Tirso de Salles Meirelles
A meta anunciada pelo novo governo de garantir a segurança alimentar dos brasileiros passa pelo fomento do agronegócio. Felizmente, o setor tem demonstrado sua elevada capacidade de responder ao desafio.
Não foi sem razão que, em sua posse, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, elogiou seus antecessores, inclusive os que ocuparam o cargo no governo Bolsonaro, lembrando que, nos últimos 20 anos, o país saltou de uma produção de 90 milhões de toneladas de grãos para mais de 300 milhões atualmente. Também enalteceu a importância do diálogo e sinergia com os produtores. Confirmou, assim, conhecer o setor.
Contudo, é preocupante a aparente falta de sintonia no olhar do atual governo para o meio rural. É o que se pôde inferir, por exemplo, na posse de Paulo Teixeira como ministro do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar, pasta agora criada. A presença de numerosos membros do MST e militantes de coletivos sugere que possam ter influência na gestão.
Aliás, "convite" nesse sentido lhes foi feito por Teixeira, ao dizer: "Venham para cima do ministério para que tudo possa acontecer". Mas esperamos que nada ocorra além da continuidade dos assentamentos, que estavam em curso no governo anterior, com a entrega de títulos de propriedade a agricultores familiares e a pessoas dispostas a trabalhar na terra. Tudo isso pode e deve ser feito de maneira ordeira e legal, com o uso de áreas devolutas.
Também cabe reiterar que a agropecuária nacional prima pela produção sustentável, ao contrário do que às vezes se propaga. Precisamos deixar isso claro a todos os responsáveis pelas políticas governamentais e ao mundo, pois no exterior há muito desconhecimento sobre a questão. Não basta o Brasil ser globalmente conhecido como potência do agro. É crucial o reconhecimento de que nossa produção é ambientalmente correta, pois isso agregará mais valor aos produtos.
As sinalizações positivas de políticas públicas corretas para o agro feitas pelo ministro Carlos Fávaro somente serão convertidas em realidade se houver equilíbrio na abordagem do setor, segurança física e jurídica no campo e intransigente respeito à propriedade particular, conforme consta da Constituição, bem como a coibição de invasões e depredações do patrimônio privado.
Qualquer retrocesso nesse cenário será muito nocivo para a agropecuária, o governo e, principalmente, a população brasileira, considerando a importância crescente da atividade para a economia, geração de milhões de empregos, renda e divisas de exportações.
Precisamos de convergência para a segurança alimentar, não de divisões ideológicas, que somente drenam a energia humana. É fundamental que os produtores rurais tenham tranquilidade e totais garantias para trabalhar. Esta é condição essencial para que continuem colhendo safras recordes, sendo protagonistas globais no segmento de carnes/proteínas/alimentos e no cultivo de commodities agrícolas. Assim, que prevaleça o bom senso no novo governo.
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