Suspensão do aumento do diesel é um desastre sob todos os aspectos
Foi uma semana dramática. O ilustre ministro Paulo Guedes, o famoso “Posto Ipiranga” que ajudou a eleger Jair Bolsonaro, que insistia “não entender de economia”, mas prometia tirar o governo do cangote do setor privado e devolver a liberdade e a criatividade aos brasileiros, foi surpreendido por um despropósito.
Assustada com o ultimato do sr. Chorão (que está no seu direito), a Casa Civil, com a qual declara“ter um canal direto”, rendeu-se! Sugeriu ao presidente a lamentável suspensão do aumento do diesel aprovado pela Petrobras, cujo presidente, aliás, a engoliu sem soluço.
Trata-se do mesmo poderoso senhor que constrangeu os governos Dilma e Temer e que destruiu as perspectivas de crescimento do Brasil —além de desmoralizar o Supremo Tribunal Federal ao exigir o impossível: tabelar, para manter nas alturas, os fretes rodoviários.
O mais destrutivo para a credibilidade do governo é que Guedes estava em Washington, na reunião do FMI, para tentar convencer a comunidade econômica mundial de que agora é sério: o país decidiu dar oportunidade a uma política liberal!
O fato insólito, no mínimo malicioso, mas muito grave, é que Guedes não tenha sido informado, imediatamente, da decisão do presidente, quando as comunicações se fazem à velocidade da luz. A mais benigna das hipóteses sugere que se trata de uma lamentável falta de coordenação interna do governo. A pior, o leitor deduzirá facilmente...
Emparedado e perplexo diante da imprensa internacional sobre a medida que não conhecia, mas lembrava o pior dos governos voluntaristas que Bolsonaro prometeu corrigir, Guedes, depois de alguns segundos, desabafou “eu tenho um silêncio ensurdecedor para os senhores”.
A medida sugerida pela Casa Civil é um desastre sob todos os aspectos. Não só desmoralizou o “discurso liberal” do governo como provocou uma perda de valor da empresa da ordem de US$ 10 bilhões.
Esqueceu que a Petrobras não é uma empresa do governo. Ele é apenas um acionista de uma empresa de capital aberto, com papéis (ADRs) cotados no exterior. Vai ser acionada (na corte internacional) a pagar indenização, pelo menos aos acionistas estrangeiros.
É preciso insistir. Não há solução que resolva o problema do excesso de oferta de cargas (estimulada no governo Lula com crédito do BNDES) que previa um aumento do PIB de 4% ao ano e a diminuição da demanda de cargas gerada pela redução do PIB produzida pela recessão do governo Dilma, sem um ajuste do valor do patrimônio, como, aliás, aconteceu mais de uma vez no setor agrícola.
É o valor do frete que determina o valor do caminhão, não o contrário.
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