Após um início marcado pelo avanço do partido ultradireitista Reunião Nacional (RN), que conquistou 33% dos votos no primeiro turno, as eleições legislativas da França se encerram com a coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP) se tornando, segundo as projeções de boca de urna, o maior bloco parlamentar do país.
No domingo passado, a NFP ficou em segundo lugar, com 28% dos votos, seguida pela aliança centrista do presidente Emmanuel Macron, que marcou apenas 22%, segundo os resultados oficiais. Se o percentual da RN se concretizasse, a sigla poderia ocupar de 230 a 280 das 577 cadeiras da Assembleia Nacional, se aproximando da maioria absoluta de 289.
Além de elevar a tensão política no país, a possível chegada da ultradireita ao poder pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial provocou a oposição a se unir em uma frente para barrar o partido de Marine Le Pen, que obteve um desempenho histórico no primeiro turno, e seus aliados.
Para evitar a vitória da RN, mais de 200 candidatos desistiram de concorrer no segundo turno e anunciaram apoio aos rivais de centro ou de esquerda que estavam mais bem colocados nos resultados finais, em uma manobra conhecida como "frente republicana".
A retirada foi uma estratégia para remodelar as intenções de voto em todo o país contra a ultradireita, já que cerca de 300 distritos eleitorais —ou seja, mais da metade dos 577— terminaram o primeiro turno com três candidatos com votos suficientes para ir ao segundo turno.
Segundo o instituto Ipsos, a NFP ocupará até 192 assentos, seguido pela coalizão Juntos, de Macron, com até 170 cadeiras, e pela antes favorita Reunião Nacional (RN), com até 152 deputados. Antes, esses blocos tinham, respectivamente, 150, 250 e 89 deputados. Com isso, a coalização de esquerda indicará um sucessor para o primeiro-ministro Gabriel Attal, 35.
Contrariando as previsões de analistas políticos e de Macron, que afirmavam que os partidos de esquerda permaneceriam desunidos, um grupo de siglas anunciou a criação da NFP para disputar em conjunto as eleições legislativas convocadas pelo líder francês no dia 9 de junho, após o bom desempenho da RN no pleito para o Parlamento Europeu.
A aliança inclui a França Insubmissa, do ex-candidato a presidência Jean-Luc Mélenchon, o Partido Comunista, o Partido Socialista, e os ecologistas.
Para o presidente, o curto período até as eleições, com o prazo de uma semana para inscrição das candidaturas, impossibilitaria uma frente ampla da esquerda. O nome da aliança remete à Frente Popular dos anos 1930, coalizão de agremiações de esquerda que conseguiu eleger a maioria do Parlamento em oposição ao crescimento do fascismo na França e na Europa como um todo na época.
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