quinta-feira, 21 de abril de 2016

O golpe, por Alvarão

Caros, tentando ajudar nas análises.
Em meu entender a essência do golpe em curso está na decisão do grande poder econômico internacional e nacional em dar um fim a experiências de governos nacionalistas e populares, pois que não poderia admitir o sucesso dessas experiências e seu suporte ao surgimento de um outro poder econômico independente representado pelos BRICS e suas alianças com países do terceiro mundo. Ou seja, estamos vivendo um detalhe de um fenômeno de escala mundial.
No caso brasileiro não vejo a Direita ideológica tão organizada assim. Ela pegou a canoa do golpe neoliberal, deu cores ideológicas ao combate ao PT; a grande economia a usa, mas também não morre de amores por ela, pela insegurança inerente a essa gente e pela péssima imagem que os fascistas sempre plantaram pelo mundo.
Apesar da rasteira dada na Constituição, não se pode afirmar que o golpe signifique um rompimento com a Democracia política, essa não é sua essência. Repetindo, é um golpe fundamentado em uma lógica estratégico- econômica que mira a internacionalização da economia sob a liderança dos EUA, a redução do estado e de seu papel na economia, o controle dos gastos sociais e a demonização do desenvolvimentismo social-progressista.
Aliás, a Dilma em seus discursos últimos poderia e deveria estar fazendo essa denúncia com maior ênfase e evidência. Essa é a verdade realmente politizadora e que deveria estar no centro dos esforços de reorganização das forças progressistas. A anteposição ao neoliberalismo.
Um outro aspecto importantíssimo a se considerar foi o enorme erro que representou a estratégia de poder adotada pelo PT, o famoso presidencialismo de coalizão, como sua única base de sustentação política para a governabilidade. Deu certo nos tempos de vacas gordas, com todos os aliados enchendo o rabo de dinheiro público. Nos primeiros sinais da crise econômica, com a redução das oportunidades, essa aliança começou a fazer água e esses aliados mostraram ao fim que o único compromisso que tinham era com seus próprios interesses individuais e de grupos. Essa dura lição deve ser corajosamente aprendida pela Esquerda e todos os democratas progressistas, renegar na origem qualquer caminho que dependa de alianças com bandidos. A sociedade politizada, agindo através dos movimentos sociais, deverá ser entendida como o maior fator real de sustentação da governabilidade de governos de Esquerda e Centro Esquerda. Fora disso, não há como não escapar à podridão ética.
Abs
Álvaro

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