quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Falta de água e de respeito, Rogério Gentili, FSP


"O racionamento de cinco dias não pode ser encarado como uma mera fatalidade, decorrente da pouca colaboração do céu. É uma consequência direta da falta de planejamento". O comentário é de Rogério Gentili, jornalista, em artigo no jornal Folha de S.Paulo, 29-01-2015.
Eis o artigo.
São Paulo enfrentará uma situação só imaginável em regiões desérticas, áreas de conflito armado ou carentes de civilização se, de fato, for preciso implantar o tal modelo de racionamento no qual a população ficará sem água durante cinco dias por semana.
Medida tão drástica assim já foi adotada, por exemplo, em Amã, capital na Jordânia, um dos países mais secos do mundo, onde cerca de 92% das terras são desérticas. Amã tem um regime de chuvas baixíssimo, de cerca de 270 milímetros por ano --na região do Cantareira, no árido 2014, houve cerca de 3,5 vezes mais.
Na maior cidade de um país que possui cerca de 12% das reservas de água doce do mundo, ainda que concentrada em sua maior parte na Bacia Amazônica, racionamento de cinco dias não pode ser encarado como uma mera fatalidade, decorrente da pouca colaboração do céu.
É uma consequência direta da falta de planejamento, da incapacidade administrativa e da irresponsabilidade política, problemas, aliás, que não são exclusivos do Estado. Não foi por falta de avisos, como provam dezenas de estudos sobre o consumo exagerado na região metropolitana e a baixa disponibilidade hídrica, que São Paulo chegou aonde chegou --uma cidade onde moradores precisam recorrer a água da sarjeta para garantir a descarga nos banheiros.
A própria divulgação do esquema draconiano de racionamento é um sintoma do despreparo do governo paulista para lidar com questões importantes. Não foi o governador, nem o secretário de Recursos Hídricos, nem o presidente da Sabesp que anunciou publicamente a possibilidade de se adotar a medida.
Foi um funcionário de segundo escalão da empresa que falou sobre o assunto, sem prestar grandes explicações ou informações complementares, durante uma inspeção em uma obra na qual Alckmin fez questão de utilizar um bonezinho da Sabesp.
Além de chuva, São Paulo precisa de bom senso e respeito.

A casa sustentável: o futuro que já chegou (Superinteressante)



 1 de agosto de 2014
casa-sustentavel-header
Aquecimento global e mudanças climáticas são termos que deixaram de fazer parte somente da conversa de cientistas. Hoje estão integrados no nosso dia a dia. Sabemos que para enfrentar a transformação que o planeta vem sofrendo, precisamos nos adaptar e viver de forma diferente.
Para atender esta demanda, pesquisadores da Universidade da California Davis (UC Davis), a fabricante de veículos Honda e uma equipe de arquitetos e engenheiros criou a Honda Smart Home, a casa com emissão de carbono zero.
A construção foi erguida na cidade universitária de Davis, a cerca de 25 quilômetros de Sacramento. Tem 180 m², com três quartos e dois banheiros. No total, o projeto levou dois anos para ser concluído.
A concepção da planta partiu da técnica conhecida como passive design. Ao estudar o movimento da rotação da Terra e, consequentemente, a direção dos raios do sol nas diferentes épocas do ano sobre o terreno onde a casa iria ser construída, os arquitetos projetaram a planta, que utiliza da melhor forma possível a luz solar. Com isso, reduziu-se a necessidade do uso de aquecimento ou ar-condicionado.
quarto-casa-sustentavel-psustentavel
Máximo uso da luz natural para economizar energia
Desta maneira, durante o verão, o telhado da casa bloqueia mais o sol e mantém o ambiente fresco e no inverno possibilita o maior uso de calor natural. “É fundamental otimizar a colocação de janelas, portas e escadas ao projetar um ambiente eficiente energeticamente”, explica Michael Koenig, líder do projeto.
A mesma lógica do ciclo natural - dia versus noite – foi utilizada para a iluminação, que respeita e acompanha o ritmo e o relógio biológico dos moradores. Lâmpadas LEDcinco vezes mais eficientes que as tradicionais, se revezam automaticamente com tons mais quentes nas primeiras horas da manhã, tornando-se mais frias durante a tarde e mudando para um tom mais azulado e calmante à noite, para que os moradores possam relaxar e ter uma boa noite de sono.
casa-sustentavel-psustentavel
Iluminação LED digital muda os tons conforme passam as horas do dia
O telhado de metal – mais durável e reciclável – recebeu uma centena de painéis solares. Toda a madeira utilizada para erguer o “esqueleto” da casa é certificada. No piso, concreto polido, que além de durar mais e ser fácil de limpar, acumula menos poeira e provoca menos alergias respiratórias.
A água da chuva e das tempestades que cai do telhado, escorre através de calhas em pequenas rochas no quintal. À medida que a água penetra na terra, a poluição é naturalmente filtrada pelo solo. Além disso, as plantas escolhidas para o jardim são nativas da região e praticamente não precisam ser regadas. Quando isso se faz necessário, é utilizada água de reuso purificada, proveniente de pias, vasos sanitários e máquina de lavar.
casa-suste
Plantas nativas e água de reuso no jardim
Um dos pontos mais impressionantes do projeto é que através do uso inteligente de recursos naturais - sol, vento e água – a casa produz mais energia do que consome. No subsolo, foram instaladas bombas de energia geotérmica. O sistema de aquecimento e resfriamento distribui esta energia uniformemente através da  circulação de água, feita por uma rede de tubos instalados nos pisos, paredes e tetos.
Na garagem, uma bateria de lítio de 10kWh armazena energia solar para que ela possa ser usada à noite, quando normalmente ocorre o pico da demanda doméstica e veículos elétricos são geralmente recarregados.
tumblr_n5oqw0umQI1scw7gbo2_500
O mais bacana é que projeto sustentável foi feito para ser disseminado. No site da Honda Smart Home é possível fazer download de todas as plantas da casa inteligente e saber mais sobre os materiais empregados. “Nossa intenção é que todas as pessoas conheçam nosso projeto e de alguma maneira possam aplicar alguma coisa em suas casas”, revela Koenig.
Mas o americano ressalta que governos devem estimular aqueles que investem em construções sustentáveis. “Deve haver algum incentivo financeiro, redução nas contas ou ainda, que seja criado um mercado de compra e venda de energia para estes tipos de casas”.
A casa do futuro já existe. Agora precisamos colocar em prática o mercado regulado pela economia verde.
Fotosdivulgação

Represa cheia no Cantareira leva a boato sobre atual nível do sistema


Imagens mostram represa em Mairiporã com bom volume d'água.
Reservatório recebe volume captado de outras três represas.

Do G1 São Paulo
Vídeo publicado na internet mostra represa do Sistema Cantareira cheia em Mairiporã (Foto: Reprodução Youtube)Vídeo publicado na internet mostra represa do Cantareira cheia em Mairiporã (Foto: Reprodução/YouTube)
Um vídeo publicado no YouTube que mostra uma das represas do Cantareira cheia d'água levou à circulação de um boato que questiona os dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). A empresa alerta que as imagens representam apenas uma ponta do sistema, que tem nível de 5,1%.
O vídeo feito por um motorista no dia 22 de janeiro e compartilhado em redes sociais mostra a represa, em Mairiporã, com nível bem próximo às margens. O autor do vídeo questiona: "Para onde será que vai essa água? Tá seco? A represa está cheia!".
Segundo a Sabesp, a represa mostrada no vídeo é a Paiva Castro, a última e a menor do Cantareira. O reservatório tem capacidade de armazenamento de 7 bilhões de litros e fica mais cheia porque recebe o volume captado nos reservatórios Jaguari-Jacareí, Cachoeira e Atibainha, que estão em áreas mais altas.
A empresa negou que o sistema esteja com quantidade normal de água e explicou que o volume que chega na Paiva Castro por gravidade é enviado para a Estação Elevatória Santa Inês. Depois segue para tratamento na Estação de Tratamento de Água (ETA) Guaraú.
De lá, a água é repassada para a represa Águas Claras, que opera como um reservatório de redução de velocidade e para possível contingência, e depois distribuída para 6,2 milhões de pessoas na Grande São Paulo (veja abaixo).
O Sistema Cantareira tem capacidade total de 1,5 trilhão de litros, considerando os 480 bilhões de litros de volume morto. Nesta quarta-feira, operava com 5,1%, já considerando as duas reservas técnicas.
  •  
  •  
Arte - Raio-x do sistema cantareira (Foto: G1)
Represa Paiva Castro, a última do Sistema Cantareira, em agosto de 2014 (Foto: Isabela Leite/G1)Represa Paiva Castro, a última do Sistema Cantareira, em agosto de 2014 (Foto: Isabela Leite/G1)