ANNE WARTH - O ESTADO DE S.PAULO
04 Julho 2016 | 05h 00 - Atualizado: 04 Julho 2016 | 05h
00
Projeto previa instalação de 44 turbinas para
gerar energia para todo o País; hidrelétrica produzirá 4% da carga nacional
BRASÍLIA - A Hidrelétrica de Santo Antônio colocou em operação
na semana passada a última turbina. A usina, que começou a gerar eletricidade
em 2012, conseguiu acionar a 44.ª turbina um mês antes do previsto em seu
cronograma. A partir de agora, Santo Antônio vai produzir 2,218 mil megawatts
médios, o equivalente a 4% da carga nacional e ao consumo de 40 milhões de
pessoas.
O presidente da concessionária Santo Antônio Energia, Eduardo de
Melo Pinto, considera que a usina atingiu o marco mais importante de sua
história. É o primeiro dos grandes projetos estruturantes de energia a ficar pronto
– Jirau e Belo Monte estão em fase de motorização. “Estamos gerando toda a
energia prevista inicialmente. A sensação é de dever cumprido, embora os
desafios não tenham se exaurido”, afirmou o executivo, em entrevista exclusiva
ao Broadcast, serviço em
tempo real da Agência Estado.
Leiloada em 2007, a usina nas margens do Rio Madeira, em
Rondônia, foi arrematada por um preço final de R$ 78,87 o megawatt hora (MWh),
por um consórcio liderado por Furnas e composto por Odebrecht, Andrade
Gutierrez, Cemig e um fundo de investimentos formado por Banif e Santander –
hoje pertencente à Caixa Econômica.
Com custo de R$ 20 bilhões, a usina de Santo Antônio esteve
próxima de quebrar. Ao longo dos últimos anos, atrasos no processo de
licenciamento ambiental, greves, problemas com o rendimento de suas turbinas e
a seca causaram um prejuízo de R$ 5,6 bilhões para a concessionária, calcula o
presidente da Santo Antônio Energia. A empresa pleiteia o ressarcimento desses
custos à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e na Justiça, onde obteve
liminares para limitar o rombo.
Nove anos depois da licitação, os sócios privados iniciaram
negociações para vender sua participação para companhias chinesas. O governo
também já anunciou a intenção de vender a fatia de empresas do Grupo Eletrobrás
nos empreendimentos organizados em Sociedades de Propósito Específico (SPEs),
caso da Santo Antônio Energia. “Conseguimos uma tarifa muito competitiva no
leilão, mas fatores externos e imprevisíveis prejudicaram a concessionária”, afirmou.
Mesmo com os problemas financeiros e as notícias a respeito da
venda de fatias da concessionária, o executivo nega que a usina tenha se
tornado um mau negócio. “Não acredito que os sócios estejam arrependidos, mas
sim inconformados com algumas dessas situações que nos afetaram”, disse. Ele
ressalta, porém, que a mudança na composição acionária da concessionária não
afetaria a operação do empreendimento. “A usina tem vida própria.”
Região Norte. Após a entrega das 44 turbinas
para o mercado nacional, a usina de Santo Antônio deve iniciar em agosto a
montagem das seis máquinas destinadas exclusivamente aos Estados de Acre e
Rondônia. Elas devem resolver o problema dos blecautes que atingem a região há
anos. Somente no ano passado, foram 15 apagões.
A concessionária construiu 20 quilômetros de linhas de baixa
tensão para conectar essas máquinas diretamente ao sistema regional da
Eletronorte, em uma subestação que fica em Porto Velho, na BR-364. Assim, será
possível formar uma “ilha” para elevar a estabilidade do fornecimento da região
e blindá-la de eventuais quedas de abastecimento pelo linhão do Madeira.
Por estarem no fim da linha de transmissão, Rondônia e Acre são
os primeiros Estados que ficam sem energia e os últimos a terem o abastecimento
restabelecido.
Quando a montagem dessas turbinas for concluída, em novembro, a
usina será responsável por suprir 40% da demanda dos dois Estados.
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