quarta-feira, 4 de maio de 2022

Anvisa é pressionada por indústria do cigarro, que lucra milhões com viciados, FSP

  Fumamos menos do que os americanos e do que em todos os países da Europa, resultado inimaginável no passado, obtido numa população bem menos letrada do que a europeia e a americana.

Com muito esforço conseguimos destruir a imagem fake do cigarro que a publicidade construiu durante décadas, com recursos imorais. Ele deixou de estar associado ao sucesso de homens maduros, a caubóis indômitos, aos esportes radicais e às mulheres lindas e livres, para ficar reduzido ao que realmente é: um vício chinfrim, que dá mau hálito, mau cheiro no corpo, acessos de tosse com expectoração acinzentada, além de deixar a pele envelhecida e o rosto com aparência doentia.

Sempre atenta à queda nas vendas, a indústria foi atrás dos dispositivos eletrônicos para administração de nicotina, droga que fez a fortuna das grandes companhias. O pretexto era o da redução de danos: seria melhor fumar a nicotina "limpa" retirada das folhas do fumo, sem o alcatrão e demais impurezas do amaldiçoado cigarro.

Passaram, então, a defender os eletrônicos como tratamento para os que pretendem se livrar do fumo. Que gente generosa, não? Propõem disponibilizar um dispositivo para curar da doença provocada por outro, fabricado por eles mesmos.

A verdade é que a tal redução de danos nunca foi comprovada no caso dos eletrônicos. Há pouquíssimos estudos publicados; os existentes são de baixa consistência e contêm erros metodológicos graves. Da mesma forma, dizer que não fazem mal é negar as evidências científicas em contrário.

No outro lado da moeda, reside o vil interesse da indústria: a legião de crianças e adolescentes da geração que não fumaria cigarros comuns, mas que adere aos eletrônicos por julgá-los seguros. Para os fabricantes tanto faz qual dos dois o usuário prefere, desde que fique dependente de nicotina pelo resto da vida. É às custas da dependência química dos nossos filhos e netos que essa gente faz dinheiro.

Neste momento, a Anvisa sofre o impacto do lobby milionário da indústria tabaqueira para liberar a comercialização dos eletrônicos. O parecer do corpo técnico da agência é contrário. Sugere a implementação de campanhas educativas para conscientizar crianças e adolescentes sobre os riscos dos eletrônicos, entre outras medidas preventivas.

Seria um ato inconsequente da nossa Anvisa a liberação dos eletrônicos, sem levar em conta o incentivo para criar uma multidão de crianças e jovens fissurados por nicotina. Vamos andar para trás também nessa área?

Fed sobe juros em 0,5 ponto, maior alta desde 2000, FSP

 Howard Schneider

ANN SAPHIR | REUTERS

O banco central dos Estados Unidos elevou, nesta quarta-feira (4), sua taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, o maior aumento em 22 anos, e disse que começará a reduzir sua carteira de títulos no próximo mês como mais um passo na batalha para reduzir a inflação.

O Federal Reserve estabeleceu a meta de sua taxa básica para um intervalo entre 0,75% e 1% em uma decisão unânime, com a probabilidade de mais aumentos nos custos de empréstimos de magnitude talvez semelhante à frente.

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Apesar da queda no PIB (Produto Interno Bruto) nos primeiros três meses do ano, "os gastos das famílias e o investimento fixo das empresas continuam fortes. Os ganhos de emprego têm sido robustos", disse o Comitê Federal de Mercado Aberto em comunicado ao final de dois dias de reunião de política monetária em Washington.

A inflação "continua elevada" conforme a Guerra da Ucrânia e novos lockdowns contra o coronavírus na China ameaçando manter a pressão elevada.

"O Comitê está altamente atento aos riscos de inflação", completou.

O comunicado disse que o balanço do Fed, que saltou para cerca de US$ 9 trilhões (R$ 45,1 trilhões) conforme o banco central tentava proteger a economia da pandemia de Covid-19, poderá cair em US$ 47,5 bilhões (R$ 238,2 bilhões) por mês em junho, julho e agosto, e a redução avançará para até US$ 95 bilhões (R$ 476,5) por mês em setembro.

As autoridades do Fed não divulgaram novas projeções econômicas após a reunião desta semana, mas os dados desde o último encontro, em março, deram poucos sinais de que a inflação, o crescimento salarial ou um ritmo rápido de contratações começaram a desacelerar.