Pós-graduações
na área ambiental capacitam profissionais para planejamento e gestão de
recursos hídricos 31/08/2015 - O Estado de S. Paulo - Júlia Marques
COMPARTILHE
São Paulo - Quando
a água falta na torneira, sobram desafios. Cursos de pós-graduação na
área ambiental ajudam a capacitar profissionais para atuar nesse cenário de
crise hídrica. As especializações são também a chance de se diferenciar
em um mercado que exige não só soluções rápidas e criativas, mas habilidade de
planejamento e gestão.
Para
o técnico ambiental Anselmo Alves do Nascimento, de 29 anos, a pós-graduação em
Gestão de Recursos Hídricos, no Centro Universitário Senac, é um passo
importante antes de assumir uma vaga na área de saneamento em uma empresa de
Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Lançado em março deste ano, o curso
inclui discussões e estudos de caso sobre a situação dos reservatórios.
“Um
professor nos levou para conhecer a administração da Represa Billings (na zona
sul de São Paulo) em uma aula sobre os usos múltiplos das águas. O curso
pode ser bem aplicado na prática.” Segundo a coordenadora da pós, Silene Bueno
de Godoy Purificação, ver de perto é uma das tônicas da especialização.
“As visitas técnicas mostram mais de um aspecto de determinada situação
na gestão da água.”
Tornar
sistêmico o conhecimento sobre o assunto é um dos desafios desse tipo de
formação. Longe de ser causada apenas pela falta de chuva, a questão
hídrica no País envolve dilemmas de setores diferentes. “Os alunos
estudam sobre uso e ocupação do solo, proteção da fauna e da flora.
Também aprendem sobre legislação”, explica Silene, que coordena ainda o
curso de Perícia Ambiental, também lançado neste ano pelo Senac.
A
turma mista, com profissionais de Engenharia, Biologia, Geografia e até
Direito, é uma vantagem, segundo Nascimento. “Todo mundo pode contribuir.
A natureza é dinâmica, e o curso faz a gente pensar de todas as formas.”
A
diversidade de alunos também é uma realidade na pós em Gerenciamento de
Recursos Hídricos e Planejamento Ambiental em Bacias Hidrográficas, da
Universidade Estadual Paulista (Unesp), que recebe de psicólogos a arquitetos.
Com
aulas no câmpus de Ourinhos, o foco é a realidade local da bacia do
Paranapanema, no interior do Estado.
Um
dos objetivos da especialização é estimular pesquisas na área. “Meu projeto
de conclusão de curso é sobre as matas ciliares na bacia do Paranapanema”,
explica o geógrafo Rafael Dantas, de 30 anos, que está concluindo o curso.
A terceira edição da pós da Unesp ainda depende de recursos financeiros
para ser lançada.
Segundo
Rodrigo Lilla Manzione, coordenador do curso, além dos assuntos técnicos, o
poder também é tema explorado na grade da especialização: “a geopolítica é
importante para entender as relações construídas ao longo dos anos que acabam
fazendo a diferença para o surgimento de conflitos pelo uso da água”.
As
disputas dentro do contexto da crise hídrica também são analisadas na
especialização no Senac. “Hoje vivemos uma situação muito conflituosa no
abastecimento. Os alunos trabalham técnicas de negociação. É
preciso saber lidar com isso para fazer uma gestão adequada.”
As
especializações também podem ser o primeiro passo para novas práticas entre
profissionais que já atuam na área. Para Rodrigo Chimenti Cabral, de 33
anos, a pós em Engenharia de Saneamento Ambiental no Mackenzie teve gosto de
invenção. Com a ajuda de professores especialistas, o engenheiro civil,
que procurou o curso depois que começou a trabalhar na Companhia de Saneamento
Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), desenvolveu um mecanismo que reduz a
perda de água na distribuição - uma das principais causas do desperdício.
“Me ajudou a abrir mais a visão sobre meu trabalho e inovar.”
Segundo
Dante Ragazzi Pauli, professor da pós, a crise hídrica estimula os
profissionais a buscarem formação específica. “O tema acaba fazendo parte
de todas as matérias. É um grande mote.”
Os
mananciais mais afetados do Estado e obras de transposição são assuntos
discutidos nas aulas. “Também abordamos o que outros países têm feito
para superar a crise.
Água
ganha destaque mesmo em pós sobre outros temas
Mesmo
cursos que não são específicos sobre a gestão de recursos hídricos já trazem em
suas disciplinas assuntos sobre a crise da água. É o caso do Master em Gestão de Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (FGV).
“O
tema da água é olhado na perspectiva de estratégia de negócios”, explica Paulo
Branco, professor da disciplina de Sustentabilidade e Estratégia Empresarial.
Os alunos estudam não só o impacto da crise para os negócios como
oportunidades de inovar e lidar de forma mais responsável com a água.
“O
curso discute como a empresa lida com desafios da atualidade. E um deles
é a questão hídrica”, explica Mariama Vendramini, de 30 anos, que fez a
especialização na FGV e atualmente trabalha como diretora comercial e
financeira de uma empresa de investimentos ambientais.
Conhecimentos
sobre legislação ambiental também se tornam cada vez mais importantes.
Licenciamentos e trabalhos de consultoria e perícia na área demandam
profissionais afiados nas leis.
“A
sustentabilidade passou a ser um item de concorrência entre as empresas.
Para ser sustentável, é preciso cumprir todos itens da legislação”,
explica Consuelo Yoshida, coordenadora da pós em Direito Ambiental da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Para
Murilo Damato, de 56 anos, que atua como consultor na área de qualidade da
água, o curso da PUC-SP ajuda no diálogo com advogados. “Quanto maiores
os conflitos, mais evidente fica o papel da questão legal”.
Agência
Nacional de Águas oferece cursos gratuitos para jovens
- See more at:
http://www.gvces.com.br/em-busca-de-solucoes-criativas-para-a-crise-da-agua?locale=pt-br#sthash.5PvV3X6m.dpuf
Nenhum comentário:
Postar um comentário