Agenda das 964 audiências e conversas mantidas pelo presidente desmontam a promessa de 'governo para todos'
"Governarei para todos”, disse o presidente na diplomação em 10 de dezembro de 2018, no TSE. “Construirei uma sociedade sem discriminação ou divisão”, repetiu na posse, em 1º de janeiro.
Quem percorrer os 964 compromissos da agenda de Jair Bolsonaro em audiências, almoços e jantares da posse na Presidência até esta sexta-feira (2) embarcará numa viagem lisérgica por cultos evangélicos, jogos de futebol, expoentes da bancada da bala, o cantor Amado Batista e o locutor de rodeios Cuiabano Lima. E empresários, muitos e riquíssimos empresários e seus poderosos grupos de pressão.
Também perceberá para quem Bolsonaro governa. Ele recebeu altos executivos das multinacionais Exxon e Shell, mas nenhum representante dos petroleiros brasileiros contrário à venda dos ativos da Petrobras. Falou várias vezes com ruralistas, mas com nenhum porta-voz legítimo dos sem-terra, quilombolas ou indígenas (fez só uma live com um grupo de índios sem representatividade, levados ao Planalto por ruralistas).
Bolsonaro não manteve audiência com nenhum representante reconhecido da comunidade LGBTQ, mas teve oito encontros com pastores evangélicos. Também participou de um certo Ato de Consagração do Brasil a Jesus Cristo por Meio do Imaculado Coração de Maria.
No Rio, Bolsonaro foi à formatura de paraquedistas do Exército, mas não recebeu em audiência nenhuma organização dos milhares de cariocas das comunidades carentes que sofrem com milícias, narcotraficantes e execuções extrajudiciais. No Planalto, não teve audiência com líderes sem-teto, ambientalistas, cientistas, antropólogos, escritores, professores e cineastas de relevo, embora tenha recebido um grupo identificado como “Youtubers de Direita”.
A agenda comprova que aquele Bolsonaro estadista nunca passou de uma ficção. O verdadeiro Jair, parcial, sectário e divisionista, governa só para um lado do Brasil desde o primeiro dia.
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