18/07/2016 - Estadão
No fim do primeiro mandato da presidente afastada Dilma Rousseff, de cada R$ 100 investidos em infraestrutura, R$ 83 saíram dos bancos públicos, revela estudo inédito da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que será divulgado hoje. BNDES, Caixa e Tesouro Nacional garantiram juntos R$ 137,9 bilhões dos R$ 166,2 bilhões desembolsos para transportes, energia elétrica, telecomunicações e saneamento em 2014. Sozinho, o banco de fomento foi responsável por quase metade dos empréstimos.
“A situação econômica atual e o realismo desse novo governo do presidente Temer vai impedir que isso se repita. Mas temos um legado pesadíssimo que vamos pagar nas próximas décadas”, afirma Cláudio Frischtak, presidente da Inter.B e um dos coautores do estudo. Segundo ele, essa dependência quase absoluta pelos financiamentos com dinheiro público gerou uma série de distorções nos projetos.
“É como se o governo tivesse dado uma festa para alguns poucos, que tomaram um porre, e todos nós teremos que pagar a conta nos próximos anos”, compara.
Qualidade. De acordo com o estudo, o Brasil deveria investir entre 4% e 5% do PIB em infraestrutura para se aproximar de países com níveis semelhantes de desenvolvimento.
Atualmente, pouco mais de 2% do PIB são investidos na área. A CNI avalia que, em um curto espaço de tempo, não é possível ao País alcançar uma taxa de investimento em infraestrutura na casa de 5% do PIB – não apenas por restrições macroeconômicas, mas pela ausência de projetos de qualidade.
“O aumento da participação privada no aporte de capitais e na gestão de empreendimentos é imprescindível para que o País reverta o quadro de atraso”, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
Diante da frustração de recursos que deve se manter nos próximos anos, é preciso uma revisão do modelo de financiamento para aumentar a participação das fontes privadas. No entanto, é improvável que instituições como fundos de pensão e seguradoras venham a ampliar de imediato sua exposição a papéis de infraestrutura.
Outras barreiras também dificultam a expansão do financiamento privado no setor, em especial o fato de as obras levarem um longo período para serem concluídas e para gerarem retorno financeiro.
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