Impedido de torrar dinheiro no cartão corporativo, Bolsonaro vai receber ajuda financeira de empresários para esticar a temporada na Flórida e fingir que a encrenca no Brasil não é com ele. A forma de pagamento causou admiração e espanto: foram acertadas seis palestras sobre política, ao preço de US$ 10 mil cada uma, além do contrato para escrever um livro de memórias.
Bolsonaro, que é um desastre vocal e não consegue completar uma frase, palestrante? Bolsonaro, que se orgulhava de ter aberto um clube de tiro por dia enquanto o país fechava bibliotecas, escritor? Nas redes, a turma não perdoou. Sugeriram que ele repetisse a performance da famosa reunião ministerial de 22 de abril de 2020 e explicasse ao público americano a relação entre liberdade e hemorroida. Quanto à obra autobiográfica, uma proposta de título se destacou: "Memórias Póstumas de um Capitão de Milícias".
Castigar e corrigir os costumes rindo-se deles é sempre um refresco para a cabeça e o fígado. Mas não se pode descartar a chance de Bolsonaro obter sucesso na nova profissão. Sobretudo nos EUA, que puseram Trump no poder (inspirando brasileiros a votar na extrema direita) e acabam de eleger deputado federal pelo Partido Republicano um falsário de Niterói (RJ).
O cardápio de temas com os quais Bolsonaro esteve envolvido ou dos quais foi protagonista é comparável ao da Bíblia: histórias de crueldade, ingratidão, fraude e perfídia. Ele poderia explicar sua atuação durante a pandemia à luz de um único conceito: "Não sou coveiro". Ou como fez para transformar em milícia particular parte das Forças Armadas e das polícias militares e Federal. Como conseguiu combinar seguidas tentativas de golpe de Estado sem sofrer impeachment e continuar agindo da mesma maneira depois de derrotado nas urnas.
Um palpite para a primeira palestra: "Como incentivei o garimpo ilegal e massacrei o povo yanomami".
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