terça-feira, 3 de setembro de 2024

Marçal tem 5% dos votos entre eleitores de Lula, que chama de idiotas, FSP

 

São Paulo

Pablo Marçal (PRTB) tem 5% de intenções de voto entre eleitores que votaram no presidente Lula (PT) em 2022 e foram chamados de idiotas nesta segunda-feira (2) pelo influenciador e candidato a prefeito de São Paulo.

O dado é de pesquisa Datafolha feita nos dias 20 e 21 de agosto.

O índice não variou desde o levantamento anterior, de duas semanas antes, em contraste com outros grupos que ajudaram Marçal a crescer. No resultado geral, o candidato do PRTB subiu sete pontos percentuais, atingiu 21% e empatou tecnicamente com os rivais Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB), com 23% e 19%, respectivamente.

Pablo Marçal está sentado em um sofá em um estúdio de televisão, vestindo um blazer escuro e uma camiseta. Ele está fazendo um gesto com a mão. Ao fundo, uma mulher está em pé, aparentemente apresentando algo, com um cenário moderno e uma tela visível.
O candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura - Nadja Kouchi/TV Cultura

A intenção de votos do autodenominado ex-coach entre os que votaram em Lula é levemente superior, por exemplo, aos 3% que Boulos acumula entre eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) —ainda que dentro da margem de erro de cinco pontos percentuais para esses grupos.

Marçal foi questionado no programa Roda Viva, da TV Cultura, sobre uma fala sua ao podcast Flow de que, "no processo eleitoral, você tem que ser um idiota" porque "infelizmente, a nossa mentalidade gosta disso".

Ele foi perguntado se fingir ser algo que não é para conseguir votos não seria a mesma tática de políticos tradicionais que ele critica. Citou, então, os processos e a condenação na Operação Lava Jato do atual presidente e falou: "quem votou no Lula deve ser idiota, só pode".

"Porque tudo o que foi feito, roubo daquele, mais de R$ 1 trilhão, mais de dez processos, nove anos de condenação, três instâncias, 580 dias de cadeia. Ele agora com dois anos [de mandato], não vejo ninguém falando do rombo de R$ 1 trilhão fiscal, colocou dez novos impostos, só pode ser idiota para votar na pessoa de novo."

Lula chegou a ser condenado pelo então juiz Sergio Moro e por tribunais superiores na Lava Jato, mas os processos foram anulados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) por duas justificativas técnicas: a de que Moro agiu com parcialidade para punir o líder petista e a de que as causas deveriam ter tramitado no Distrito Federal, não no Paraná.

O déficit fiscal nominal que Marçal menciona, no momento de R$ 1,07 trilhão, representa todo o setor público, incluindo estatais, estados e municípios. Já o déficit primário, que aponta de forma mais direta o saldo entre receitas e despesas federais, está em R$ 258 bilhões no acumulado de 12 meses.

Ao se opor a Lula, o influenciador cresceu significativamente entre eleitores Bolsonaro, de acordo com os últimos dois levantamentos do Datafolha. Ele saltou de 29% para 44% e ultrapassou Nunes, que oscilou de 38% para 30%, passando a liderar com folga as intenções de voto desse grupo.

Já entre os eleitores do atual presidente, quem continua dominando é Boulos, seu apadrinhado político, que tem 44% nesse segmento. Atrás dele, estão Nunes, com 14%, e depois o apresentador José Luiz Datena (PSDB) e a deputada federal Tabata Amaral (PSB), com 10% cada um.

Outros grupos que ajudaram o influenciador a disparar foram evangélicos, brancos e pardos, além da faixa de 35 a 59 anos de idade, pessoas que completaram o ensino médio ou superior, e quem tem renda familiar de dois a cinco salários mínimos (cerca de R$ 2.800 a R$ 7.000).

Kassab vai a Lula, reafirma candidatura do PSD e frustra plano de petista para sucessão na Câmara, FSP

 Julia Chaib

Brasília

O presidente do PSD, Gilberto Kassab, esteve com Lula (PT) nesta terça-feira (3) e disse ao petista que não abre mão da candidatura do deputado Antonio Brito (PSD) ao comando da Câmara neste momento.

Kassab repetiu a Lula o que havia dito na semana anterior ao presidente do Republicanos, Marcos Pereira, que também é candidato à sucessão de Arthur Lira (PP).

Com isso, o dirigente do PSD frustra Lula e aliados, que acreditam ser mais fácil construir uma candidatura de consenso em torno de Pereira.

Gilberto Kassab, secretário estadual de Governo e presidente do PSD, durante evento organizado pelo Esfera Brasil
Gilberto Kassab, secretário estadual de Governo e presidente do PSD, durante evento organizado pelo Esfera Brasil - Bruno Santos-22.abr.2024/Folhapress

Segundo relatos de duas pessoas próximas de Lira e uma de Lula, Kassab deixou em aberto a possibilidade de abrir mão do candidato para unificar em torno de uma candidatura mais adiante.

Essa hipótese animou petistas, que ainda trabalham por um nome de consenso.

eleição para a presidência da Câmara ocorre em fevereiro de 2025, e Lira não pode se reeleger. Hoje, são candidatos, além de Brito e Pereira, os líderes Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL).

A conversa de Kassab com Lula ocorreu num contexto em que petistas avaliam que a melhor costura para a sucessão na Câmara é em torno de Pereira.

Isso porque Antonio Brito é muito identificado com o governo e enfrenta resistências entre os pares por ser ligado ao Kassab. Por outro lado, Elmar é o nome de preferência de Lira e também enfrenta obstáculos pela falta de apoio entre deputados do chamado "baixo clero", de menor expressão.

A leitura feita por uma parte de aliados de Lira e também de integrantes do Planalto é que Pereira é um meio-termo mais fácil de unir a Câmara. Na prática, o plano tem falhado. O próprio Pereira buscou Kassab e Brito nos últimos dias e ambos se negaram a retirar a candidatura do PSD —eles deixaram aberto a possibilidade de fazer isso num momento posterior.

De acordo com uma pessoa que acompanha as negociações, o próprio governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), conversou com Kassab na tentativa de reverter a candidatura do PSD. Kassab é secretário de Governo de São Paulo.

Lira e até mesmo aliados de Lula já cogitaram a possibilidade de apoiar Hugo Motta (Republicanos-PB) como candidato pela facilidade de angariar votos. Mas para isso é necessário convencer Pereira a desistir da disputa, o que ele se recusa a fazer.

Parlamentares contrários à candidatura de Elmar fizeram um esforço para tentar reunir consenso em torno de um nome para fazer frente ao líder da União Brasil. Segundo a Folha apurou, Lira indicou a Marcos Pereira que pode apoiá-lo caso ele consiga o apoio dos outros dois candidatos —já que os três integram o mesmo bloco partidário na Câmara.