terça-feira, 21 de maio de 2019

Prisões e crimes, Opinião FSP



São Paulo conheceu no último quarto de século aumento vertiginoso de sua população carcerária. No período, o número de detentos do estado mais que quadruplicou, saltando de 55 mil para 235 mil.
Tal número corresponde a praticamente um terço de todos os encarcerados do país —727 mil, segundo o dado mais recente— e a uma taxa de aprisionamento de 530 detentos por grupo de 100 mil habitantes, acima da média nacional de 350 por 100 mil. 
A evolução quantitativa dos presidiários se deu em ritmo muito mais acelerado do que o da população paulista —é digno de nota e estudo, entretanto, que a taxa tenha ficado próxima da estabilidade nos últimos cinco anos.
A alta também foi mais célere que a construção de presídios, acirrando o problema da superlotação. Nos últimos 25 anos, o número de unidades prisionais se elevou de 43 para as atuais 173 unidades. Já o déficit do sistema passou de 8.041 para 89,2 mil vagas.
Afora breves passagens em que vices se instalaram no Bandeirantes, São Paulo esteve nesse período sob o comando do PSDB, partido do atual governador, João Doria.
Para Geraldo Alckmin, eleito por três vezes para o posto, o crescimento da população carcerária está relacionado à redução da criminalidade paulista. Trata-se de uma afirmação controversa.
Se o número de homicídios teve expressiva queda nesses 25 anos, um mérito das administrações tucanas, também é fato que o mesmo não se verificou nos crimes contra o patrimônio. Os roubos, por exemplo, mantêm-se em nível similar ao de duas décadas atrás.
Constata-se ainda que os presídios abrigam uma massa de encarcerados de baixa periculosidade. Dados do Instituto Sou da Paz mostram que metade das ocorrências policiais de tráfico de maconha no estado envolvem pessoas que portavam no máximo 40 gramas da erva —o que no Uruguai, por exemplo, as classificaria como usuárias.
Essa política tem como resultado apinhar os cárceres de dependentes e pequenos traficantes. Lá, convivendo com facínoras e em condições muitas vezes degradantes, eles se tornam presas fáceis de organizações criminosas como o famigerado Primeiro Comando da Capital (PCC), gestado dentro do sistema prisional de São Paulo.

Saiba quem foi Trótski, líder comunista comparado a Olavo de Carvalho, FSP

Ex-comandante do Exército chamou escritor de versão de direita do revolucionário

Igor Gielow
SÃO PAULO
Trazido ao centro da crise retórica entre o escritor Olavo de Carvalho e os militares, Leon Trótski foi um dos mais radicais líderes da revolução comunista de 1917 que deu origem à União Soviética em 1922.
O líder revolucionário soviético Leon Trótski (1879-1940)
O líder revolucionário soviético Leon Trótski (1879-1940) - Arquivo/France Presse
A associação feita pelo general da reserva não é muito clara, mas é possível supor que ele se referia à fama de incendiário de Lev Davidovitch Bronstein, um judeu ucraniano nascido em 1879 e envolvido com as agitações socialistas da virada do século 19 para o 20.
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Familiarizou-se com a obra de Karl Marx e Friedrich Engels e, com 18 anos, era líder de um sindicato no sul do Império Russo. Foi preso e exilado duas vezes, adotando o que dizia ser o nome de um de seus carcereiros durante uma fuga. Associou-se aos mencheviques, a facção principal da esquerda russa que ajudou a derrubar o czarismo em fevereiro de 1917, mas naquele ano já havia se bandeado para a ala bolchevique liderada por Vladimir Lênin.
Os bolcheviques tomaram o poder da coalizão liderada por liberais e socialistas moderados no fim daquele ano, e Trótski ocupou-se de liderar a formação do Exército Vermelho —que passou os próximos cinco anos combatendo os rivais, ditos "brancos", e consolidando territorialmente a União Soviética.
Com a morte de Lênin em 1924, o até então herdeiro presumido do império comunista Trótski se viu preterido na disputa interna de poder com Josef Stálin.
Grosso modo, Trótski defendia que a revolução fosse permanente e internacionalizada, enquanto o rival buscava estruturar o poder interno nas antigas fronteiras do império da família real Románov. Em 1927, foi expulso do Partido Comunista e da União Soviética.
Stálin governou com mão de ferro até sua morte, em 1953. Em 1940, enviou um agente para assassinar o rival na Cidade do México, onde Trótski vivia exilado. O líder comunista morreu com um golpe de picareta na cabeça.
Sua fama e influência prosseguiram, como atestam os diversos grupos trotskistas que emergiram durante a ditadura militar brasileira nos anos 1970 e depois abrigaram-se no PT e em siglas mais à esquerda. A natureza cruel e implacável do líder comunista, comparável à do ditador Stálin, sempre foi abrandada nesses círculos, deixando mais em evidência um suposto charme revolucionário.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Janaina Paschoal sinaliza saída do PSL e diz que deputados 'estão cegos', OESP

A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP), conhecida por ter sido uma das autoras do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, publicou uma série de mensagens no Twitter na qual afirma ser contra as manifestações que estão sendo convocadas para apoiar o presidente Jair Bolsonaro no dia 26 de maio. Para ela, se as ruas estiverem vazias, Bolsonaro perceberá que terá de parar de “fazer drama” para trabalhar.
“Pelo amor de Deus, parem as convocações! Essas pessoas precisam de um choque de realidade. Não tem sentido quem está com o poder convocar manifestações! Raciocinem! Eu só peço o básico! Reflitam!”, escreveu. “Àqueles que amam o Brasil, eu rogo: não se permitam usar! Não me calei diante dos crimes da esquerda, não me calarei diante da irresponsabilidade da direita”, afirma também.
Janaina conta na rede social que tem recebido muitos pedidos para gravar vídeos e áudios colaborando com as convocações. Por isso, decidiu se posicionar no Twitter para explicar por que não vai ajudar. “O presidente foi eleito para governar nas regras democráticas, nos termos da Constituição Federal. Propositalmente, ele está confundindo discussões democráticas com toma-lá-dá-cá”, escreve.
A parlamentar diz também que não tem cabimento deputados eleitos legitimamente (aliados de Bolsonaro) fugirem das dificuldades de convencer os colegas (pela aprovação de medidas no Congresso) e ficarem instigando o povo a gerar o caos.
“Estão causando um terrorismo onde não há! As pessoas estão apavoradas, escrevendo que nosso presidente está correndo risco. Ele não é amado pela esquerda, pelos formadores de opinião? É verdade”, ela afirma. “Mas quem o está colocando em risco é ele, os filhos dele e alguns assessores que o cercam. Acordem! Dia 26, se as ruas estiverem vazias, Bolsonaro perceberá que terá que parar de fazer drama para trabalhar”, acrescenta.
Janaina defende que os adversários do governo sejam enfrentados com argumentos. “Há tempos, não temos um Ministério tão bom! Profissionais de ponta, nas pastas adequadas, orientados por boa teoria, bons valores, com experiência prática. E o Presidente gerando o caos?”, questiona.
Poucos minutos depois dos tuítes publicados pela deputada, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, escreveu em sua conta no Twitter que não há nada mais democrático do que uma manifestação ordeira que cobre dos representantes a mesma postura de seus representados. “Estaremos de olho para divulgar os resultados e a conduta dos parlamentares nas pautas que interessam ao Brasil”, disse o deputado, em referência à reforma administrativa, à reforma da Previdência e ao pacote anticrime.