De Robin Brooks, economista-chefe do Institute for International Finance (IIF), de Washington, associação das maiores instituições financeiras privadas, apelidado "o careca" na Faria Lima:
"Muito animado com a América Latina e especialmente o Brasil este ano. A década perdida acabou. Os preços mais elevados das commodities e a geopolítica estão mudando os fluxos de capital em favor da América Latina."
"Os mercados concordam", acrescenta, citando o desempenho das moedas de Brasil e México, no topo do ano até aqui. Sua explicação:
"Existem três temas impulsionando os emergentes em 2023: queda da inflação nos EUA; fim do Covid zero na China; aumento do preço das commodities. Todos os três favorecem mais a América Latina, devido ao status de grande exportadora de commodities."
ESPERANÇA
O anúncio de Brooks pareceu conflitar com as manchetes americanas desta terça, com o Wall Street Journal destacando que o crescimento chinês caiu a níveis "quase históricos" e o New York Times saudando o "tropeço", que traria "medo" à economia chinesa.
Chineses em inglês, como Global Times e China Daily, já contrapõem que, "apesar da leve desaceleração no quarto trimestre devido a aumento nas infecções [de Covid], a China ainda superou a maioria das outras grandes economias no ano passado, incluindo os EUA".
Ecoando "o careca", a Bloomberg, que minimizou os 3% de crescimento chinês, ressalta que a "China desperta esperança de crescimento global em 2023" em meio aos sinais de recessão nos EUA.
Diz que "a reabertura da China está rapidamente se tornando o tema mais importante nos emergentes", para os investidores globais. E que "as projeções mostram que a segunda maior economia pode crescer 4,8% em 2023, em comparação com uma expansão de 0,4% nos EUA".
DE XI PARA LULA
Para o Brasil, desde a eleição de Lula, Pequim vem oferecendo "boas-vindas", na expressão usada pelo porta-voz da chancelaria ao ser questionado sobre a visita do novo presidente neste início de mandato, como relatado por Huanqiu (o Global Times em chinês) e Guancha.
As boas-vindas são sobretudo comerciais. A China liberou e agora "importa milho brasileiro em navio graneleiro pela primeira vez" (imagem no alto), notícia deste início de ano na agência Xinhua, por Renmin Ribao (Diário do Povo) e outros.
Também liberou uma série de produtos brasileiros com mais valor agregado, como o modelo E190-E2 da Embraer, farelo de soja e até mesmo, dias atrás, cana-de-açúcar transgênica.
E o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB), de Pequim, "vai ampliar financiamento para o Brasil", segundo o jornal Valor, com três operações em preparação, em infraestrutura. Ele foi criado "como alternativa a instituições como o Banco Mundial, dominadas pelos países desenvolvidos". Seu presidente, Jin Liqun, ex-vice-ministro de finanças da China, planeja visitar Brasília em abril.
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