sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Região Centro-Oeste lidera a geração de energia limpa no Brasil, FSP

 Luiz Antônio del Tedesco

SÃO PAULO

Os dados relacionados às fontes alternativas de energia no Centro-Oeste revelam como a região está empenhada em diminuir a dependência de combustíveis fósseis, minimizar impactos ambientais e reduzir gastos com energia.

Entre as cinco regiões do Brasil, a Centro-Oeste é a que mais utiliza fontes renováveis em sua matriz energética, com 58% do total. No caso específico da energia elétrica, 87% dela no Centro-Oeste vem de fontes renováveis, bem acima da média nacional (74%).

A biomassa produzida pelo setor sucroalcooleiro, que no país representa 17,5% da oferta de energia, é responsável por 33% da energia do Centro-Oeste. E os investimentos em pesquisa e inovação no setor de biomassa continuam crescendo na região.

 
Laboratório do ISI - Instituto Senai de Inovação em Biomassa, em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul
Máquina de pirólise, que decompõe estruturas da biomassa, no ISI Biomassa, em Três Lagoas (MS) - Divulgação

ALÉM DA ENERGIA

Uma das principais iniciativas tecnológicas para aprimorar o aproveitamento da biomassa foi a inauguração em Três Lagoas (MS), em dezembro de 2017, do Instituto Senai de Inovação em Biomassa, o ISI Biomassa.

Com investimento de R$ 35 milhões, a estrutura de 4.900 m², que ocupa os antigos galpões de manutenção da rede ferroviária Noroeste do Brasil, agrupa seis laboratórios de pesquisa aplicada, nos quais trabalham seis doutores, dois mestres, dois técnicos e dois estagiários.

As pesquisas ali desenvolvidas também são voltadas a aprimorar o rendimento da biomassa como fonte energética, mas vão muito além desse objetivo.

“Nosso lema é transformar biomassa para agregar valor”, diz Carolina Andrade, doutora em biotecnologia na Alemanha e diretora do ISI Biomassa. “Poucos países têm a disponibilidade de biomassa que nós temos aqui, mas não podemos simplesmente vender a biomassa como commodity. Nosso desafio é desenvolver tecnologias, em parceria com a indústria, para que isso se reverta em bens ao setor e ao país.”

“Queimar bagaço de cana para produzir vapor, todo mundo faz. Mas pegar uma parte desse bagaço e dele tirar produtos com alto valor agregado, como solventes e outras matérias-primas, é uma outra história”, diz José Paulo Castilho, engenheiro químico, coordenador de pesquisa do instituto.
 

E é por meio de processos químicos e biológicos que o ISI agrega valor à biomassa.

Um exemplo recente desse trabalho foi o desenvolvimento de um composto obtido do amido da mandioca para substituir uma resina derivada do petróleo que uma indústria de tintas usava na fórmula da massa corrida. O novo composto, além de ter a vantagem de não ser derivado do petróleo, reduziu o custo de fabricação do produto.

Carolina dá outro exemplo da importância das pesquisas. “Você planta um eucalipto e vai esperar sete anos para ver se aquela variedade é boa? Vai esperar quantos meses para ver se a cana é produtiva?

Usando técnicas e estratégias de biologia molecular, podemos identificar em laboratório, no genoma da planta, quais são as melhores variedades a serem exploradas. Então, se surge a pergunta ‘é possível eu avaliar a qualidade da cana ou do eucalipto antes de plantá-los?’, nós podemos responder: ‘Sim, é possível’.”

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