Participei na semana passada de uma conversa na Universidade de Nova York sobre a popular proposta de uma "renda básica universal". Fiquei chocada ao ver que os filósofos que a defendiam tinham tão pouca preocupação. Um economista é pago para se preocupar.
A UBI, na sigla em inglês (Universal Basic Income), como essa ideia é chamada por seus amigos, é antiga.
Nos anos 1950, Milton Friedman, pelo lado liberal, e outro economista Prêmio Nobel, James Tobin, da Universidade Yale, este pelo lado progressista, propuseram um "imposto de renda negativo" para os pobres.
Seria um substituto para as dezenas de programas especiais, como os subsídios para habitação e para famílias com filhos, que distorcem os mercados, ou para as leis do salário mínimo (pense sem renda), que afastam os pobres totalmente do emprego.
Como economista e verdadeira liberal, eu aprovo o imposto de renda negativo. Como ajudar as pessoas sem dinheiro? Dando-lhes dinheiro, obviamente. Apenas não imagine que isso produzirá a igualdade de resultados ou mesmo a igualdade de oportunidades. Estas estão fora de alcance, eu já lhes disse.
Mas defensores recentes vão muito além de Milton Friedman e James Tobin.
A palavra "universal" é somente um dos problemas da renda básica universal. É totalmente impraticável dar muito para literalmente todo mundo. E também é impraticável dá-lo apenas aos pobres —a menos que todos os outros programas sejam interrompidos. E isso mesmo que os Estados Unidos e os estados brasileiros, que estão muito abaixo da França e da Suécia nesse sentido, peguem 30% ou 40% da renda para seus esquemas. Acrescentar uma grande renda básica universal eleva a porcentagem muito acima de 50%.
E então? Não somos uma grande família feliz que pode seguramente compartilhar sua renda com seus membros? Não. Tirar de Pedro para entregar a Paulo dá a Pedro pouco incentivo para trabalhar ou para inventar. O tamanho da torta diminui. E do outro lado da renda Paulo tem pouco incentivo para trabalhar.
Veja a Argentina, ou os filhos de pessoas muito ricas que passam as férias em Cannes. O tamanho da torta diminui de novo. O que é sensato para uma família de verdade, ou para um grupinho de amigos amáveis que dividem uma pizza, é loucura para uma economia de 332 milhões ou 213 milhões de pessoas.
A maioria das pessoas boas não entende isso. O país como família é romanticamente poderoso. Mas você deveria se preocupar.
Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves
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