| O Estado de S. Paulo - 24/04/2013 |
Segundo presidente da associação das usinas, cerca de um terço delas, em crise financeira, não terá como se qualificar para os financiamentos
A ajuda anunciada ontem pelo governo para o setor sucroalcooleiro chega tarde para muitas usinas. Segundo Elizabeth Faria, presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), pelo menos 30% das usinas não terão como acessar os financiamentos com juros reduzidos para renovação dos canaviais e estocagem de etanol - com graves dificuldades financeiras, não terão como se qualificar para esse crédito.
Nos últimos cinco anos, de acordo com Elizabeth, 40 usinas de açúcar e álcool paralisaram o processamento de cana no País, e, em função das margens negativas, mais 12 devem suspender as atividades neste; ano. Ela afirma, porém, que esses fechamentos não significam risco de desabastecimento, porque toda a cana disponível será processada e a produção de etanol deve crescer de 21 bilhões para 25 bilhões de litros.
A presidente da Unica considerou, porém, que a redução das taxas dos financiamentos de 8,5% para 5,5% ao ano, no caso das lavouras, e de 8,7% para 7,7%, no caso da estocagem, vai elevar a demanda pelos recursos do governo para o setor. Dados divulgados nesta semana pelo Ministério da Agricultura mostram que, de julho do ano passado a março deste ano, as usinas tomaram apenas R$ 135 milhões (6,8%) dos R$ 2 bilhões programados para estocagem e R$ 944 milhões (39>3%) para renovação e ampliação dos plantios com cana.
Para a Unica, a redução do PIS/Cofins (que, na prática, será zerado) deve até ajudar na competitividade do etanol em relação à gasolina, mas a entidade pondera que o benefício poderá ficar "parcialmente ou integralmente" com outros elos da cadeia (distribuição, varejo ou o consumidor, no caso de uma redução do preço final), e não apenas com o produtor.
Fôlego. Para Fábio Silveira, sócio da área macrossetorial da GO Associados, a mudança no PIS/Cofins dará fôlego ao usineiro. "A medida dará fôlego financeiro para que o produtor consiga ter gerenciamento financeiro da atividade alcooleira. É um dinheiro bem-vindo para rolar a dívida, investir em ampliação de área, ou mesmo para suprir o custo financeiro, por exemplo", disse.
Ele avalia que o segmento de etanol foi o mais prejudicado pela não correção do preço doméstico da gasolina aos padrões internacionais. Até o ano passado, o governo reajustava os preços da gasolina nas refinarias, mas reduzia a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) para não repassar o aumento aos consumidores. Como o etanol tem grande parte do preço definido pela paridade com a gasolina, o represamento da alta no reajuste do combustível de petróleo freou as possíveis altas também no álcool. / Célia Froufe, Renata Veríissimo, Venilson Ferreira e Gustavo Porto
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quarta-feira, 24 de abril de 2013
Novas medidas chegam tarde para 30% das usinas
Pelo futuro da Embrapa
O Estado de S.Paulo
Criada há 40 anos com a missão de gerar tecnologias para modernizar a agricultura brasileira, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) teve papel decisivo nas imensas transformações pelas quais passou o setor. As inovações tecnológicas produzidas por seus pesquisadores foram fundamentais para aumentar e diversificar as exportações, reduzir o preço dos alimentos e impulsionar o crescimento da indústria brasileira.
Os benefícios para os moradores das cidades foram enormes. Em 40 anos, a safra de grãos no Brasil quadruplicou e o preço da cesta básica caiu pela metade. A agricultura brasileira produz, por ano, o suficiente para alimentar mais de 1 bilhão de pessoas e gera excedentes que, exportados, ajudam a manter o saldo comercial do País, mesmo em anos de baixo crescimento, como 2012. O faturamento anual da indústria associada à agricultura ultrapassa R$ 500 bilhões.
A Embrapa é também reconhecida pela gestão eficiente de seus recursos humanos e financeiros. Seu balanço social, em 2011, mostrou lucro de R$ 17,8 bilhões. Ele foi apurado com base nos impactos de uma amostra de 114 tecnologias e 163 cultivares desenvolvidos pela empresa e transferidos para a sociedade. Cada real aplicado na Embrapa pela sociedade retorna multiplicado por 8,6.
Erros de gestão e direcionamento, no entanto, igualmente marcaram a história da Embrapa, bem como algumas indicações desastradas em sua diretoria e em gerências de suas unidades. Desmandos e equívocos, como os ocorridos em algumas de suas unidades de pesquisa, foram apontados pelo Estado. Mas os maiores problemas vieram de fora. Ao longo dos anos, decisões governamentais limitaram sua agilidade na contratação de pessoal e no uso de seus recursos e burocratizaram ao extremo a gestão da pesquisa.
Hoje, o orçamento da Embrapa é insuficiente e seus projetos sofrem falhas de continuidade. Como em qualquer instituição científica, seu processo de geração e adaptação de tecnologias implica investimentos volumosos em pesquisa aplicada e fundamental. Para ser competitiva, no longo prazo, a Embrapa necessita de recursos que lhe assegurem condições de enfrentar seus principais competidores internacionais. Os países desenvolvidos investem cerca de 3% do PIB agropecuário em pesquisa, ante 1,5% do Brasil.
A Embrapa precisa de um mecanismo para dinamizar sua relação com o setor produtivo e com o mercado de inovação tecnológica. A solução não está na abertura do capital, como propõem alguns políticos, mas, sim, e em parte, na abertura de uma subsidiária. Já foi aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado projeto de lei que cria a Embrapa Tecnologias S.A. (Embrapatec), subsidiária da Embrapa. Essa iniciativa deverá ser um passo novo e estratégico para o futuro da agricultura brasileira. A Embrapatec, uma sociedade por ações de capital fechado, poderá comercializar tecnologias, produtos e serviços gerados pela Embrapa, explorar suas marcas e aplicar recursos em investimentos e custeio da pesquisa agrícola. Terá a agilidade que o mercado exige e poderá obter os recursos de que a pesquisa precisa.
A Embrapa é também uma federação de redes. Suas unidades refletem os diversos elos da agricultura e pecuária em todos os sentidos: social, econômico e político. A empresa pretende ampliar sua atuação na África e na América Latina e ainda não tem uma atuação estruturada nas mídias sociais. Isso tanto no aspecto da interação e da articulação das suas próprias células quanto em sua relação com seu mercado atual e os que pretende conquistar.
Sem uma visão de futuro da agricultura e da sociedade, não há como definir os novos rumos da Embrapa. Suas ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação devem estar voltadas para os grandes desafios nacionais, em sintonia com as demandas da agropecuária, e buscar maior atuação em redes acadêmicas, econômicas e sociais. Não basta admirar a Embrapa e elogiar suas realizações. É necessário dar-lhe os meios para prosseguir seu trabalho, com sucesso, por mais 40 anos.
SP ganhará 4 grandes centrais de reciclagem
Tiago Dantas - O Estado de S.Paulo
Até junho do ano que vem, a Prefeitura pretende colocar em funcionamento duas megacentrais de triagem de material reciclável. Outras duas devem ficar prontas em 2016. A previsão é de que cada equipamento tenha capacidade para processar 250 toneladas de lixo por dia. A quantidade é um pouco maior do que as 240 toneladas que são processadas diariamente nas 20 centrais espalhadas pela capital.
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Paulo Liebert/Estadão
Hoje, só 1,8% do lixo do Município é reciclado
Para viabilizar o projeto, a Secretaria Municipal de Serviços firmou um acordo com as duas empresas que fazem a coleta de lixo. O contrato que a Loga e a Ecourbis têm com a Prefeitura já previa que elas construíssem mais 17 pequenas centrais.
A proposta do governo foi trocá-las por quatro unidades maiores. As primeiras duas unidades ficarão em Santo Amaro, na zona sul, e no Bom Retiro, no centro. As outras megacentrais ficarão em São Mateus, zona leste, e na Vila Guilherme, zona norte.
O secretário de Serviços, Simão Pedro, acredita que a mudança pode ajudar o governo a atingir a meta proposta pelo prefeito Fernando Haddad (PT) de aumentar de 1,8% para 10% a quantidade de lixo reciclado no Município. "Para atingir a meta, vamos ter de ampliar o serviço e a velocidade da coleta", afirma o secretário. "Hoje, dos 96 distritos, só 72 têm coleta seletiva. Temos de levar a todo o Município."
Críticas. Embora seja necessário aumentar a porcentagem de lixo reciclado na capital, a construção de centrais de triagem muito grandes podem causar prejuízos, segundo o presidente do Instituto Brasil Ambiente, Sabetai Calderoni, que é consultor da ONU para gestão de resíduos sólidos. "A iniciativa é muito boa, mas o ideal é descentralizar o tratamento do lixo para evitar o custo de deslocamentos pela cidade."
Calderoni afirma que, em geral, um terço de tudo o que se gasta com a gestão do lixo vai para o transporte do material. "Uma central capaz de tratar 250 toneladas por lixo por dia é muito grande. É praticamente o que produz uma cidade de médio porte, com cerca de 300 mil habitantes. O mais indicado é ter pequenas centrais. Por seu tamanho, São Paulo poderia ter centenas delas."
Custo. As novas centrais devem custar cerca de R$ 6 milhões, além de ter despesa mensal de manutenção de R$ 300 mil, segundo Pedro. Por outro lado, a venda do material reciclado pode render até R$ 2 milhões por mês, segundo cálculos da secretaria. "Esse valor deve ser dividido para todo o sistema de coleta, não só para a cooperativa que operar a central."
Cada equipamento seria destinado a uma cooperativa de catadores de material reciclável, mas a renda pode ser dividida. Cinco cooperativas aguardam autorização da Prefeitura para trabalhar. Além das quatro megacentrais, a Secretaria de Serviços estuda a construção de nove unidades menores.
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