A Justiça paulista condenou nove pessoas acusadas de formar uma quadrilha especializada no chamado golpe do amor, também conhecido como o golpe do Tinder.
A quadrilha, segundo denúncia feita pelo Ministério Público, utilizava aplicativos de relacionamento para se aproximar das vítimas e combinar encontros. Na hora marcada, a pessoa era abordada por criminosos armados e levada para um cativeiro, onde tomavam seus cartões bancários, telefone celular e senhas.
A fim de não despertar suspeitas dos sistemas antifraude das instituições bancárias, antes de começar a desviar os recursos, os criminosos procuravam conhecer o comportamento financeiro das vítimas: saber os tipos de transações que costumavam fazer, os valores e a frequência das movimentações.
Com isso, evitavam um bloqueio precoce das contas bancárias.
Na sentença em que condenou os acusados, o juiz Paulo de Mello afirmou que a quadrilha agia com "enorme sofisticação", dividindo-se em setores que cuidavam das diversas atividades necessárias para o crime.
Um setor, por exemplo, era incumbido de criar perfis falsos nos aplicativos de encontro. Outro era responsável por sequestrar as vítimas. Um terceiro cuidava dos cativeiros. Havia ainda uma equipe responsável por arregimentar pessoas dispostas a abrir contas bancárias e alugá-las para a organização.
Em outubro de 2022, segundo a denúncia do Ministério Público, um integrante da organização criminosa, fazendo-se passar por uma mulher de nome Maria Clara, marcou encontro com uma das vítimas na Vila Jaguara, em São Paulo.
Ao chegar ao local marcado, por volta das 20h20, a vítima foi rendida por três criminosos. O grupo o levou vendado para o cativeiro, um barraco de madeira sem janelas e com forte cheiro de urina e fezes.
Ele ficou cinco dias no lugar, período no qual a quadrilha conseguiu desviar R$ 220 mil por meio de diversas operações bancárias com seu cartão de crédito e débito.
Os criminosos também foram à casa da vítima, onde roubaram eletrodomésticos, bem como um automóvel.
Na decisão em que condenou os acusados, o juiz afirmou que as vítimas eram soltas apenas quando concluíam que haviam retirado todos os valores possíveis.
Foram condenados Alisson Porfírio (18 anos de reclusão), apontado como o líder do grupo, Wallace de Oliveira e Diego Lopes (18 anos e 4 meses) e Jaqueline Alves, João Warnava, Stephany Nunes, Paulo da Silva, Jairan Santos e Jéssica Jesus (15 anos e 9 meses dez)
Eles ainda podem recorrer.
A defesa de Alisson disse à Justiça que ele nunca integrou qualquer organização criminosa e que não existem provas de que ele tenha participado dos crimes
Diego disse ser inocente e que foi utilizado como "laranja", apenas cedendo sua conta bancária.
Wallace disse que a acusação não foi provada pelo Ministério Público e requereu sua absolvição.
Jairan e Jéssica Jesus disseram não haver provas de que participaram da organização criminosa.
Sthefany afirmou à Justiça que apenas emprestou sua conta bancária para uma amiga e que nada recebeu por isso.
Paulo afirmou não haver provas de que tenha participado dos crimes.
João disse que suas contas foram utilizadas por pessoas que aproveitaram de sua candura e ingenuidade.
Jaqueline declarou não ter participado de qualquer crime.
Nenhum comentário:
Postar um comentário