Bolsonaro não poupou medidas e declarações controversas em oito meses de governo
"Ou vou ser um presidente banana?", perguntou-se Jair Bolsonaro no curso de uma das muitas polêmicas em que se meteu recentemente. O dilema presidencial é pertinente e merece investigação.
Em seus oito meses de governo, Bolsonaro não poupou o país de medidas nem de declarações controversas. Em várias delas mostrou-se realmente um valentão. Foi o caso dos decretos sobre armas, sobre radares de velocidade, do esvaziamento de conselhos e agências e dos bate-bocas com adversários.
Os traços comuns a essas situações são que elas geram protestos que ficam restritos à mídia e rendem ao mandatário o aplauso entusiasmado de seus partidários. Os prejuízos causados são algo abstratos ou, pelo menos, não imediatamente mensuráveis.
Em outras ocasiões, porém, Bolsonaro revelou-se mais banana. Parou de falar em transferir a embaixada brasileira para Jerusalém e esqueceu o discurso duro que fazia contra a China. Não voltou a insistir na pauta do Escola sem Partido nem na ideia de reduzir a maioridade penal.
Explicações para os recuos presidenciais incluem a grande chance de sofrer um revés no Congresso ou na Justiça e de incorrer em pesadas perdas comerciais, que afetariam grupos que o apoiam.
Um caso mais difícil de classificar é o do Fundo da Amazônia. Aqui, Bolsonaro abriu mão de concretíssimos R$ 300 milhões pelo prazer de falar grosso com a Alemanha e a Noruega.
Minha impressão é que, esgotadas as polêmicas mais fáceis, o presidente vai buscando conflitos com grupos com maior poder de reação. Nos últimos dias, ele vem se indispondo contra as bases da Receita, da PF e do MP. Já surgem sinais de que poderá até desencadear uma campanha internacional de boicote a produtos brasileiros, devido ao descuido com a preservação ambiental. À medida que aumentam as apostas, aumenta também a chance de nosso Hamlet do Ribeira revelar-se um banana.
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