Ramal metroviário, que ligaria Brasilândia ao centro, está com obras paradas desde 2016
SÃO PAULO
O governo João Doria (PSDB) recebeu três propostas formais de empresas internacionais que podem destravar a construção da linha 6-laranja do Metrô, que tem obras paralisadas há quase três anos.
As propostas são de uma empresa norte-americana, de uma europeia e da chinesa CR20, pertencente à gigante CRCC (China Railway Construction Corporation). As empresas estão agora negociando com as empreiteiras que têm o contrato com o governo do estado. A ideia é substituí-las no consórcio.
Cabe ao governo dar sua anuência, atestando a capacidade técnica e financeira dessas empresas.
Entre as atuais empresas do consórcio estão Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC Engenharia, que foram envolvidas no contexto da Lava Jato e perderam crédito para tocar suas obras.
A linha 6 tem apenas 15% dos trabalhos feitos.
O governo negocia a quebra deste contrato há quase um ano e meio. Na terça-feira (13), acaba o prazo para o fim das tratativas e o governo estaria livre para fazer uma nova licitação.
Uma nova concorrência, porém, alongaria ainda mais a espera pela linha, que deverá ligar a Brasilândia (na zona norte) ao centro de São Paulo. O governo teme ainda aumento dos custos de uma nova licitação. Doria chegou a cogitar a retomada das obras por conta própria, às custas do Metrô, o que também não avançou.
A linha 6-laranja já consumiu R$ 1,7 bilhão em obras civis (sendo 41% disso em recursos do governo estadual), além de R$ 984 milhões pagos a título de desapropriações.
As atuais construtoras dizem que o atraso na obra se justifica pela demora do governo em realizar desapropriações e indenizações aos donos dos imóveis que foram demolidos ao longo do traçado da linha.
A esperança do governo do estado é que o consórcio Move São Paulo entre em acordo com uma das empresas internacionais, que assumiria a obra.
Algo semelhante já foi tentado em outubro de 2017, ainda no governo Geraldo Alckmin (PSDB), quando um consórcio de empreiteiras chinesas enviou ao governo do estado uma proposta formal. Meses depois, após analisar a situação da construção, os chineses desistiram da empreitada.
ATRASO
Com 15 km de extensão e 15 estações, a linha 6-laranja foi apelidada de linha das universidades, por ter em seu trajeto sedes de instituições de ensino como PUC, Mackenzie e FAAP. O anúncio da linha foi feito ainda na gestão José Serra (PSDB), em 2008. Na época, a promessa era de que a linha já estaria em operação em 2012.
Na época, moradores de Higienópolis se organizaram para protestar pela presença do metrô. O termo "gente diferenciada" chegou a ser usado para descrever as pessoas que seriam atraídas por uma estação no tradicional bairro paulistano.
A assinatura do contrato de PPP (parceria público privada) só ocorreu em dezembro de 2013, quando a estimativa era de que a linha poderia funcionar parcialmente até 2018.
O contrato foi comemorado por ser a primeira PPP plena do Brasil. Ou seja, o consórcio vencedor não apenas faria a obra, como seria responsável pela operação da linha por 25 anos. A expectativa é de que isso tornaria o projeto mais atrativo à iniciativa privada, além de incentivar o término das obras. O custo total do empreendimento é de R$ 9,6 bilhões, dos quais R$ 8,9 bilhões serão divididos entre governo e o consórcio.
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