Até o final de 2020 a cidade de Nova York passará a cobrar para que automóveis e caminhões possam circular pela região mais movimentada de Manhattan. O principal objetivo da cobrança, além de melhorar o trânsito e a qualidade do ar, é levantar recursos para investir na rede de transporte público, em especial no metrô.
Nova York possui um amplo e já centenário sistema de trilhos subterrâneos que requer cuidados. Sobrecarregado e defasado em termos tecnológicos e físicos, o metrô possui estações em estado relativamente precário e vem sofrendo com atrasos e superlotação.
Ainda não estão definidos os valores a serem cobrados, mas especula-se que deverão girar em torno de US$ 12 por dia (R$ 46) para os carros de passeio e US$ 25 (R$ 97) para veículos pesados.
[ x ]
Discutem-se ainda possíveis isenções ou descontos para moradores da área afetada e em situações especiais, como consultas médicas e acesso a hospitais.
Tais políticas, no entanto, tendem a ser restritas, uma vez que um número elevado de gratuidades tenderia a elevar a tarifa, com a qual se pretende gerar US$ 1 bilhão (R$ 3,9 bilhões) por ano.
O plano prevê cobrança por meio de dispositivos eletrônicos e fiscalização amparada no sistema de câmeras que monitora a metrópole. Nova York é a primeira cidade americana a aprovar esse tipo de pedágio urbano —e poderá ser seguida por outras, como as congestionadas Los Angeles e San Francisco.
Outros grandes centros internacionais já implementaram medidas restritivas à circulação de veículos em determinadas áreas, casos de Singapura, Estocolmo, Milão e da pioneira Londres, que começou a adotar a taxação em 2003, a despeito da resistência da população.
Das grandes cidades brasileiras, São Paulo, a maior delas, é a única a praticar algum tipo de controle sobre a circulação de carros e caminhões —um sistema de rodízio no chamado centro expandido, que começou a funcionar de modo experimental em 1996.
O debate acerca da adoção de um pedágio urbano já foi levantado algumas vezes na cidade, mas não saiu do âmbito dos especialistas. Trata-se, sem dúvida, de medida que requer coragem política.
Pesquisa Datafolha realizada em julho de 2014 mostrou que 76% dos paulistanos eram contrários à iniciativa —o percentual subia a 80% entre usuários de carros.
O tema, no entanto, não deve ficar ausente da agenda municipal. Pelo contrário, trata-se de uma discussão a ser travada com vistas a investir em transporte público, aliviar o trânsito caótico e abrandar os efeitos da poluição ambiental.
Nenhum comentário:
Postar um comentário