Zorro, o herói mascarado, está fazendo cem anos de criação pelo romancista Johnson McCulley, e até hoje não respondemos a perguntas cruciais a seu respeito. Por exemplo, se ninguém pode saber sua identidade secreta —por trás do disfarce há o suave Don Diego de la Vega—, que fim levou a costureira que confeccionou sua máscara, roupa e capa, todas pretas? Na Califórnia espanhola de 1800, não havia butiques de prêt-à-porter. E como ele construiu a teia de túneis secretos levando ao subterrâneo da hacienda de seu pai, Don Alejandro, sem este perceber? E os operários que trabalharam na construção?
Estou brincando, claro. Sempre fui fã de Zorro e, do primeiro filme, "A Marca do Zorro", de 1920, com Douglas Fairbanks, até a série de TV de Walt Disney, com Guy Williams, em 1957-59 (na época, também exibida nos cinemas), vi tudo que se produziu sobre ele, inclusive os seriados dos anos 40, com Clayton Moore e Linda Stirling, da Republic. Hoje todo esse material está em DVD e outras mídias. Mais raros são os gibis dos anos 50, que tive em criança, deixei sumir e, em adulto, gastei uma nota para recuperar.
Zorro é um sucedâneo rural do Pimpinela Escarlate, também um vingador que se esconde sob uma identidade secreta, no caso um nobre inglês, Sir Percy, criação da escritora Emma Orczy em 1905. Mas, de Zorro, nasceram Batman, de Bob Kane, em 1936, e, de certa forma, todos os heróis mascarados.
McCulley criou Zorro em folhetim para uma revista, e era para ele ter ficado por ali. Mas o sucesso do filme de Fairbanks obrigou-o a continuar escrevendo aventuras do personagem —dezenas de outros romances e contos, para livros, quadrinhos, programas de rádio, seriados de TV e mais filmes. Morreu rico, em 1959, aos 75 anos. E nem assim Zorro parou de fazer seu Z na testa dos inimigos.
Capitalismo é isso. Você tem uma ideia e nunca mais precisa ter outra.
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