Depois de sofrer abandono nas últimas duas décadas, a centenária estação ferroviária de Taubaté foi restaurada e será entregue nesta quinta-feira (27). O local foi transformado em espaço cultural e turístico e o uso da população está previsto para ocorrer em agosto.
Construída há 101 anos, a estação fazia parte da EFCB (Estrada de Ferro Central do Brasil) e é um importante representante do desenvolvimento econômico de Taubaté, além de ter sido um dos principais pontos de conexão para passageiros na rota entre São Paulo e Rio de Janeiro por meio da ferrovia.
A linha férrea, claro, hoje transporta apenas cargas, como quase a totalidade das ferrovias brasileiras —as exceções são a Estrada de Ferro Vitória a Minas e a Estrada de Ferro Carajás—, mas o abandono visto no local nos últimos anos gerava críticas justamente pela contribuição que teve para o desenvolvimento econômico da cidade e do Vale do Paraíba.
Taubaté, com 310 mil habitantes, é a segunda cidade mais populosa da região, atrás apenas de São José dos Campos (697 mil).
O prédio restaurado não foi o primeiro a abrigar uma estação ferroviária em Taubaté, numa história que remonta à segunda metade do século 19. A estação pioneira —demolida e inaugurada em dezembro de 1876—, deu lugar à atual, então mais moderna, 47 anos depois do início de suas operações.
Mas, assim como ocorreu com outras companhias ferroviárias, com o passar das décadas o transporte de passageiros foi gradualmente abandonado, até ser totalmente suprimido no trecho na segunda metade dos anos 1990.
O abandono que já existia no local foi acelerado desde então, principalmente após a concessionária MRS Logística —responsável pelo trecho ferroviário e por uma malha de 1.643 km em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo— deixar de utilizar o prédio, em 2005.
Sem grande movimentação no local, ausência de vidros, madeiras em péssimo estado, paredes deterioradas, telhado ameaçado, mato e mofo passaram a ser o cenário visto pelas pessoas que por ela passavam nos últimos anos.
O primeiro sopro de mudanças ocorreu em agosto de 2021, quando o conjunto da estação ferroviária de Taubaté foi tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), órgão paulista de preservação, o que incluía o armazém de carga, o leito ferroviário e a vila ferroviária.
Foi quando surgiu na história o Instituto I.S de Desenvolvimento e Sustentabilidade Humana, que obteve a cessão de uso do patrimônio, elaborou o projeto e executou a restauração, o que permitirá que a partir de agora o imóvel tenha uma destinação e volte a ter vida.
O restauro foi possível após investimento de R$ 9,5 milhões e envolveu BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), EDP, Gestamp, a concessionária MRS e o instituto.
Segundo a MRS, a previsão é que a estação seja aberta ao público em agosto, num espaço que abrigará museu, exposições, balcão de informações turísticas, gastronomia (bar e restaurante) e artesanato.
Numa rede social, o instituto publicou que "cada detalhe restaurado na estação é um testemunho do nosso compromisso com a preservação da história e a promoção da cultura". Via assessoria, o diretor-presidente do instituto, Rodrigo França, afirmou que a restauração é a realização de um sonho iniciado há 12 anos.
Já o diretor de relações institucionais da MRS, Gustavo Bambini, afirmou que a concessionária identificou a relevância do projeto para a cidade e o estado, para restabelecer o local devido à sua importância para o desenvolvimento do país.
"Um polo ímpar para o avanço do Brasil, como foi a estação ferroviária de Taubaté, hoje torna-se uma fonte de conhecimento, cultura e empreendedorismo. Sempre foi e continua sendo muito importante mantermos viva a história da ferrovia", disse.
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