A empresa chinesa Spic, maior do mundo quando o assunto é geração de energia solar, acaba de estrear nesse segmento no Brasil com a inauguração de dois empreendimentos no Nordeste.
Com investimento de R$ 2 bilhões, os projetos no Ceará e no Piauí se somam a outras fontes operadas pela companhia, que tem como meta figurar entre as três maiores geradoras do país até 2025.
Para que os investimentos em energia limpa sigam crescendo, porém, a presidente da filial brasileira da companhia, Adriana Waltrick, defende a continuidade de subsídios.
"Dada a sobreoferta de energia, para viabilizar novos projetos a gente precisa ainda do desconto no fio, na distribuição e na transmissão. Para o futuro, cada indústria é diferente. A do hidrogênio [verde] deve necessitar de subsídios para poder se levantar, assim como aconteceu com a solar e a eólica", disse Waltrick no evento de inauguração do Complexo Panati, em Jaguaretama (CE), cidade a 240 km de Fortaleza.
O desconto no fio citado pela executiva é um subsídio para projetos de energia renovável no uso da linha de transmissão e que é pago por todos os consumidores na conta de luz. Uma MP (medida provisória) assinada em abril pelo presidente Lula (PT) prorrogou o prazo para que esses projetos ganhem o desconto.
Como mostrou a Folha, especialistas calculam que o impacto pode ser de R$ 6 bilhões ao ano dentro da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), que reúne subsídios do setor e são pagos na conta de luz.
O subsídio também foi defendido pelo governador do Ceará, Elmano de Freitas (CE), que esteve na inauguração do complexo solar no sertão cearense.
"Nós atuamos juntos ao presidente Lula para que esses benefícios, que estavam garantidos em lei para os investidores, pudessem ser prorrogados até que o leilão fosse feito e as linhas de transmissão pudessem ser viabilizadas", disse Freitas.
O governador ainda ressaltou a importância do marco legal do hidrogênio para o estado, que foi aprovado pelo Senado na quarta (19). Como teve alterações no texto, a proposta volta à Câmara.
Construído em cerca de 12 meses, o complexo solar do Panati tem capacidade instalada de 292 MWp (megawatt-pico), o suficiente para abastecer cerca de 350 mil residências.
O investimento da Spic Brasil no projeto foi de aproximadamente R$ 1 bilhão, dos quais 65% foram financiados junto ao Banco do Nordeste –o restante veio de recursos próprios.
Somada ao parque de Marangatu, em Brasileira (PI), a capacidade instalada total do complexo é de 778 megawatts, o que o torna no quarto maior do país, de acordo com a empresa. Aproximadamente 75% da energia gerada está comprometida em contratos de longo prazo, e a produção restante será vendida no mercado livre de energia (em que o consumidor negocia com uma comercializadora o preço da eletricidade).
A Spic Brasil comprou 70% de participação dos dois projetos na fase "greenfield" (feitos a partir do zero) em junho de 2022. A vendedora foi a Recurrent Energy, controlada pela Canadian Solar, e que fica como sócia minoritária dos empreendimentos.
Com 176 GW (gigawatts) de capacidade instalada globalmente, a Spic é uma das cinco maiores geradoras da China. Apenas na fonte solar são 71 GW.
No Brasil, ela também atua na geração hídrica, com a usina de São Simão (GO), na eólica, com dois parques na Paraíba, e na térmica, via participação no GNA (Gás Natural Açu), em São João da Barra (RJ). Com a inauguração dos complexos solares, ela passa a contar com 3.844,2 MW de capacidade instalada de ativos em operação no país.
O repórter viajou a convite da Spic Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário