quinta-feira, 7 de abril de 2016

Procurador pede prisão de ministro e secretário da Saúde por canabidiol, na FSP

O Ministério Público Federal pediu a prisão do ministro da Saúde, Marcelo Castro, e do secretário da Saúde do Estado de São Paulo, David Uip, por descumprimento de decisões judiciais que determinavam o fornecimento de canabidiol a duas crianças de Marília (a 435 km de São Paulo).
Outras sete crianças que foram beneficiadas por outras decisões judiciais também estão sem receber o canabidiol. O procurador da República Jefferson Aparecido Dias informou, por meio de assessoria, que também vai pedir a prisão dos responsável pelo descumprimento desses outros casos.
A substância, derivada da maconha, é usada no tratamento a doenças que provocam convulsão. Como não é produzida no Brasil, precisa ser importada. O uso não era legalizado no país, mas decisão recente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) permitiu o uso terapêutico do canabidiol.
De acordo com a Procuradoria, o pedido foi feito em 18 de março passado e está sendo avaliado pela Justiça Federal. Não há prazo para que isso aconteça.
Em nota, a Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo culpou as exigências da Anvisa para a entrega e informou que irá remanejar o medicamento da capital para os usuários de Marília ainda nesta sexta (8).
Já o Ministério da Saúde informou que está em contato com a secretaria estadual e que adotará as providências necessárias, em caráter emergencial, para o cumprimento da decisão judicial. Segundo a pasta, está acordado que a compra e a oferta do medicamento será realizada pela secretaria.
A reportagem também procurou a Anvisa, mas não houve resposta até a tarde desta quinta (7).
Segundo o Ministério Público Federal, a liminar que obrigava a entrega do medicamento Hemp Oil, concedida em abril de 2015, vem sendo desrespeitada desde janeiro deste ano. Por causa da interrupção no tratamento, os pacientes voltaram a ter convulsões.
Steve Dipaola/Reuters
A Cannabis plant is pictured at the "Weed the People" event as enthusiasts gather to celebrate the legalization of the recreational use of marijuana in Portland, Oregon July 3, 2015. Smoking marijuana became legal in Oregon on July 1, fulfilling the first step in a voter-approved initiative that will usher in a network of legal weed retail stores in 2016, similar to the systems already operating in neighboring Washington state and Colorado. REUTERS/Steve Dipaola ORG XMIT: POR022
Folha de maconha, usada em medicamentos contra convulsão
RESISTENTES AO TRATAMENTO
Os beneficiários são portadores de doenças como a encefalopatia epiléptica e a Síndrome de Lennox-Gastaut. Eles precisam do medicamento porque, segundo a Procuradoria, são resistentes ao tratamento padrão do SUS (Sistema Único de Saúde). Sem o canabidiol, os pacientes correm risco de morte.
De acordo com o Ministério Público Federal, "o atraso do cumprimento da decisão liminar, sem motivação idônea, representa ato de extrema gravidade em prejuízo à saúde das crianças e adolescentes". Segundo a Procuradoria, as famílias não têm dinheiro para arcar com a importação da substância.
A ação do órgão foi feita por meio de um projeto envolvendo uma universidade local, que atende pacientes infantis e juvenis com paralisia cerebral e existe há mais de dois anos. As crianças e o adolescente que recebiam o canabidiol do poder público estão entre os 50 atendidos pelo projeto, segundo a Procuradoria.

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