mais disciplina fiscal (contenção das despesas públicas) e redução do volume de dinheiro no mercado financeiro (alta dos juros). Quanto mais o governo cortar gastos, menos o Banco Central terá de diminuir a ração de dinheiro no mercado, ou seja, menos terá de subir os juros.
Infelizmente, o que se vê no governo é a propensão a gastar, tanto mais quanto mais esquentar o clima das eleições. Nessas condições, ou o Banco Central puxa pelos juros, ou a inflação será realimentada, apesar das afirmações em contrário do ministro.
CONFIRA
Aí está a evolução do Índice da Atividade Econômica até março.
Melhora. O resultado foi o esperado e traz boa notícia: o ano começa melhor do que terminou 2012. O avanço de 1,06% no primeiro trimestre (sobre o anterior) mostra que, em três meses, o PIB pode ter aumentado tanto quanto em todo 2012 (0,9%). O IPC-Br é indicador novo, feito para antecipar os dados do PIB (Contas Nacionais), mas até agora não havia conseguido. O Banco Central vai ajustando sua metodologia. Pode ser que tenha chegado à calibragem ideal. A ver.

Senado aprova a MP dos Portos por 53 votos a sete



Votação encerra batalha parlamentar que durou três dias e termina a apenas cinco horas do prazo final; governo pode vetar até cinco artigos

16 de maio de 2013 | 18h 52
Laís Alegretti, Tânia Monteiro, Anne Warth, Daiene Cardoso, Ricardo Della Coletta e Ricardo Brito, da Agência Estado
BRASÍLIA - A menos de cinco horas de perder a validade, o Senado aprovou nesta quinta-feira, 16, a Medida Provisória 595, a MP dos Portos, que pretende atrair mais investimentos privados para o setor portuário, aumentando a competitividade. O texto, que ficou duas madrugadas sendo discutido na Câmara dos Deputados (veja a galeria de fotos ao final do texto), segue agora para o Palácio do Planalto, que analisa a possibilidade de vetar até cinco artigos.
Plenário do Senado: votação às pressas, depois de sessão de mais de 20 horas na Câmara dos Deputados - André Dusek/Estadão
André Dusek/Estadão
Plenário do Senado: votação às pressas, depois de sessão de mais de 20 horas na Câmara dos Deputados
É possível que a presidente Dilma Rousseff, segundo fontes, opte por manter um ou outro item e regulamente algum por decreto, o que daria margem de manobra para o governo em questões técnicas.
Os senadores precisaram de sete horas para confirmar o texto que veio da Câmara, sem alterações. Até o início da noite, a base aliada deixou os senadores da oposição e os independentes se revezarem nos discursos em plenário, numa tentativa de inviabilizar a votação.
A principal reclamação foi sobre o pequeno tempo para discussão do texto no Senado. A senadora Ana Amélia (PP-RS) disse que o governo empurrou "goela abaixo" do Congresso a MP, que poderia ser mais discutida se tivesse sido enviada como projeto de lei. Para aplacar as críticas, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou que nenhuma outra MP será analisada se não chegar ao Senado com um prazo mínimo de sete dias.
No fim da tarde, os líderes aliados decidiram asfixiar manobras regimentais dos oposicionistas. A primeira iniciativa partiu de Renan Calheiros. Ele rejeitou um pedido do líder do PSDB, Aloysio Nunes Ferreira (SP), que queria apresentar novas emendas. Em seguida, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), deu o tiro fatal nas tentativas da oposição de prolongar a discussão. Um requerimento dele propôs a rejeição em bloco dos nove destaques e emendas apresentadas pela oposição. Foi aprovado em votação simbólica, abrindo caminho para votação do texto recebido dos deputados.
Câmara
O texto final da MP foi aprovado na Câmara perto das 10h da manhã de hoje. O texto-base recebeu o aval do plenário na terça-feira, mas os deputados levaram toda a quarta-feira, além da madrugada e da manhã desta quinta-feira para analisar os destaques - mais de 40 horas de apreciação da matéria.
A votação da Câmara foi marcada por manobras regimentais que atrasaram a sessão. Por volta das 7h da manhã de quarta-feira, os líderes do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e do PT, José Guimarães (CE), davam a derrota como certa. "A MP vai caducar", reconhecia Chinaglia. Foi quando o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), que liderou a rebelião da base aliada contra a MP, resolveu trabalhar a favor do governo.
Ele elaborou uma estratégia arriscada e propôs a Alves que encerrasse a sessão se o quórum mínimo de 257 deputados não fosse atingido em 30 minutos. Nesse momento, os deputados da oposição, que estavam em obstrução, registraram presença. Se não o fizessem na última sessão do dia, teriam falta computada e receberiam a pecha de ausentes. Além de ter desconto no salário, teoricamente.
O texto que saiu do Congresso ficou próximo do que o governo queria. Foi preservado o centro da proposta, com a possibilidade de abertura de terminais privados que movimentem cargas próprias e de terceiros. Para o governo, a mudança atrairá investimentos, elevará a concorrência e reduzirá preços.

Ônibus da capital terão internet grátis até a Copa


Caio do Valle - O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - Eles podem não ser os mais confortáveis, mas terão internet móvel grátis. Os ônibus de São Paulo passarão a oferecer banda larga sem fio até a Copa do Mundo de 2014, promete a Prefeitura. E a tecnologia disponível nos coletivos da capital será a mesma exigida pela Fifa para as cidades-sede do evento esportivo, ou seja, de quarta geração (4G).
O secretário municipal dos Transportes diz que uma empresa está sendo escolhida para o serviço - JB Neto/AE
JB Neto/AE
O secretário municipal dos Transportes diz que uma empresa está sendo escolhida para o serviço
O secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, diz que uma empresa está sendo escolhida para testar o serviço. O projeto-piloto deve começar neste mês. "A ideia é fazer na frota inteira e pôr 4G, que veio para ficar na cidade." Hoje, a frota tem cerca de 14,9 mil coletivos que transportam 9,8 milhões de passageiros por dia.
Enquanto isso, o conforto do transporte público só tende a diminuir, já que a Prefeitura autorizou o aumento do número de passageiros por ônibus. No dia 9, foi publicado no Diário Oficial da Cidade um decreto que reorganiza a licitação do setor, com orientações técnicas para cada tipo de veículo. A lotação foi ampliada em boa parte das categorias, sem mudança nas dimensões dos coletivos.
Não é a primeira vez que a Prefeitura promete a adoção de internet wireless. Em março do ano passado, ainda na gestão Gilberto Kassab (PSD), a São Paulo Transporte (SPTrans) anunciou que instalaria Wi-Fi em oito paradas do corredor de ônibus Campo Limpo/Rebouças/Consolação, entre a zona oeste e o centro. Mais de um ano depois, nenhum deles ainda tem conexão.
A mesma coisa ocorreu com o Terminal Santo Amaro, na zona sul: em dezembro de 2011, a SPTrans começou a oferecer internet sem fio. Hoje, os 210 mil usuários do espaço já não dispõem mais do benefício. No Terminal Lapa, na zona oeste, o serviço também chegou a ser prometido, mas não saiu do papel. A Prefeitura não informou se pretende reativar a internet nesses locais.
Internet. O uso de tecnologias digitais pela SPTrans não se restringe ao oferecimento de internet sem fio. O órgão criou, no fim de 2011, uma conta no Twitter (@sptrans_), onde publica informações como mudanças no itinerário das linhas. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) também tem uma conta no Twitter desde aquela época: @cetsp_.