O ex-governador Rodrigo Garcia anunciou, nesta segunda-feira (11), sua desfiliação do PSDB, partido em que ingressou em maio de 2021 pelas mãos de João Doria e Bruno Covas para concorrer à reeleição do Governo de São Paulo no ano seguinte.
A saída de Rodrigo era especulada nos bastidores desde sua derrota nas urnas, dado que o ex-governador militou durante quase toda a sua vida pública no DEM (hoje União Brasil e antigo PFL), partido que abriga seu grupo político próximo. Aliados acreditam que ele quer disputar o governo paulista em 2026.
Em uma nota endereçada ao PSDB, Rodrigo elogia as gestões públicas tucanas e diz ser grato, mas pontua que deixa a legenda "convencido de que é tempo de mudança para todos nós".
A saída do ex-governador ocorre logo após a cúpula nacional do PSDB, comandada por Marconi Perillo, intervir no diretório estadual do partido em São Paulo para destituir da presidência o ex-deputado Marco Vinholi, que é um dos principais aliados de Rodrigo na sigla.
Políticos próximos de Rodrigo afirmam que, por enquanto, ele não deve ingressar em outro partido e que, de fato, há insatisfação com a intervenção nacional em São Paulo, estado que o PSDB governou por cerca de 30 anos.
Embora os tucanos paulistas tenham tentado pacificar as divisões internas, a novela para a escolha de uma nova executiva estadual dá a dimensão da confusão no partido e do desafio de reconstrução. Diminuído e fragmentado após a derrota de Rodrigo, o PSDB, que elegeu 172 prefeitos no estado em 2020, chegou a 238 em 2022 e hoje tem cerca de 30.
"Apresento hoje (11/03) minha desfiliação ao PSDB. Faço com a tranquilidade e a certeza de que deixamos, numa parceria de quase 30 anos nas gestões públicas de São Paulo e do Brasil, um modelo de governar, baseado em princípios que sempre conjugamos, aquele da proteção aos mais necessitados, da responsabilidade fiscal e da inovação na gestão", diz a nota de Rodrigo.
"Foram eles que me levaram a trabalhar em parceria com Mário Covas, quando ainda começava na vida pública, e que me nortearam e me guiaram durante todas as administrações até as eleições de 2022. Sou grato a essa jornada que me deu grandes oportunidades. Contudo, deixo o partido convencido de que é tempo de mudança para todos nós", conclui.
Desde que deixou o Palácio dos Bandeirantes, Rodrigo tem atuado discretamente na política. A saída do PSDB não deve interferir nas articulações que ele mantém, como o apoio ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), que busca a reeleição neste ano.
O ex-governador passou a maior parte de 2023 nos Estados Unidos, onde estudou inglês e negócios. De volta ao Brasil, abriu um escritório de advocacia tributária.
Em maio de 2021, a filiação de Rodrigo, então vice-governador, ao PSDB foi uma jogada de Doria para barrar as pretensões de Geraldo Alckmin, que pretendia concorrer ao Palácio dos Bandeirantes pelo PSDB. Alckmin acabou, então, migrando para o PSB para ser vice na chapa de Lula (PT).
Doria, que renunciou ao governo para ser candidato a presidente, mas viu seu plano naufragar, também acabou deixando o PSDB em outubro de 2022.
Como mostrou a Folha, a eleição de Vinholi para o comando da executiva do PSDB-SP, no último dia 6, foi contestada por uma ala do partido, que inclui o ex-senador José Aníbal e o prefeito de Santo André, Paulo Serra —ambos entusiastas de Eduardo Leite (PSDB-RS) e não de Doria.
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