Na lista de 33 deputados coautores do PL Antiaborto por Estupro, cuja urgência Arthur Lira aprovou em votação que durou 23 segundos, consta o nome de Alexandre Ramagem, que sonha em ser prefeito do Rio. Ou ele não esperava a reação negativa da sociedade, que gerou mobilização nas redes e protestos nas ruas, ou está pouco ligando.
Sua candidatura, imposta ao PL por Bolsonaro, não decola. Íntimo do ex-presidente e de seus filhos, ex-chefe da Abin investigado por arapongagem, eleito deputado federal pela primeira vez em 2022, Ramagem –ou Delegado Ramagem, alcunha com a qual pede votos– aposta em "sua essência de direita" para compensar a falta de experiência política e administrativa.
Pena que, sem poderes para intervir na segurança pública, atribuição de governos estaduais, tal essência resume-se em armar a Guarda Municipal, projeto que o atual prefeito e candidato à reeleição, Eduardo Paes, também defende e pode em breve ser aprovado na Câmara Municipal. Não foi a única rasteira que Ramagem levou de seu principal adversário e líder nas pesquisas.
O repórter Italo Nogueira revelou que Paes finaliza negociações para incluir em sua campanha o deputado federal Otoni de Paula, bolsonarista raiz que não conseguiu viabilizar a candidatura pelo MDB. A aliança seria mais um passo para atrair parte do eleitorado evangélico. Mesmo desfeita a ligação dentro da prefeitura com o Republicanos, partido da Igreja Universal, existe um pacto de não agressão com o ex-prefeito Marcelo Crivella.
Outra estratégia para minar o bolsonarismo é investir na zona oeste, a mais populosa da cidade, dominada por grupos paramilitares e onde o capitão e seus aliados estabeleceram um reduto eleitoral quase inexpugnável. Além do terminal Gentileza, que conecta a região ao Centro, e de um parque recém-inaugurado em Realengo, a favela do Aço, em Santa Cruz, está sendo urbanizada.
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