22/05/2016 01h32
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Depois de pouco mais de 13 anos de
governo do PT, o partido que sempre se considerou o paladino dos pobres, o
Brasil conta com 73.327.179 pessoas pobres -o que dá cerca de 36% de sua
população total.
Não sou eu quem o diz, mas o sítio
oficial do Ministério de Desenvolvimento Social de Dilma Rousseff, ao informar
sobre o Cadastro Único para Programas Sociais, que "reúne informações
socioeconômicas das famílias brasileiras de baixa renda -aquelas com renda
mensal de até meio salário mínimo por pessoa".
Famílias de baixa renda é um piedoso
eufemismo para pobres ou, até, para miseráveis, conforme se pode ver quando se
separam os cadastrados por faixa de rendimento: de R$ 0 até R$ 77 -38.919.660
pessoas;
de R$ 77,01 até R$ 154 -14.852.534; de R$ 154,01 até meio salário mínimo -19.554.985.
de R$ 77,01 até R$ 154 -14.852.534; de R$ 154,01 até meio salário mínimo -19.554.985.
O total é um estoque infernal de
miséria e pobreza. Pode até haver mais, porque o cadastro inclui 7,8 milhões de
pessoas que ganham mais que meio salário mínimo. Mas não especifica quanto mais.
O estoque existente em janeiro de
2015, a data mencionada no sítio do ministério, torna suspeita a propaganda
petista segundo a qual 45 milhões de pessoas deixaram a pobreza nos anos
Lula/Dilma.
Se essa informação for verdadeira,
ter-se-ia que o estoque de pobres quando Luiz Inácio Lula da Silva assumiu
seria de quase 120 milhões (os 73 milhões que continuam de baixa renda em 2015
mais os 45 milhões que escaparam da pobreza). Daria, então, cerca de 60% da
população brasileira atual, o que não parece plausível.
Mas o ponto principal nem é esse. O
que assusta nos números oficiais é que, se um partido que tinha como retórica
permanente a defesa dos pobres lega 73 milhões de brasileiros abaixo da linha
da pobreza, o que acontecerá agora que o novo samba de uma nota só é o acerto
das contas públicas?
A austeridade, condição sine qua non
para ajustar as contas, é, pelo menos nos primeiros momentos, inimiga do
crescimento, que, por sua vez, é indispensável (mas não suficiente) para
reduzir a pobreza.
Basta ver o estrago social
provocado, em vários países da Europa, por políticas semelhantes às que se
anunciam no Brasil de Michel Temer.
É verdade que os crentes nas
virtudes celestiais dessas políticas dizem, sempre, que haverá um pote de ouro
no fim do arco íris. Não é bem o que está acontecendo na Europa, mas só resta
aguardar.
Por enquanto, dá para desconfiar que
tende a se perpetuar a incapacidade de o Brasil livrar-se do aleijão da
pobreza. Frei Betto, amigo e confessor de Lula, desiludido com o governo do
amigo, deu entrevista ao "Valor Econômico" em que aponta o que
ocorreu nos governos petistas:
"Investiu-se mais em facilitar
à população acesso aos bens pessoais (celular, computador, carro, linha
branca), quando se deveria priorizar o acesso aos bens sociais (educação,
saúde, moradia, segurança, saneamento etc)".
Dá para acreditar que o novo governo
investirá em acesso da maioria aos bens sociais, tão reclamados nas
manifestações de junho de 2013?
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