quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Varejo terá desoneração da folha, anuncia Mantega


Adriana Fernandes, Renata Veríssimo e Eduardo Rodrigues, da Agência Estado
Texto atualizado às 19h30
BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou, nesta quarta-feira, a desoneração da folha de pagamentos do comércio varejista. A mudança entra em vigor em abril de 2013, com renúncia fiscal de R$ 1,27 bilhão em 2013. Já em 2014, a renúncia de arrecadação será de R$ 2,1 bilhões.
No lugar da contribuição sobre a folha, o setor pagará alíquota de 1% sobre o faturamento. Com mais o comércio varejista, sobe para 42 o número de setores beneficiados pelo desoneração da folha de pagamentos.
Segundo Mantega, o grande beneficiário da desoneração da folha de pagamentos do comércio varejista será a inflação. "A inflação vai crescer menos", disse ele.
Ele destacou também que o consumidor será beneficiado com a redução dos preços. "A medida tem que beneficiar o consumidor. Significa redução de custo para o comércio varejista e redução dos preços", disse. Ele destacou que o governo quer que o setor contrate mais trabalhadores e venda mais.
IPI prorrogado
O ministro anunciou ainda a prorrogação das desonerações do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, linha branca e móveis. "Fizemos desonerações temporárias em 2012 e temos resultados muito bons", afirmou.
A partir de janeiro, o desconto para os automóveis vai ser menor. Para carros de até mil cilindradas (cuja alíquota normal é de 7%), a cobrança deixará de ser zero e passará para 2% entre janeiro e março, e para 3,5% de abril até junho. Para os carros com motores flex de mil a 2 mil cilindradas (cujo IPI normal é de 11%), a alíquota passará dos atuais 5,5% para 7% no primeiro trimestre de 2013 e chegará a 9% no trimestre seguinte. Já os automóveis com essa potência movidos a gasolina (cuja cobrança normal é de 13%), passarão de 6,5% para 8% até março e para 10% até junho.
"Em julho, todas essas alíquotas voltam ao seus patamares normais", garantiu Mantega. Já para caminhões, cuja cobrança era de 5%, o IPI continuará zerado por tempo indeterminado. "Essa alíquota permanecerá em zero, porque estamos desonerando um bem de capital", completou.
Segundo Mantega, as medidas deram resultado e o setor automotivo aumentou o emprego durante 2012 e está fazendo investimentos. "As vendas de automóveis estavam deprimidas até junho e se intensificaram a partir da redução de IPI, em julho. As vendas vem se mantendo em um patamar cerca de 30% superior ao do primeiro semestre", acrescentou o ministro.
Linha branca
A desoneração da linha branca com eficiência energética também foi prorrogada. No caso dos fogões (cuja alíquota normal é de 4%), a cobrança deixará de ser zero a partir de fevereiro e será de 2% até junho. O mesmo patamar será aplicado aos tanquinhos, cuja taxa normal é de 10%. Já os refrigeradores e congeladores (cujo IPI normal é de 15%), deixarão de pagar 5% a partir de fevereiro, passando para 7,5% até junho. "Se não tivéssemos feito desoneração, as vendas de linha branca teriam sido de 30% a 40% menores do que foram este ano", disse o ministro.
A desoneração das máquinas de lavar (cujo alíquota normal era de 20%), continuará em 10% por tempo indeterminado. "Essa taxa não volta mais, será permanente em 10%. Trata-se de um objeto de desejo das famílias de renda menor e média e não pode ser mais classificada como um bem de luxo. Metade dos lares brasileiros não possuem máquina de lavar, então existe uma demanda aquecida pelo produto", explicou Mantega.
Por fim, os descontos de IPI para móveis e painéis (cujas alíquotas normais são de 5%), passarão de zero para 2,5% de fevereiro a junho. Os mesmos patamares serão aplicados aos laminados, cujo IPI normal é de 15%. Já para as luminárias (cuja cobrança normal é de 15%), a taxa passará dos atuais 5% para 7,5% entre fevereiro e junho. Já a queda de 20% para 10% no IPI de papéis de parede será permanente.

Confirmada concessão dos aeroportos do Galeão e de Confins


oão Villaverde e Ricardo Brito, da Agência Estado
BRASÍLIA -  O governo anunciou na manhã desta quinta-feira, 20, um pacote de investimentos para os aeroportos. A expectativa é que a concessão dos aeroportos de Galeão, no Rio de Janeiro, e de Confins, em Minas Gerais - confirmada na cerimônia oficial de hoje -, gere um investimento de R$ 11,4 bilhões. Com os recursos, o governo pretende estimular fortemente companhias aéreas regionais, de forma a tornar mais competitivo o mercado nacional. O edital deve ser lançado em agosto do ano que vem e a licitação será realizada no fim do segundo semestre.
"Esse pacote de concessões tem o objetivo de melhorar a qualidade da infraestrutura aeroportuária e ampliar a oferta de transporte aéreo para a população", disse o ministro Wagner Bittencourt, da Secretaria de Aviação Civil (SAC).
O aeroporto do Galeão deve receber investimentos de R$ 6,6 bilhões, e outros R$ 4,8 bilhões serão aplicados no terminal de Confins. O governo vai exigir que os participantes do leilão, no ano que vem, tenham experiência com terminais que movimentam no mínimo 35 milhões de passageiros por ano.   "São pouco mais de 30 operadores de grandes aeroportos no mundo com tal experiência, os leilões serão competitivos", disse Bittencourt. "Não é um corte muito pequeno e inclui todos os que participaram do primeiro leilão", afirmou, confirmando que as controladoras dos três aeroportos concedidos no início do ano - Guarulhos (SP), Viracopos-Campinas (SP) e Brasília (DF) - não poderão concorrer no leilão de Galeão e Confins.
Ele disse que a experiência das concessões já realizadas "foi vitoriosa". "A relação da Infraero com os concessionários que estão nos aeroportos é muito boa, não existe nenhum problema", afirmou.
Aeroportos regionais
Os aeroportos regionais receberão R$ 7,3 bilhões do governo. Haverá ainda uma parceria com o Banco do Brasil (BB) para viabilizar os projetos. "Esse modelo foi formulado para dar mais agilidade a esses investimentos", disse Bittencourt. Para o ministro, todos esses investimentos, públicos e privados, devem ser feitos rapidamente. "Até o fim do ano que vem, queremos que todas as obras estejam a todo o vapor", disse.
Pelo modelo, a Região Norte contará com o maior número de novos aeroportos, 67, nos quais deverão ser investidos R$ 1,7 bilhão. O Nordeste, por sua vez, terá o maior investimento em recursos, da ordem de R$ 2,1 bilhões empregados em 64 aeroportos. A Região Sudeste contará com 65 novos aeroportos regionais, nos quais serão empregados R$ 1,6 bilhão. Em São Paulo, serão construídos, pelo projeto, 19 deles. A Região Sul contará com 43 aeroportos, com investimentos de R$ 1 bilhão, e o Centro-Oeste, a menor quantidade de aeroportos e de recursos: 61 novos locais, com R$ 900 mil em recursos.
O ministro destacou que a preferência é por voos diretos entre os novos aeroportos ou deles para as capitais. "Esse setor é cada vez mais fundamental para a competitividade", afirmou Bittencourt.
O modelo da aviação regional, segundo o ministro, será dividido em aeroportos pequenos, médios e grandes. Ele disse ainda que esse programa de implantação e construção da aviação regional será de responsabilidade do governo federal, o que liberará Estados e municípios para cuidar de outros investimentos correlatos ao setor.

Nova tecnologia amplia perspectivas do etanol brasileiro na Europa


Por trás da novidade está a iniciativa da multinacional Argos, que iniciou a comercialização naquele país do Blue One 95, combustível que substitui o etanol anidro pelo hidratado na mistura de 15% à gasolina (E15).

Segundo o consultor em Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc, a Argos amplia o mercado para a gasolina com mistura de 15% de etanol hidratado, que outra empresa holandesa, a HE Blends, de forma pioneira, inaugurou há cerca de cinco anos com a marca hE15 biosuper, porém em menor escala.

“Hoje, somente o Brasil, com sua frota de carros flex, e a Suécia, com seus mais de 800 ônibus movidos a etanol, utilizam o produto tipo hidratado em larga escala. Na maioria dos países europeus, e até nos EUA, usa-se o tipo anidro, que é o misturado à gasolina. Ou seja, com esta tecnologia aplicada na Holanda, o produtor brasileiro poderá diversificar o uso do produto hidratado,” analisa o executivo da UNICA.

Um forte atrativo do Blue One 95, que começou a ser vendido no dia 22 do mês passado em 17 postos de combustíveis na Holanda, é o seu preço. De acordo com o gerente de Sustentabilidade de Biocombustíveis da Argos, Onofre Andrade, por apresentar um nível de mistura de uma fonte renovável superior a 10%, o novo produto recebe isenção de impostos na Holanda.

“O Blue One 95 é dois centavos de euro mais barato do que a gasolina EUR 95 vendida aos holandeses. Este é um diferencial importante de mercado, e é bom frisar que este benefício fiscal só é concedido mediante uma análise minuciosa da sustentabilidade do produto, seguindo as determinações da Diretiva Europeia para Promoção de Energias Renováveis (RED, em inglês),” explica Andrade.

Segundo ele, estudos iniciais feitos pela Argos indicam que usando apenas 15% de etanol hidratado misturado ao combustível fóssil, o Blue One 95 reduz em até 7% as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) em comparação com a gasolina EUR95.

“Nossa estratégia é global, queremos levar o Blue One 95 para outros países. Já temos a tecnologia, o mercado, e agora precisamos aumentar nossa carteira de fornecedores. E o Brasil, claro, é um cliente em potencial. Estamos criando demanda com este novo combustível,” afirma o gerente da Argos, que tem escritório em São Paulo.

O executivo acrescenta que a sustentabilidade da produção brasileira de etanol deverá facilitar futuros negócios com a multinacional holandesa. “Sabemos que ambientalmente o etanol de cana é o biocombustível mais completo que existe. E, além disso, conta o fato de mais de 21 empresas atestarem isso por meio da certificação Bonsucro, da qual também fazemos parte, e que é aceita em todo o território europeu,” conclui.
Fonte: Expresso MT
Publicada em: 20/12/2012 08:51:14