Marcos Nogueira
Hoje, às 15h50, eu vou participar de um debate bem interessante no Food Forum, que acontece no shopping JK Iguatemi. O tema é: “A comida e as redes”. Basicamente, como a substituição das mídias tradicionais pelas redes sociais influiu no mercado da alimentação.
Se você estiver em São Paulo e ler isto mais ou menos cedo apareça. Mas já vou adiantando o que pretendo dizer.
Em primeiro lugar, que a transição para as redes operadas por qualquer zé-mané é um fato irreversível. Precisamos aprender a lidar com isso. As empresas precisam aprender a usar as redes de forma inteligente e ética. Eu, um jornalista da era do papel, estou sambando para aprender a pilotar essas ferramentas.
Segundo, o panorama atual é criticamente ruim. Simplesmente não se pode confiar nas informações postadas por influenciadores do Instagram, do Youtube ou do raio que o parta. Listo abaixo alguns motivos:
- Jornalistas, por mais defeitos que tenham, são treinados para respeitar limites éticos que separam a notícia da publicidade. Alguns não respeitam esses limites, é verdade. Mas os influenciadores, em sua maioria, simplesmente desconhecem a diferença entre conteúdo isento e patrocínio.
- Muitos influenciadores são gente deslumbrada, que ganha a vida em outra atividade e acha sensacional trocar jantares e viagens por posts de três ou quatro linhas. Não existe profissionalismo no ofício.
- Os amadores deslumbrados não têm noção das consequências daquilo que publicam. Muita informação é jogada de forma irresponsável nas redes. Vide a Rawvana, youtuber vegana que vendia planos de dieta e foi flagrada comendo peixe.
- As empresas interessadas se aproveitam da ignorância e da falta de princípios dos influenciadores para fazer publicidade disfarçada –e muito barata. Posts pagos não são identificados como tal. O leitor fica sem saber o que é opinião sincera e o que é anúncio.
- Trabalho barato, como de costume, significa trabalho feito nas coxas.
- Lacração não é sinônimo de credibilidade. O influencer x ou y pode ter o maior carisma do mundo e arrebanhar milhões de seguidores, mas isso não que dizer que ele sabe do que está falando.
- O comércio de curtidas e seguidores é uma praga das redes sociais. As empresas ainda não têm métodos seguros de saber se o influenciador é o sucesso que diz ser.
O irônico disso tudo é que eu fui convidado para o debate justamente por ser um influenciador digital, na opinião dos organizadores do evento. Aconteceu sem querer, juro.
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