A movimentação dos atores políticos neste início de segundo turno permite medir a intensidade dos campos gravitacionais dos dois nomes da disputa. As adesões às chapas de Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) nas próximas semanas dará uma pista das alianças que podem moldar seus governos.
Quanto mais forte está um candidato, menor a necessidade de fazer concessões, ajustar discursos e moderar plataformas. Ao abrir vantagem sobre seu principal adversário, Bolsonaro atraiu o apoio de políticos interessados em se beneficiar de sua imagem ou derrotar o PT.
João Doria, candidato do PSDB ao governo de São Paulo, apostou nos dois prêmios. No próprio domingo do primeiro turno, declarou voto no presidenciável. O tucano até afirmou que não concorda com todas as posições de Bolsonaro, mas depois se orgulhou em dizer que deu seu apoio sem pedir “contrapartida”.
A onda que empurra o candidato do PSL nesta eleição colocou sua campanha em posição confortável. Políticos de diversos partidos decidiram se colar a sua candidatura sem a exigência de qualquer mudança em seu programa, por exemplo.
Haddad está em situação menos favorável. A adesão de Ciro Gomes (PDT) ao petista era tratada como um movimento óbvio, mas o ex-governador cearense fez jogo duro. Declarou apoio crítico ao PT e pegou um avião para a Europa.
A três semanas do segundo turno, os petistas decidiram apagar trechos do programa de governo e mudar alguns hábitos. Haddad interrompeu suas visitas a Lula na carceragem da Polícia Federal e desautorizou José Dirceu no horário nobre da TV.
A moderação era um aceno a políticos de centro e de direita para derrotar Bolsonaro. Ainda não funcionou.
O maior sinal de que as urnas eletrônicas são confiáveis é a derrota deRomero Jucá. O homem mais poderoso de Roraima, símbolo do establishment político, perdeu sua cadeira no Senado por apenas 426 votos.
Bruno Boghossian
Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).
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