Postado em 20 Apr 2016
Uma das maiores demonstrações da miséria moral do golpe e dos golpistas está num ex-ministro de Dilma, Thomas Traumann.
Thomas se bandeou em plena batalha.
Uma foto em que ele é flagrado se esgueirando por Brasília ao lado de Michel Temer é uma das melhores imagens do caráter traiçoeiro dos usurpadores.
Conheci Thomas quando dirigi a Editora Globo. Ele era chefe da sucursal do Rio da revista Época.
Dadas suas limitações, que lhe custaram o cargo na Época, estranhei quando Dilma o nomeou para um cargo tão importante quanto o comando da Secretaria das Comunicações, a Secom.
A Secom controla as bilionárias verbas publicitárias do governo. Um dos mais espetaculares erros do PT no poder residiu exatamente na Secom: os governos petistas não a moralizaram. Continuaram a financiar, numa ação suicida, as empresas de jornalismo que se dedicaram abertamente a sabotar a democracia.
Apenas para a Globo, que comanda o golpe, o PT continuou a passar 500 milhões de reais por ano em propaganda.
Repetidas vezes o DCM apontou esta aberração. Não apenas por razões de inteligência: ninguém é obrigado a financiar quem pretenda assassiná-lo.
Mas, sobretudo, por razões técnicas. As mídias tradicionais já decaíam velozmente por conta da internet e mesmo assim o governo continuou a abarrotá-las de dinheiro público como se ela, a internet, não existisse.
No momento em que o mercado anunciante em geral já destinava cerca de 20% de seu orçamento ao mundo digital, porcentual que só cresce, as grandes estatais do governo ficavam em menos de 1%.
Não foi um monumental disparate apenas do ponto de vista gerencial. Fora isso, você estava anunciando para um público – o das grandes corporações jornalísticas – que abomina qualquer coisa vinculada às estatais sob o PT.
Numa entrevista que concedeu no último domingo ao DCM em Brasília, uma figura de relevo da administração petista, Gilberto de Carvalho, lamentou pungentemente o equívoco suicida do PT na gestão das verbas publicitárias.
Num mundo menos imperfeito, as verbas publicitárias do governo seriam limitadas a serviços de interesse público.
Defendemos, mais de uma vez, que elas fossem reduzidas drasticamente com uma ferramenta executiva chamada orçamento base zero. Você, com ela, pára de alimentar gastos inercialmente a cada orçamento e define suas despesas a partir do zero.
As melhores companhias do mundo fazem isso.
Em seu curto tempo na Secom, Traumann não fez rigorosamente nada do que deveria fazer para melhorar um departamento tão vital do governo.
Sob ele, as grandes corporações continuaram a se abarrotar de recursos públicos.
Ele sequer encaminhou discussões. Conhecend0-o como conheço, afirmo que ele sequer sabia os problemas que tinha, quanto menos as soluções.
Como Thomas chegou à Secom é, também, um indicativo da inépcia de Dilma em escolher pessoas brilhantes, ou ao menos competentes.
Me dizem que foi Franklin Martins quem o sugeriu. Como tenho Franklin na conta de um homem talentoso, não consigo acreditar.
Já que Thomas agora milita no golpe, você pode deduzir que também os golpistas são ruins em montar equipes.
É um alento para os que lutam contra o golpe.
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