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Celso Ming
28 Fevereiro 2016 | 04h 32 - Atualizado:01 Março 2016 | 20h
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Petróleo nunca é assunto que diz respeito apenas aos mercados de
combustíveis ou de energia. Petróleo é principalmente tema de geopolítica.
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Enquanto a Opep concentrou perto de 30% da oferta global, a
economia do Ocidente permaneceu dependente de tudo quanto acontecia no pedaço
do mundo que os geógrafos denominam Oriente Médio.
Mas, a partir de 2005, o jogo começou a mudar. A produção de
óleo e gás de xisto, deixou os Estados Unidos autossuficientes e até mesmo
exportadores de petróleo. Os produtores do Oriente Médio, especialmente a
Arábia Saudita, sentiram que a nova relação econômica lhes tirava poder de
barganha.
A reação aconteceu em outubro de 2014, quando o cartel da Opep,
liderado pela Arábia Saudita, decidiu não reduzir a oferta, o pleito de então,
para dar mais equilíbrio ao mercado.
O objetivo declarado foi provocar queda de preços capaz de
inviabilizar os negócios dos recém-chegados produtores de óleo de xisto. Dessa
maneira, ficaria neutralizada parte da vantagem geopolítica dos Estados Unidos
recentemente adquirida. De quebra, seria prejudicado também o Irã, inimigo da
Arábia Saudita, que voltaria ao mercado (depois do boicote) com preços
aviltados.
A partir da decisão da Opep, os preços do petróleo despencaram
da altura dos US$ 100 por barril (de 159 litros) para os US$ 30, onde oscilam
hoje. A manobra saudita produziu efeitos inesperados. Em primeiro lugar,
derrubou os preços a níveis muito abaixo dos imaginados. Ninguém contava com
fundamentos de mercado tão desequilibrados. Em segundo lugar, não prejudicou
apenas a área do xisto, mas, também, membros da Opep, como Iraque, Equador e
Venezuela. Terceiro, acabou levando bom número de produtores a vender ainda
mais óleo para compensar, com mais volume, a queda de receitas e o
comprometimento do seu orçamento, decisão que contribuiu para aviltar ainda
mais os preços.
Um quarto efeito inesperado aconteceu na área do xisto. Embora
bom número de empresas tenha sido ao menos temporariamente alijado do mercado
ou ficado à beira da falência, o fato é que o setor passou a operar com custos
muito mais baixos, graças a avanços tecnológicos e operacionais.
O resultado prático é o de que o petróleo não precisará voltar
aos US$ 100 por barril para viabilizar o xisto. Bastará, provavelmente, que
retorne aos US$ 50 por barril, como tantos esperam, para recompor o setor.
Assim, outra vez, a equação geopolítica que a Arábia Saudita esperava alterar
voltará a ficar favorável aos Estados Unidos.
As sucessivas reuniões de países da Opep e de fora da Opep para
pressionar por redução da produção são tentativas aflitas de aumentar as receitas
dos produtores. O problema é que ninguém consegue convencer o Irã a que, depois
de quatro anos de boicote e de jejum, deixe de despejar seu petróleo nos
mercados. E há o risco do pouso forçado da China que faz o jogo contrário:
reduz a demanda de petróleo e embola ainda mais o jogo.
CONFIRA
Aí está a variação das cotações ordinárias (com direito a voto) da
Oi desde 30 de setembro de 2015.
Socorro!
A companhia de telefonia Oi tem uma dívida de R$ 60 bilhões, 30 vezes maior que seu atual valor de mercado. As tentativas feitas nos últimos 13 anos para salvar a empresa desembocaram num beco sem saída. Tudo se passa como se os atuais dirigentes esperassem socorro do governo. Mas o Tesouro é um pote quebrado. Mesmo se não estivesse quebrado, teria outras prioridades, como a capitalização da Petrobrás.
Socorro!
A companhia de telefonia Oi tem uma dívida de R$ 60 bilhões, 30 vezes maior que seu atual valor de mercado. As tentativas feitas nos últimos 13 anos para salvar a empresa desembocaram num beco sem saída. Tudo se passa como se os atuais dirigentes esperassem socorro do governo. Mas o Tesouro é um pote quebrado. Mesmo se não estivesse quebrado, teria outras prioridades, como a capitalização da Petrobrás.
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