domingo, 25 de agosto de 2019

Mantenha distância, FSP Elio Gaspari

Mantenha distância

Talvez Jair Bolsonaro não saiba, mas já há superburocratas que preferem não passar na porta do palácio

Em Brasília há dois tipos de superburocratas. Um, mata a mãe para ir à reunião com o presidente. Outro, nascido no governo do general Figueiredo e ressurgido com Dilma Rousseff, ameaça cortar os pulsos para não entrar naquela sala.
Talvez Jair Bolsonaro não saiba, mas já há superburocratas que preferem não passar na porta do palácio.

MOTOSSERRA E ALGEMAS

O Capitão Motosserra e os agrotrogloditas conseguiram colocar o Brasil no epicentro de uma inédita polêmica internacional. Avisos não faltaram e o último veio de ninguém menos que o bilionário da soja Blairo Maggi, ex-senador, ex-governador de Mato Grosso e ex-ministro da Agricultura. Isso aconteceu porque os áulicos do Palácio do Planalto acreditam que ali está o centro do universo.
Feito o estrago, a mesma turma recorre aos truques de sempre: criaram um gabinete de crise e querem chamar o Exército. Se medidas desse tipo funcionassem, o Brasil já teria resolvido boa parte de seus problemas e o Rio seria uma Estocolmo.
A resposta às queimadas é mais simples. Basta botar na cadeia meia dúzia de agrotrogloditas que se aproveitaram da mudança de governo para tocar fogo na mata. Quem conhece a Amazônia sabe que de nada adianta prender peões. Os agrotrogloditas estão em belas moradias nas grandes cidades e passam feriadões em Miami.

40 ANOS DA ANISTIA

Na próxima quarta-feira (28) comemoram-se 40 anos do dia em que a mão esquerda do general João Figueiredo assinou a maior anistia da história do Brasil.
No espaço de uma geração, Figueiredo e sua contribuição para o fim da ditadura foram esquecidos. Para isso contribuiu sua personalidade errática e o gesto pueril de se recusar a passar a faixa a José Sarney, deixando o palácio por uma porta lateral.
A própria anistia, habilmente negociada, ficou embaralhada. O projeto sancionado por Figueiredo não se estendia a presos que se envolveram em crimes de sangue, mas os tribunais militares aos poucos foram soltando todos. 
Em outubro de 1980, passados 14 meses do início da vigência da lei, não havia mais preso político no Brasil.

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